𝟎𝟏 | 𝐂𝐎𝐌𝐄𝐌𝐎𝐑𝐀𝐑 𝐎 𝐐𝐔𝐄̂?

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Tanto momento pro meu irmão me irritar e ele escolheu bem agora que estou me alimentando e prestes a assistir o episódio de House of the Dragon.

— Eu vim te arrastar para uma festa.

— Uma hora da manhã? — pergunto com a testa franzida em desentendimentos. Gustavo só pode estar de brincadeira. — 'Tá maluco? Acha que só porque é casado pode sair dando perdido na sua esposa durante a madrugada?

— Me respeita, Luana.

— Meio difícil com suas atitudes de moleque.

Ele revira os olhos e ri do que eu digo.

— Foi a Sarah que me obrigou a levantar da cama.

— Ela também vai? — pergunto surpresa. Sarah é a mulher mais reservada e caseira desse mundo. Não sai de casa por nada a não ser que seja algo realmente sério. Depois da gravidez então... esquece. Ela nem aparece na rua.

— Bom, não. Está muito enjoada pra pegar um voo.

— Um voo!? — se tinha como eu ficar ainda mais chocada, agora eu estava. — Mas que porra você 'tá pretendendo fazer, Gustavo?

— Já disse, vamos numa festa...

— Que festa louca é essa pra precisar de um voo?

— Calma — ele pede com as mãos erguidas em sinal de pare a fim de me acalmar, mas o maldito sorrinho na cara dele só me deixa ainda mais estressada. Esse menino é doido. Será que ele 'tá chapado? — Deixa eu explicar.

— Você fumou?

— Não — ele ri pelo nariz. — Mas é que assim. O Flamengo acabou de ser campeão da Copa do Brasil. Eu e os caras do time fomos convidados para uma festa. Só que é lá no Rio.

— Por que o Flamengo convidaria os jogadores do Palmeiras pra uma comemoração?

— Nós somos amigos, pô. Apesar dos pesares. E a gente 'tava torcendo pro Flamengo. Afinal quem teria a audácia de torcer pro Corinthians?

— Acredito que os corintianos — informo o óbvio, fazendo Gustavo revirar os olhos. — Essa história não desce pra mim ainda. Você e os flamenguistas juntos. Nem parece que querem se matar quando jogam. Vocês não são rivais?

— Só no campo, pô. Na vida, a gente chega a sair pra beber. Alguns de nós, na verdade.

— Se o Raphael for, nem tente me convencer a ir.

— Ah, Luana — ele faz uma cara triste sem acreditar. — Para de graça.

— Para de graça é o caralho! — bufo, nervosa, mas nem tanto. — Você é louco de achar que vou enfrentar uma viagem pra outro estado ao lado daquele imbecil.

— Você tem que esquecer o passado, Lu.

Esquecer o passado — repito com desdém e uma risadinha. — Ele estava ficando comigo quando decidiu reatar o ex-relacionamento dele.

— Mas ele terminou dias depois.

— Não muda o fato de ter me deixado só para dar mais uma oportunidade pra ex, Gustavo.

— Já faz cinco meses, Lu.

— Eu gostava dele — esclareço. Mas meu irmão já sabia disso. Talvez até saiba que eu ainda gosto do Veiga. O cara me tratou bem, ou eu estava com baixa expectativa e aceitei qualquer bosta. — Não quero ter que encarar aquele filho da puta. Você devia estar do meu lado. É meu irmão.

— Eu estou do seu lado.

— Não parece.

— Ê porra. Estou do seu lado, inferno. E por estar com você, quero que supere o Veiga, velho — ele agarra meus braços, quase que me chacoalhando para acordar pra realidade. — Precisa mostrar que está bem. E precisa saber estar bem quando ele estiver por perto.

— Falar é fácil.

— Finja, então.

— Fingir? Sério?

— É, mano — ele está quase me implorando. — Preciso de uma companheira. Sarah não vai deixar eu ir sem você.

— E ela manda em você agora?

— Claro, né, porra? Ela é minha esposa e está grávida.

— Por que quer tanto ver aqueles flamenguistas? Quer ser zoado a festa toda?

— Não. Só quero curtir com os caras. Paguei uma diária num hotel cinco estrelas de frente pra praia. Você não vai se arrepender, Lu. Por favor. Vem comigo.

Eu odeio esse desgraçado.

Fazendo essa cara de cachorro sem dono é difícil dizer um não. Aliás, minha vida está monótona demais. Fui demitida na empresa de Marketing que eu trabalhava por quase seis anos há dois meses e até agora não arrumei um emprego. Fico o dia inteiro sem ter nada legal de verdade, fazendo aula de canto pra quem sabe aperfeiçoar meu dom, curso de diversas coisas aleatórias e saindo com todos os caras que eu consigo na tentativa fajuta de superar o Raphael. Talvez seja isso que eu esteja precisando. Uma resenha no Rio de Janeiro.

— 'Tá. Vou arrumar minhas malas. Que horas a gente embarca?

— Daqui meia hora!

NOTAS DA AUTORA:
gente, eu realmente estou fanficando demais com o Gabigol. tô doida será?
amanhã é a final da libertadores, tô ansiosa!!!!

HOTEL CARO ━ gabigolWhere stories live. Discover now