Cara, eu odeio minha vida.
Não é possível que eu esteja nessa PRISÃO faltando 4 dias para morrer! QUE ÓDIO!
Olá querido leitor, aconteceu algumas coisas nesse meio tempo, e eu tenho certeza que você está confuso. Relaxem, vou explicar como vim parar nesse manicômio.
Quando meus pais acordaram, não muito depois da mesa estar posta, eles já começaram a suspeitar que eu queria alguma coisa (fala sério, não posso nem fazer um agrado?).
— Não, nem venha com essa Lucas — disse meu pai, logo ao abrir a porta, com um rosto sonolento, mas estressado — Você não vai tentar convencer a gente a não te dar uma bronca, mesmo que tenha feito panquecas tão lindas!
— Quê? Como assim, porque vocês me dariam uma bronca? — Questionei, sem entender nada que estava acontecendo. Minha mãe passava por trás do meu pai, com uma expressão ainda mais furiosa.
— Não se faz de bobo. Seu boletim chegou! Fala sério, 5 em matemática? A prova valia 100!
Eita.
Eu tinha me esquecido totalmente desse maldito boletim escolar. Vamos ser sinceros, que escola no século XXI iria mandar o boletim por caixa de correio? Pois é, a minha manda.
Não sou muito bom com matemática como vocês podem ver, mas dessa vez eu realmente não estudei. Essa prova foi dois dias antes de começar a escrever no diário, então vocês podem imaginar que eu não estava muito focado em quantas bananas o Seu Daniel iria comprar na feira se a promoção fosse de 19%.
— Ehh, ops... — Sussurrei, entendendo a besteira que eu tinha feito. Meus pais eram bem claros comigo no caso escolar:
Posso fazer a festa, matar aula, o que quiser. Só não posso tirar notas muito baixas, já que eles matavam e tiravam notas altas. Pais nerds e descolados, a pior junção de todas.
— Ops nada! A gente deixa você fazer o que quiser e é assim que você retribui?! — Retrucou meu pai, com uma panqueca na boca, que fazia ele falar engraçado.
— Foi mal! Eu estava com outras coisas na cabeça esses dias, não consegui focar muito bem...
— Outras coisas na cabeça? Só se for vento! 5 de 100 Lucas, você errou até seu nome! — Contestou meu pai, ainda falando engraçado.
Admito que "errar até meu nome" foi um pouco engraçado naquela hora, mas resisti o suficiente para não soltar nenhum arzinho diferente.
— Ainda não pensamos em um bom castigo! Mas, quando pensarmos, você tá ferrado! — Disse minha mãe, encarando as panquecas.
Ok, eu entendo. Dessa vez eu tinha feito uma cagada das grandes. Mas, a pior delas, viria a seguir:
Sem pensar, tentando evitar ficar de castigo em casa pelo resto dos meus 4 dias de vida, retruquei.
— Me deixa de castigo de não ir na escola então! Eu tenho um encontro com a Let hoje de manhã, não posso perder... Vai, por favor! — Falei, rápido e ofegante, sem lembrar que eles ainda não tinham pensado no castigo.
Os dois se entreolharam, voltaram os olhos pra mim, para eles de novo, sorriram, e disseram, juntos:
— Tá aí seu castigo! Sem sair com a Letícia hoje de manhã! Se quiser, saia de tarde, mas vai ter que perder seu encontro super importante agora cedo!
E, em seguida, os dois deram um "high-five", gritando "Somos pais malvados! Isso aí!"
Fala sério, olha o quão burro eu fui! Não tem nem defesa! Agora eu entendi o 5 em matemática...
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12 dias até minha morte
RomanceVocê já imaginou saber o dia de sua própria morte? É assim que começa a história de Lucas: um garoto de 16 anos que sempre soube o dia de iria morrer. Com medo do futuro, se isolou. Assim, morreria sozinho, sem afetar muitas pessoas em sua volta. Pe...
Dia 9
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