— Eu gosto do seu humor, minha sogra — sorrio abertamente e pego uma fruta. — Obrigada pela refeição e por nos acompanhar.

— Bem, daqui há algumas horas servirei uma refeição para toda a família, como sabem os seus irmãos e sobrinhos bem como papai estão aqui, querem conhecer a Hielena.

— Estão muito ansiosos para conhecê-la — Virgo está de fato sorridente. — Meus irmãos já chegaram?

— Sim, Daniel chegou a pouco, foi dormir — ela se ergue de pé. — Pedirei que tragam roupas adequadas para ambos, quero após a refeição nos uniremos no jardim para tomarmos um café.

— Obrigada — falo.

— Obrigado minha mãe, por tudo.

É óbvia a admiração dele por ela, quando ela estende a mão ele a segura e a beija como sinal de devoção profunda, depois ela se inclina e beija a cabeça dele e faz uma careta quando estendo a mão e seguro a mão dela entre as minhas, a vejo hesitar, então ela se inclina e coloca um beijo em minha cabeça.

— Irei cuidar da refeição, descansem — ela fala.

Sorrio e beijo a mão dela, então a vejo sair do quarto fechando a porta atrás de si, Virgo beija o meu pescoço e depois me abraça cheio de carinho.

— Obrigado por se desagradável — fala achando graça.

— Eu não fui — retruco. — Bem, talvez um pouco.

— Você sabe como irritar ela, mamãe gosta de se intrometer, mas porque ela está preocupada com meu bem-estar.

— Me sinto brevemente desconfortável de saber que ela não se preocupa comigo.

— Ela se preocupa, do jeito dela, apenas está com raiva do meu avô, por tudo o que a obrigou a se sujeitar, mamãe não tolera que vovô se meta como foi com o casamento dela.

— E como foi o casamento dela?

Virgo enfia uma fruta na boca e eu fico observando-o mastigar, os cabelos bagunçados, os olhos ainda sonolentos, sei que ele não gosta de falar sobre isso devido ao que o pai fez com a mãe.

— Vovô foi obrigado a banir meu pai, mas antes disso, mamãe se apaixonou por ele, mas ele não conseguiu ver nela uma esposa, infelizmente o meu pai tinha desejos estranhos por minha tia mais nova, quando mamãe se casou com ele a minha tia tinha apenas onze anos de idade, o fato dele tê-la seduzido foi algo que machucou muito meu avô.

Virgo está perdido em pensamentos.

— Ele alegou que se envolveu com ela quando ela tinha dezessete anos, algo que é extremamente proibido, eles mantiveram este caso por anos o que fez mamãe acreditar que ele havia abusado da minha tia desde que eles dois se casaram, na cabeça de minha tia meu pai não era mal, ele era o homem por quem se apaixonou.

— Nunca imaginaria que isso aconteceu depois da instauração das novas leis — não paro de me chocar com as revelações. — Sua tia não teve outra alternativa?

— Não poderia, não havia como ter que escolher entre a minha mãe e ela, não para o meu avô — Virgo segura a minha mão e entrelaça os dedos entre os meus. — Se ele pudesse escolher o conheço o suficiente para banir a minha tia e o meu pai assim como o conselho o fez.

— Mas ele não hesitou antes de te ordenar e burlar o sistema.

— São situações diferentes, meu avô foi alertado sobre os perigos de deixá-la se casar com alguém que não pudesse protegê-la.

— Achou justo o que ele fez?

— Não foi justo, mas foi o melhor.

Pego uma fruta e começo a comer, pouco confortável, pensativa sobre isso.

— Não fazemos tudo o que queremos aqui também, Hielena, não é justo para nenhum de nós, não foi a escolha que o meu avô queria ter tomado, mas ele foi forçado a decidir, se não fosse eu, seria qualquer outro ministro, meus colegas não costumam ter tanta compaixão por quem quer que seja.

— Você sentiu compaixão por mim?

— Gostaria que eu sentisse?

— Gostaria que não houvesse mentido para mim.

— Isso não vai mais acontecer.

— Espero que não.




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