[9] como um relâmpago ⚡

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Quando estava caminhando pelo gramado do pátio, mas por baixo das marquises para não pegar chuva, observei Caleb sentado sozinho em um dos bancos mais distantes. Parecia irritado ou ansioso. Não parava de balançar a perna e fitava o chão enquanto apoiava seus cotovelos em seus joelhos. 

Minha preocupação falou mais forte e fui até ele com um frio na barriga, afinal, já havia muito tempo que a gente mal trocava uma palavra com o outro. 

— Oi. — eu disse ao me aproximar. 

Caleb se assustou comigo e me apontou um canivete que ele tirou da manga do casaco. Com o susto que eu também levei, dei um passo pra trás. 

— Ah, é você. — ele recolheu a expressão assustada e o canivete. — Isso não era pra você. Ignora. 

Ele estava tão assustado, se sentindo ameaçado. O que estava acontecendo? Tinha alguém perseguindo ele?

— O que houve? — me aproximei de novo. — Tá tudo bem?

— O que quer saber? — me olhou irritado e se levantou. 

— Você tá assustado. O que tá havendo?

— É por causa do meu olho roxo, não é? Escuta aqui, seu intrometido, você não é uma babá pra ficar atrás de mim e tomando conta de mim. Por que você cisma com essa porcaria?

— Eu já disse, eu me preocupo com-

— Eu não sei de onde você tira essas ideias, mas eu não caio nessas suas palavras fingidas. Não acredito em você. Tá na cara que isso tudo é interesse pra se aproximar de mim, de tentar ser um garoto popular como eu também, não é? Só pode! — ele riu levemente. 

— Não. — balancei a cabeça negativamente.

— Quer saber o que foi? Foi uma briga! Só isso! 

Ele ficou me olhando e eu não soube mais o que dizer.

— Vai continuar olhando? — ele prosseguiu. — Já falei, está feliz? Agora me deixa em paz! Vê se me deixa em paz! 

Caleb saiu chutando o chão apressadamente para dentro da escola enquanto o sinal começou a tocar.

— Eu vi tudo. Você não cansa de se humilhar assim, Gael? 

Quando olhei pra trás, era Hans.

— Sabe, você tem razão, chega. — respirei fundo. — Tentei o máximo ajudá-lo e ser legal com ele, mas eu tenho meus limites. 

— Está dizendo que-

— Eu não vou mais falar com ele. Chega. Me recuso. 

Saí andando e Hans, um pouco incrédulo, veio me seguindo.

Algumas semanas se passaram e eu seguia triste por tudo. Triste pelo atentado, pelos colegas e professores que perdemos, pela situação horrível que passamos, pela preocupação com Chrissie e por decidir me afastar de vez de Caleb. 

Eu não ia querer uma relação problemática dessa na minha vida. Mesmo que fossemos amigos não seríamos mais do que isso e eu sofreria mais ainda. 

Mas como o nosso coração é injusto. Eu queria que fosse fácil parar de gostar dele. Que fosse fácil parar de me preocupar e sei lá, conhecer algum outro garoto que pudesse me proporcionar os mesmos sentimentos que Caleb. 

Mais algumas semanas se passaram e ele voltou a interagir normalmente com seus amigos e sua fama tão queridinha continuava intacta apesar da polêmica do hematoma. 

Um belo dia, Hans me puxou pelos braços do nada quando eu havia acabado de chegar no colégio.

— Vem! Eu tenho uma surpresa que você vai adorar! — ele sorria. 

Quando o amor é pra sempre: A história de Gael (Romance Gay)Where stories live. Discover now