[23] (re)começo.

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— Hyung, me desculpa por aquela vez que eu disse que só eu fazia algo pra nossa amizade fluir. Ver o quanto você cuida de cada detalhe, me faz querer chorar.

Com os olhinhos encharcados, Kook chegou mais perto e esfregou os narizes, e em seguida, deixou um selar longo e molhado nos lábios alheios.

Jimin arregalou os olhos pela surpresa, antes de cair na real e efechá-los para enfim, se render a aquele selar tão significativo e intenso, ainda que simples. Teve que se afastar quando sentiu Jungkook tentar aprofundar o beijo, colocando timidamente sua língua para fora e abrindo a boca para que Jimin fizesse o mesmo.

O inquilino bufou. Poxa, só mais alguns minutinhos!

— Por que não tá colocando sua língua, hyung? ‐ A naturalidade de sua fala arrancou uma gargalhada do outro.

— Controla essa língua nervosa aí.

— Você não gosta mais de chupar minha língua?

O rosto de Jimin ficou vermelho quase que instantaneamente. Jungkook sempre soltava uma dessas como se não fosse nada, e não se envergonhava ou se arrependia depois, pelo contrário, seus grandes olhos sempre buscavam os de Park, um mínimo biquinho habitava nos lábios alheios esperando por uma resposta, como se a pergunta feita tivesse sido muito séria.

Ele nem se dava conta do que estava perguntando.

— Gosto. Mas você quer fazer isso aqui fora e na presença do seu filho? - Argumentou.

Como se tivesse acabado de cair na real, Jeon afastou -se subitamente, em um ato rápido e afobado. Em seguida, fez um esforço para tapar o único olho de Mike, com medo do filho ver aquela "safadeza" que estava prestes a fazer ‐ isso se Jimin tivesse aceitado chupar sua língua.

Oras, agora Jimin estava lhe ensinando a como cuidar do Mike?

— Vamos fazer isso, depois eu chupo sua língua, pode ser? - Park sorriu grande, fazendo com que seus olhos se tornassem apenas duas linhas retas. O dente tortinho aparecendo, arrancou um sorriso sincero de Jeon.

Aquele sorriso poderia iluminar até as trevas mais escuras.

Lembrou -se da vez que seu hyung usou aquilo como argumento.

"Eu tenho um dente da frente torto, você acha meu sorriso feio por causa disso?"

Ah...

Graças a aquele hyung ‐ e aos outros também -, ele conseguiu aceitar seu sorriso, uma insegurança que adquiriu com o tempo, mas que acabou com o tempo também. Era bom sorrir sem medo, sem ter que cobrir a boca com a mão por conta da vergonha. Ainda que a insegurança batesse na porta quando via alguém com os dentes alinhados e diferente dos seus que eram iguais aos de um coelho, estava lidando com aquilo.

Estava indo bem.

— O Mike vai entender, ele torce pela gente.

— Não confio nele, não. Ele fala mal de mim pelas costas, vai usar isso como argumento por causa do pai dele que não consegue ficar sem chupar minha língua.

— Não fala assim, hyung. Me sinto uma pessoa da mente suja. - Bateu os pés no chão, mas a vermelhidão tomou conta do seu rosto.

— Mas você que começou com essa conversa sobre chupar língua. - Defendeu-se.

— Mas você que chupou minha língua primeiro! - Rebateu. — Não estou querendo que chupe minha língua porque quero. Eu só sou curioso, entendeu? Já que lá no lago você fez isso e foi algo novo pra mim, tenho algumas dúvidas que só serão respondidas na prática, Ji.

Um Inquilino e MeioOnde histórias criam vida. Descubra agora