9 - Companheiro Caído

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— Está fazendo o que aqui? Aonde estava? Eles não te capturaram? — Disparou as palavras analisando que ela ainda usava as mesmas roupas do dia anterior e havia um pouco de sangue seco em seu pescoço e roupas.

— Uma pergunta de cada vez, Capitão. Meu raciocínio não é tão rápido quanto meus reflexos — riu fracamente erguendo uma mão para ele, pedindo calma. — Consegui despistar os falsos agentes, recuperei minha vassoura, roubei um carro e segui a van que eles colocaram você, o Sam e a Natasha. Também vi quando fugiram e entraram em uma outra van. Segui vocês, e tchãram. Cá estou eu desde ontem à noite refletindo sobre a vida e pensando se deveria aparecer para dizer 'oi', ou virar as costas e ir para longe de tudo isso — desabafou retomando  o fôlego ao finalizar.

— E por que decidiu ficar? — Pôs as mãos nos bolsos da calça.

— Para onde mais eu iria? — Respondeu sua pergunta com outra.

Riu nasalado, sem humor algum. Ambos estavam ainda bastante cansados, mas Steve pôde se limpar, se alimentar e descansar em uma cama confortável; ao contrário de Daiana que precisou passar horas sem alimento e dormindo encolhida com Alpine dentro do carro pouco espaçoso. O semblante de Steve tornou-se pensativo outra vez como se quisesse dizer falar algo, mas parecia hesitar.

Daiana poderia dizer que ele poderia falar ou perguntar o que quisesse, mas também não queria pressioná-lo a nada. Quando ele se sentisse confortável, falaria. Porém, se havia alguma chance de isso acontecer, foi jogada para longe com a chegada de Sam que durante todo o caminho até eles manteve os olhos indignados presos nela.

— Eu tinha mandado você ficar lá — acusatório, apontou para a mulher.

— Bom dia para você também, Gavião — errou o nome de propósito, pois talvez irritar o Wilson estivesse se tornando sua atividade favorita.

— É Falcão — a corrigiu mal-humorado.

— Que diferença faz? Os dois voam — enrugou a testa e Sam fechou os olhos para respirar fundo e não perder a paciência.

Ele a fez as mesmas perguntas que o amigo, e ela o respondeu da mesma maneira. Sam a fitou seriamente, imitando o gesto de Steve ao esconder as mãos nos bolsos. Os homens não estavam nada satisfeitos com a resistência da mulher à sugestão deles de que ela permanecesse escondida em um local seguro enquanto eles resolviam o problema. Foi uma longa e cansativa discussão, da qual Daiana não estava disposta a perder, até que os homens se deram por vencidos e Sam, nada satisfeito com aquilo por acreditar que a faxineira daria mais trabalho do que acrescentaria a eles, jogou a cabeça para trás e resmungou.

— Vai mesmo entrar nisso com a gente? Porque depois não tem volta — enfatizou.

Daiana suspirou, subindo e descendo seus ombros cansados.

— Eles quase mataram a minha gata — apertou um pouco mais Alpine em seus braços. — Isso é pessoal agora.

Foi uma resposta camuflagem. A verdade, além dessa, é que Daiana não conseguia parar de pensar no maldito Soldado Invernal e na maneira com que ele a olhou. A forma como ele rapidamente afrouxou a mão em seu pescoço e as sensações que ela sentiu pareciam novas, mas ao mesmo tempo tão familiares.

Queria encontrá-lo. Não fazia ideia do que faria a seguir, mas queria encontrá-lo.

Sam assentiu contrariado.

— Ele vai estar lá, vocês sabem — intercalou o olhar entre o amigo e a intrometida.

— E nós vamos estar preparados — Daiana desceu os olhos para a gatinha. — Ou quase todos nós — completou.

𝐃𝐞𝐬𝐞𝐧𝐜𝐨𝐧𝐭𝐫𝐨𝐬 | 𝙱𝚞𝚌𝚔𝚢 𝙱𝚊𝚛𝚗𝚎𝚜Où les histoires vivent. Découvrez maintenant