Capítulo dois

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— Bem, estou indo! — Ele se despede, desfazendo-se de um pedaço de papel em sua mão, jogando-o em uma lixeira próxima.

— Desculpa, mas você sabe onde fica o terceiro F? — Thomas sorri, concordando com a cabeça.

— Sei sim, somos da mesma sala! Que coincidência... — Ele diz animado, dando-me costas. — Vamos aí! — Passo a segui-lo .

Saímos do banheiro e já estamos no corredor levemente movimentado do colégio. Alguns rostos são bem diferentes para mim, provavelmente o pessoal do primeiro ano. Não me incomodo com os olhares interessados para cima de nós ou para cima de Clayton, não sei se sou atrativo até esse ponto.

— E-estuda aqui de-desde quando? — pergunto, odiando-me por gaguejar. — "Isso não faz mais parte do seu estilo agora" — digo para mim mesmo, mentalmente.

— Desde o fundamental. — Thomas arruma sua franja, enquanto caminha calmamente, eu caminho no mesmo ritmo, quase ao seu lado. — E você, veio de qual colégio? — Ele para, para que fiquemos lado-a-lado, e por uma fração de segundo, eu me encolho um pouco, nervoso pelo seu olhar curioso.

— Não sei se conhece... — em outras palavras, não pensei em nenhuma existente para mentir.

— E qual é...? — indaga novamente, fico mais nervoso para responder uma.

— Hogwarts. — Rio com minha própria piada, Thomas sorri. — Alina, Querido Saber. Não é tão próxima, mas nada tão longe. — minto uma escola qualquer, conhecida por mim. Estou começando a ficar incomodado pelas minhas mentiras.

— Entendi. — Ele aponta com o dedo para que passemos a subir escadas. — Você é rockeiro? — Ouço o questionamento do rapaz.

— Sim. — digo — Sempre gostei bastante do gênero.

— Percebi pela sua camisa, meu pai adora essa banda também. — O pai dele tem extremo bom gosto.

— Entendi... — Não sei mais o que falar ou perguntar, então permaneço silencioso.

Subimos mais um lance de escadas.

— Você saiu da sua antiga escola por quê? — Percebo que o rapaz está puxando conversa comigo, perceptível que está incomodado com o silêncio.

— As coisas só não estavam tão boas por lá. — Minto novamente, esperando que suas perguntas referente ao meu falso passado, finalize por aqui.

— Brigas? — Uma de suas sobrancelhas se arqueia, transmitindo sua dúvida.

— É... Não que eu seja briguento... Mas... É...

Clayton ri.

Chegamos a um corredor, no último andar.

— Sinceramente, se fossem por brigas, eu teria saído dessa escola há muito. — Lembro-me de algumas dele e por quase um erro, comento de uma dele.

— Então você é um garoto de brigas? — Zombo.

— E você não? — Ele ri. Thomas para repentinamente, encostando-se na parede. — Chegamos! — diz, demonstrando certa falta de vontade, como se estivesse cansado.

— Corredor vazio... — digo, olhando para os lados e vendo somente algumas poucas pessoas.

O pessoal as vezes chegava propositalmente atrasado à aula, sempre foi assim, assim como que, na primeira semana de aula, faltavam algumas pessoas.

Eu não havia pensado nas pessoas durante todo este tempo: será que alguma delas irá me reconhecer? E talvez mostrar para Thomas que eu não passo de um mentiroso? Meu coração acelera com a ideia.

Thomas desencosta da parede, levando suas mãos para a barra de sua blusa, levantando-a provavelmente para tirá-la de seu corpo. É nesse instante que sua camisa acaba indo junta, exibindo seu abdômen ligeiramente trincado. Consigo ver, pela sua calça estar um pouco abaixo da cintura a cor de sua cueca: vermelha e preta. Meus interesses ultrapassam apenas o que estou vendo.

— Pode segurar a camisa para mim? — Ele para por um instante, percebendo que a mesma acompanha a retirada do agasalho. Ele percebe que eu estava olhando-o, Thomas apenas franze o cenho.

— Claro. — Dou de ombros. Dou alguns passos e logo vou pegar a barra da sua camisa, a qual é apenas preta, sem estampas. Quando vou tomá-la, meu dedo sem querer encosta em seu abdômen, ao qual é extremamente quente, provavelmente pela blusa. Afasto-o rapidamente, nervoso.

Assim que ele consegue retirar, sinto o seu perfume, antes oculto, já que estava com a blusa por cima. É um cheiro extremamente bom, fresco e levemente ácido.

— Pode soltar... — Ele diz, calmo. Percebo que ainda estou segurando sua camisa e rapidamente, obedeço-o. — Obrigado! — Ele retira rapidamente um pingente de cruz de dentro da camisa, estranho o símbolo por um momento, ficando com o cenho franzido.

— Ah, por nada! — Viro meu olhar para o lado oposto ao qual ele está.

— Você não gosta de cruz? — Sua pergunta não soa acusatória, mas surte um sentimento estranho em mim. Olho para o rapaz, ao qual transparece normalidade. Sua pergunta não faz tanto sentido, por que eu não gostaria de duas linhas cruzadas? Mas pensando melhor na pergunta, percebo o que realmente quer dizer, e sei exatamente o que devo responder.

— Acredito em outra coisa, apenas.

— É satanista, é? — Rio com a pergunta. Não faria sentido também eu acreditar no satã, praticamente eu ainda estaria num estágio, apenas teria trocado de time para torcer ou fazer parte.

— Só por que eu sou rockeiro? — Ele ri também. — Não acredito nessas coisas, gosto do que faça sentido, pelo menos para mim.

— Entendi. Eu só sou cristão, dá para contar no dedo as vezes que fui à igreja, não sou muito fã.

— Entendo. — Pego meu celular no bolso e vejo as horas: faltam poucos minutos para as aulas começarem. Meus olhos deslizam atentos agora às notificações, tenho mensagens de Della, minha amiga virtual, que, por uma oferta do destino mora na cidade vizinha à minha. Ela está comentando das voltas às aulas, curiosa em como está sendo o meu dia.

— E aí, cara? — Ouço ao meu lado, assim como um estralar estridente de mãos. Eles, não sei quem é a outra voz, se cumprimentaram.

Levando meu olhar, remediando responder minha amiga.

— Ah, antes que eu me esqueça de falar, não vai dar para eu ir hoje à festa da Kaylane, então nem passa na minha casa. — Diz um garoto para Thomas. Thomas franze o cenho.

— Tinha uma festa para hoje? — Ele parece surpreso. Provavelmente se lembrando. — Porra, eu não lembrava... Ela tinha mandado mensagem dizendo que os pais ainda estariam fora. Bem, verei se ainda dá para eu ir. — Thomas fica em silêncio, seu amigo, por sua vez, encara-me. — Ah, esse é o Daniel. Daniel, esse é o Róger. — Aproximo-me para cumprimentar o rapaz, ele faz o mesmo. Toco sua mão rapidamente. — Aluno novo, ou pelo menos, ele acha que sim. — Clayton ri com a própria piada, eu sorrio, mas logo estou nervoso pelo olhar de Roger.

Róger franze o cenho, desconfiado de mim. Nunca estudamos juntos também, mas o garoto sempre me viu pelos corredores.

Continua...

De verdade, eu te amo.Donde viven las historias. Descúbrelo ahora