𝟏𝟓 | 𝐒𝐄 𝐄𝐒𝐂𝐎𝐍𝐃𝐀

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— Te dou uma casa na frente da praia, serve?

Luanna me lança um olhar engraçado de dúvida, com apenas uma das sobrancelhas arqueadas. Tentando me decifrar. Dou risada de sua reação. Pior que nem falei mentira agora. Se eu botar fogo na casa dela, o mínimo que posso fazer é lhe dar outra, né? E tão boa quanto essa. Esse apartamento de Luanna é bom pra caralho. Na área nobre de São Paulo ainda por cima.

— Você costuma iludir todas que você leva pra cama? — ela pergunta com suspeita. — Fica prometendo casa, carro... filhos? — A última palavra tem um tom de desdém descarado que não pude deixar de notar.

Ela deve me achar um babaca de merda.

Venho na casa dela pela primeira vez e começo a falar um monte de coisa que eu gostaria de fazer e ter com ela. Depois sumo por dias e só volto quando quero trepar de novo.

— Já disse que você é a primeira mulher de uma noitada que eu continuo encontrando. Não saio por aí distribuindo promessas.

— Não é o que parece.

— Luanna, se eu destruir sua casa, eu vou te dar outra. Não é o mínimo que eu posso fazer?

— Não estou falando mais disso — ela desvia o assunto com tanta convicção que até me perco no raciocínio. Sua fala é tão surpreendente que me obriga a cruzar os braços enquanto ela continua falando: — estou falando de tudo que você diz.

— Tudo o que?

— Porra — ela olha ao redor antes de se fixar em mim, meio sem jeito, mas se mantendo séria. — Você me disse, quando estávamos na cama — ela faz questão de enfatizar essa última palavra — que encheria minha barriga de filhos.

— E daí?

— E daí? — ela repete a pergunta com escárnio. — Isso não é uma coisa comum a se dizer pra uma... — hesita, pensando na palavra certa — ficante.

— Foi só um comentário.

— Não, não foi. Você 'tá confundindo as coisas.

— Não 'tô confundindo nada, Luanna. Sei que esse rolo — aponto para ela e depois para mim — é só um rolo. Não estou me ajoelhando e te pedindo em casamento.

— Então por que falou aquilo?

Seu olhar se torna intenso demais para que eu possa sustentá-lo. Ela quer a verdade. Mas eu nem sei qual é a verdade para poder dizê-la. Por isso desvio o olhar, olhando para a bancada ao lado enquanto respondo sua pergunta sem qualquer tipo de sinceridade:

— Só achei que duas pessoas bonitas como a gente fariam filhos bonitos. Só isso. Mas pensando bem, eu prefiro evitar pensar sobre. Já pensou o b.o. que iria me gerar?

— Já pensou no b.o. que isso iria me gerar? — ela repete o que eu digo, mas apontando para si mesma. — Eu tenho muito amor a minha vida para desperdiçá-la tendo um filho com um jogador do Flamengo.

— Com o Gabigol — corrijo.

— Mesma coisa — bufa.

— Nossa, parece até que sou um monstro, Luanna. Por acaso não estou te tratando bem? Estou sendo tóxico ou algo do tipo para você ter tanto ranço de mim?

Ela revira os olhos.

— Não tenho ranço de você, seu idiota.

— Não é o que parece.

— Acha mesmo que eu teria ranço de você e deixaria que viesse na minha casa?

Tensiono os ombros.

HOTEL CARO ━ gabigolWhere stories live. Discover now