capítulo único.

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"And what hurts the most is people can go
From people you know to people you don't."
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A viagem até o Paço dos Lobos parecia durar uma eternidade, ainda que Jacks conhecesse muito bem esse conceito.

E não era o fato dele ser um arcano imortal. Era o fato dele estar desesperado.

Sua despedida com Evangeline não foi nem um pouco calorosa — pelo contrário. Foi horrível. Ainda assim, ele esperava que negar seus sentimentos por ela deixaria muito mais fáceis as coisas que precisavam ser feitas.

Obviamente, não foi isso que aconteceu.

Embora não admitisse nem para si mesmo, no fundo Jacks sabia que a idéia de deixar de vê-la para sempre doeria. Mas o arqueiro não sabia que doeria tanto.

E era por esse motivo que ele estava preso em uma carruagem pedindo a todos os santos e demônios existentes que ele chegasse no castelo à tempo.

Como fora tão idiota ao ponto de deixar Evangeline ir até lá sozinha com Caos? Como não pensara que, no mesmo momento em que o elmo fosse removido do rosto do rosto do arcano, ele estaria faminto para beber o sangue de alguém?

E Evangeline seria a primeira pessoa em que ele pensaria em fazer isso, se Jacks não estivesse lá para impedir.

•••

Depois do que pareceu mil anos, a carruagem o deixou na porta do castelo, que estava sem segurança alguma.

O arcano correu como se sua vida dependesse disso — e talvez alguma parte ínfima e completamente insensata de sua cabeça soubesse que era bem verdade.

Escadas.
Escadas.
Escadas.
Livros.
Livros.
Livros.

E finalmente...
o Arco Valor.

Jacks passou reto, sem dar a mínima atenção a ele. A beleza do arco poderia ser encantadora para alguns, mas uma outra coisa muito importante dependia do arcano agora.

Uma vez do lado de dentro do arco, o príncipe de copas mal reparou na construção. Correu ainda mais depressa, procurando ao menos um vislumbre do cabelo rosa e dourado que denunciaria que ela estava viva.

Então, ele a viu.

Mas não chegou a tempo.

Caos estava agarrado ao pescoço de Evangeline... bebendo o sangue da garota direto de suas veias.

— Castor, NÃO!

Jacks foi para cima dele com uma força que não lembrava que tinha, tomando ela em seus braços.

E a apertou como se as suas mãos fossem a única coisa que a mantinham presa nesse mundo.

Mas ele já podia sentir as forças dela se esvaindo.

— Evangeline... volte para mim... — Pressionando sua testa na dela, Jacks repetiu essas palavras como se fossem um mantra.

Tinha esperança de se apegar a cada milésimo de segundo que ainda podia ter. Mas alguma parte sua já sabia que era tarde demais.

Ele não se lembrara de gritar. Mas o som que soltou naquele momento foi a dor e a agonia em sua forma mais pura. Era o som que poderia fazer montanhas se moverem, o céu e a terra se fundirem em um só e fazer o mundo todo mergulhar em um escuridão tão profunda e desesperadora quanto sua tristeza. Era o próprio desespero excruciante, a angústia e cada lágrima que já fora derramada por um amor perdido.

Se os sentimentos pudessem ter a forma de uma pessoa, a tristeza, a dor, o desespero e a agonia certamente teriam a aparência que o arcano tinha agora. Ajoelhado no chão com ela em seus braços, chorando lágrimas e mais lágrimas vermelhas de sangue, ele era o puro desespero da alma traduzido em expressão corporal.

Jacks point of view | TBONAWhere stories live. Discover now