As horas vão se passando, rápido, até demais e como eu já estava pronto, só fiquei esperando meu celular carregar toda a sua bateria. Quando finalmente ela termina de carregar, o pego e vou para sala esperar meu amigo, porque faltam só alguns minutos para dar o horário. Logo escuto a campainha sendo tocada. Me aproximo da porta e a abro. Sorrio para meu amigo e dou um espaço para ele adentrar.

- Então, cara.... Eu esqueci de te avisar, mas o nico vai estar lá. - ele me fala meio receoso esperando pela minha resposta.

- Ah, nossa, não sabia... Faz tanto tempo que eu não o vejo. - falo

- É, então, como da última vez que se viram não foi tão legal, eu achei melhor te avisar.

- Ah, entendi. Mas tá tranquilo, eu quero ir mesmo assim... Afinal não vai ter só ele lá né? - o questiono

- Ah é, claro vão ter outras pessoas que estão sentindo sua falta. - ele diz todo sorridente.

- Que bom então. - dou um sorriso amigável.

Eu o agradeço por ter avisado sobre o Nico, realmente é uma história complicada.

Nós nos conhecemos a muito tempo, éramos muito amigos, eu tinha uns 8/9 anos quando o conheci, me encantei logo de cara, ele sempre foi muito atencioso comigo, muito amoroso, muito gentil, e óbvio sempre foi muito gato. Nós tínhamos uma amizade linda, fazíamos tudo juntos, éramos como irmãos e é claro, o sentimento começou a florescer com o decorrer do tempo. Até que nos beijamos, ele foi meu primeiro beijo, a minha primeira descoberta.

Eu já tinha certeza da minha sexualidade, sempre foi meio óbvio, nunca cheguei a me questionar ou algo do tipo. Mas mesmo assim, sempre foi muito assustador. É assustador quando se tratava de sexualidade pra mim, porque era óbvio que eu já havia me descoberto, mas eu teria o carinho o amor e principalmente o respeito da minha mãe quando contasse? Eu não tinha resposta pra aquilo, e muitas vezes só pensar nessa possibilidade me dava enjoo e muito, muito medo. Mas, com uma certa idade, você amadurece, e foi nesse momento que contei para minha mãe, me abri pra ela. Ela foi muito compreensiva, amorosa e muito respeitosa e confesso que até me impressionei com as atitudes dela. Minha família no geral sempre me trataram com muito respeito e na verdade, isso foi o essencial para me tornar quem sou hoje.

Quando eu estava na adolescência, eu resolvi me arriscar. Eu e o nico nos beijamos. Foi incrível e assustador ao mesmo tempo, porque depois do ocorrido ele fingiu que eu não existia, ele se recusava a ficar no mesmo ambiente que o meu, começou a zombar de mim (por conta que haviam descoberto minha sexualidade), ou seja, me tratou com indiferença. Ele nunca aceitou que tinha sentimento por meninos, e por muito tempo, eu me senti um lixo porque eu achava que eu era o errado da situação. Quando eu percebi que não fiz nada de errado, simplesmente me afastei e deixei ele sofrer sozinho, eu não estava nem aí para o que ele estava sentindo quando naquele tempo todo ele fez eu me sentir um bosta... Quando ele percebeu que eu não ligava mais para ele foi tarde demais, porque eu me mudei para a Suécia. Ele tentou me procurar algumas vezes, mas eu simplesmente o ignorei. Depois de alguns anos, eu descobri que ele havia se assumido bissexual.

Eu também tive um relacionamento heterosexual, com uma menina, Julie, ela se chamava. E foi horrível, eu gostava muito dela.... Não chegava a ser atração nem nada do tipo, mas a gente se dava bem, eu namorei com ela por meses. Nos primeiros meses foram ótimos, ela me tratava com muito carinho, respeito e eu cheguei a achar que realmente estava fazendo a coisa certa, e que gostar de meninos era um erro mas, tudo mudou de repente. Ela começou a ficar agressiva e muito, muito possessiva. Nessa época eu fazia alguns concursos de dança e música, e ela me cobrava muito. Ela dizia que eu tinha que ser o melhor, se não, não teria relacionamento. Ela também tinha muitos ciúmes de mim, principalmente da minha mãe. Chegou em um certo ponto que ela começou a me bater, ela foi aumentando o nível doentil aos poucos... Começou me diminuindo, depois a aumentar a voz pra mim, e depois começaram as agressões de fato. Depois de cerca de um ano eu contei para minha mãe, nós fomos a delegacia, mas quando se trata de um homem sendo agredido é tudo mais difícil, a justiça, nesse caso, sempre esta a favor da mulher. Demorou um tempo para eu conseguir de fato sair desse relacionamento, mas eu consegui e fui muito desgastante, depois ocorrido, não quis me relacionar mais ninguém, até eu conhecer no edvin.

𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐘𝐎𝐔 - edmarOnde histórias criam vida. Descubra agora