𖤍𖡼↷ 𝐒𝐈𝐗𝐓𝐘 𝐄𝐈𝐆𝐇𝐓

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Acho que voltei a realidade quando Twice e Toga me abraçaram com uma sinceridade que me quebrou. Como se eles tivessem mesmo ficado preocupados por eu ter sido pega pela polícia. Voltei a realidade, me lembrando o motivo de tudo aquilo que tinha acontecido comigo. Mesmo que eu não quisesse, deixei a raiva me consumir enquanto me afastava dos dois e me virava para Ichiro. O grande culpado de todas as minhas dores, meu próprio pai, a pessoa que eu mais odiava no mundo inteiro. Acho que agora eu meio que entendia Toya e a raiva dele por Enji, afinal. As motivações dele. Era meu desejo de prender Ichiro que ainda me motivava.

Ichiro sorriu para mim de forma vitoriosa, como se eu tivesse passado em seu teste ridículo. Estava orgulhoso por constatar que eu não estava do lado dos super heróis, como Ichiro acreditava, mas sim do deles. Ele esticou a mão para tocar meu ombro, mas eu dei um tapa em sua mão, a afastando de mim. A raiva me preencheu por completo, fazendo tudo começar a balançar dentro daquela sala. Toya me lançou um olhar; eu o ignorei.

Não pensei direito nas consequências para minha ações; eu só conseguia lembrar de toda a dor que Ichiro tinha me causado desde o momento que tinha surgido mais uma vez na minha vida. Ele até podia ser meu pai, mas não era nem de perto o pai que eu me lembrava de amar tanto. Ele era um monstro pior do que qualquer um daqueles vilões presentes ali. Ichiro era o motivo pelo qual tudo tinha dado errado na minha vida, e eu jamais o perdoaria por isso. E foi assim que, sem me importar com mais nada e sem forças para pensar no que era certo e no que era errado, ergui minha mão e usei toda a minha força telecinética para o mandar para o outro lado da sala.

Ichiro bateu na parede com tanta força que atravessou ela. Todos ficaram em um profundo silêncio, chocados demais com o que eu tinha acabado de fazer, mas eu não tinha acabado ainda. Dei passos para frente, atravessando o buraco causado por mim e me agachando diante do meu pai caído no chão. Sangue escorria pela cabeça dele enquanto ele usava as palmas das mãos para tentar se erguer, ainda meio zonzo pela pancada. Eu estendi a mão, puxando o cabelo dele com força para que pudesse me olhar nos olhos. Raiva, eu apenas sentia raiva, e isso fez Ichiro dar um sorriso, o sangue dentro de sua boca deixando seus dentes vermelhos.

-Eu quase fui presa por sua causa. - rosnei, cheia de raiva. Ichiro não pareceu sequer se abalar com minhas palavras ou com minha individualidade aos poucos tirando o ar de seus pulmões.

Eu fiz você ficar mais forte. Deveria ser mais grata a mim. Agora você desapegou completamente daqueles pirralhos irritantes. De nada! A voz de Ichiro na minha mente me fazia querer gritar e destruir tudo no meu caminho. Lembrei de Katsuki deixando claro o quanto me odiava e o quanto me queria bem longe de sua vida. Lembrei de como eu tinha machucado Izuku, Kirishima, Ochako e Iida. Lembrei de como tudo aquilo era simplesmente uma grande de uma merda do caralho.

-Eu já sou forte o suficiente sem você. - eu falei, fazendo ele engasgar em busca de ar.

-Chega. - a mão de Dabi se fechou no meu braço, me puxando e fazendo eu me levantar. Eu me virei rapidamente, meus olhos cravando nos olhos turquesa de Toya que me fitavam com seriedade, como se eu estivesse passando totalmente dos limites. -Ichiro fez merda com você, mas já arcou com as consequências disso. Agora, já chega, Atsuko.

-Chega?- eu soltei uma risada cheia de sarcasmo, me livrando das mãos de Toya sobre mim. -Não é você que determina quando acabou. Você não é o líder. E não manda em porra nenhuma.

Eu conseguia sentir a tensão de todos os outros membros assistindo aquela cena e o como eles estavam me julgando naquele momento. Na cabeça deles, deveríamos todos permanecer juntos contra os heróis, mas eu brigar abertamente com Ichiro e Dabi só faria nós nos distanciarmos, colocaria tudo a perder. Mas não existia um "nós" ali. Eles veriam isso tarde demais, e sofreriam com as consequências de achar que aquela porra deturpada era uma família.

Ocean Eyes • BNHA Where stories live. Discover now