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Querido (des)Conhecido, 

Te envio essa carta por não saber o que enviar. Talvez bombons e um buquê de rosas lilases seja um grande exagero da minha parte — tentei fazê-lo algumas vezes, mas a ideia de gastar toda a minha mesada em algo que nasceu e foi arrancado, embrulhado e irá morrer lentamente em um pote de vidro e água me parece estupidez. 

Deveria ter te conhecido mais cedo, mas minha memória nada elefantosa nunca me deixou lembrar claramente do seu rosto — que, analisando com cuidado agora, é bonito em partes onde a beleza não é muito analisada. Porque ninguém nunca me disse que a linha entre uma sobrancelha e outra pode ser tão bonita? 

Gosto também da sombra que seus cílios fazem sobre suas bochechas beijadas pelo sol — ou beliscadas por uma avó. As grandes marcas de quem já andou de bicicleta e caiu tantas vezes quanto pôde aguentar sorriem tão cativantes em seus joelhos… 

Sei que você irá rir de cada linha dessas cartas — sim, irei enviar mais. Não se preocupe com isso, também estou rindo. 

Não me entenda errado, não sou uma stalker maníaca. Apenas, me encontre de alguma forma… 

P.S.: sei que você sabe qual o meu endereço, mas enviarei um falso por falta de criatividade. 

Querido (des)Conhecido || Com Amor, (des)Conhecido - Livro 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora