Pé esquerdo

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A moça desconhecida o tocou, usando dos dedos finos e gélidos, a confusão de cores rosa e vermelho da bochecha do garotinho. O toque inesperado o assustou, mas, sem perceber, ele se sentiu mais calmo ao olhar para baixo e encarar a garota acordada em seus braços.

Com medo, o garoto não pensou duas vezes antes de despejar todas as suas esperanças ali. No ato bobo de pressionar a mão dela contra sua bochecha, passava ali toda a sua responsabilidade injustiçada, sobre a vida dela e a sua.

— Vai ficar tudo bem. — Uma voz baixa e fraca sussurrou ao vento, apenas para ela escutar, como uma afirmação de que conseguiria arranjar um jeito, aceitando a responsabilidade da vida alheia vinda aquele aperto.

Ela se desprendeu dos braços do garoto com frieza e arrastou seu corpo para ficar de pé, mantendo uma postura impecável. Forçando sua mente perturbada pela dor a funcionar em tempo recorde e na pior situação possível, no último segundo ouviu um estalo imaginário; aliviante, mas triste ao mesmo tempo. Talvez o "alguém" para quem ela pediu ajuda soubesse que todo aquele esforço não era para salvar a própria vida.

Usando o selo de confronto com a mão direita, concentrou chakra suficiente em volta dela até ter a força necessária para transformar em pó a rocha que estava prestes esmagá-los, como se não fosse nada.

Ao ver uma mínima brecha para sair dali, a garota pegou o menino no colo e correu para longe, os protegendo dos estilhaços que caiam no caminho. Nem sequer por um segundo o garoto piscou os olhos, fascinado com a força e velocidade com que ela conseguia se mover. Foi tudo tão rápido ao ponto de não notar que já estavam fora do laboratório, ou do que tinha sobrado dele.

A mistura de adrenalina e o medo recém-abandonado causava a sensação de um choque elétrico correndo por entre suas veias e eriçando os pelos do garoto. Quando posto sobre o chão, ele levou alguns instantes para voltar à realidade, e assim quando toda aquela energia foi descarregada em um movimento brusco e num grito estridente:

— Você é uma super ninja! — Quando menos esperava, estava se jogando com os braços abertos em cima da garota.

Toda aquela euforia do loiro encobria o desespero de alguns minutos atrás. Aqueles sentimentos contrastantes seriam contagiantes para qualquer um, mas foram rapidamente contidos por uma mão que o segurava pela cabeça. Ela o impedia de se aproximar mais, o mantendo a um braço de distância de si.

Olhos azuis confusos caíram sobre a mais alta. Sem entender a sensação tão repentina de ser mergulhado em águas frias, a mente hiperativa da criança criava várias perguntas e teorias pessimistas que começavam a sabotá-lo, fazendo-o acreditar que tinha algo errado com ele para que estivesse sendo afastado pela moça.

Tanta movimentação e agitação de repente era no mínimo incomum para a garota que havia acabado de sair de um selamento de mais de 50 anos, mas encarando aquelas orbes azuis, sabia que não havia perigo algum neles.

O loiro não lhe apresentava ameaça nenhuma, estava desarmado e indefeso. Pega de surpresa, seus dedos se moviam sozinhos por entre a cabeleira loira, afagando as mechas e deixando uma bagunça carinhosa no topo da cabeça. Sem palavras, desfazia o olhar de surpresa como se fosse seu jeito de dizer que estava tudo bem.

Ele estava paralisado enquanto sentia a mão fina espalhar seus fios de um lado para o outro com cautela. O loiro não tinha palavras para descrever o quão confuso estava.

Se afastando novamente, a garota voltou à postura ereta.

— Posso ser uma super ninja para você, mas quero que me chame de Azura. E você? Como posso te chamar? — Discretamente, Azura leva a mão até a própria boca, escondendo um sorriso inexistente, mas que deixava pintar em seus olhos, deslizando seus dedos sorrateiramente para limpar o sangue que escorria de ambas as laterais dos lábios.

Amor estilo UchihaWo Geschichten leben. Entdecke jetzt