Eu riria se não estivesse tão nervosa.

— Virgo eu não fui prometida ao Sven e sim a você, ele já tem a promessa de casamento dele e parece muito feliz com a escolha.

Virgo me encara bastante nervoso, triste, não consigo imaginar porque ele se sinta assim. Estendo a mão e toco sua face.

— Eu escolhi você e eu estou aprendendo a gostar de você e da sua companhia...

— Mic, tem algo que preciso dizer e que deve saber — ele me interrompe e seu semblante se torna sério. — Não sei como dizer isso.

Imagino porque ele esteja assim.

— Eu não me importo se nós dois fizermos sexo antes do casamento, só teremos filhos após o primeiro ano não é verdade? Ele virá depois...

— Hielena é tudo uma mentira! — corta novamente todo severo. — Tudo isso, foi uma armação do meu avô, era para você ser a prometida de Sven, mas quando souberam que você seria a escolhida, meu avô decidiu me enviar que eu fosse o pai da criança.

Fico paralisada encarando-o com incredulidade.

— Eu sequer queria ter vindo, eu estava de casamento marcado com Olívia, meu avô fez isso porque sabia que se eu fosse pai do Oráculo poderiam controlar tudo, mamãe foi contra as decisões dele e é por isso que ela é contra o casamento, como um esforço de convencê-la a não se casar comigo ela agiu daquela forma, ela não é daquele jeito — continua ele com um sincero tom de angústia no olhar. — Não suportaria mais conviver com você sem que soubesse disso, por isso que quando mamãe foi embora eu decidi não vir vê-la, estamos nos esforçando para fazer com que seus pais desistam, mas eles estão obstinados a fazer com que nos casemos.

Parece que a cada palavra dele mais vou me sentindo jogada a um abismo profundo.

— Eu amo Olívia, mas tenho um dever com o meu avô, eu não posso me casar com você sem que saiba disso porque não é justo com você...

— Eu entendi — corto-o e saio da cama sem conseguir sequer olhar na cara dele.

— Sei que se sente traída e magoada, eu sinto muito...

— Não acredito nas suas palavras e nem nas suas intenções, mas se for para o seu conforto e felicidade quero que saiba que eu não o sujeitarei a isso — interrompo-o secamente e recolho meu vestido, sinto tanta vergonha que seria capaz de me enfiar em qualquer buraco só para que ele não me visse mais despida.

— Eu prometi ao meu avô, mas não poderia mais omitir nada de você, há muito envolvido — Virgo diz bastante sério.

Me sinto humilhada em saber disso.

Vou até meu trocador e pego meus sapatos, os calço e pego minha bolsa, respiro fundo tentando manter a calma e lidar com a situação, raciocinar, saio do trocador.

— Para onde vai? — Virgo indaga ficando de pé.

— Tem um lugar para ficar, aqui — respondo indo até a cozinha, pego algumas frutas e enfio ligeiramente na minha bolsa. — Vou para a casa dos meus pais anular isso.

— Não deve...

— Acho que você não tem direito alguma de exigir nada de mim, senhor Ministro — respondo de onde estou e o fuzilo com o olhar, ele está me encarando com certa estranheza. — Eu desejo que você seja feliz e que por favor esqueça tudo isto, irei resolver e acredito que possa voltar para a sua vida o mais rápido possível e eu para a minha.

— Nada poderia...

— Farei sexo com Sven — corto num berro alto. — Se eu engravidar primeiro dele, não poderão me forçar a me casar com você.

Os olhos dele saltam e ele fica me olhando totalmente apavorado, mas não sinto que possa dar outra resposta.

— Se não com ele, com qualquer solteiro da cidade, tem muitos homens aqui e muitos deles poderiam me bastar para esses fins.

— Seria banida!

— Qualquer coisa seria melhor do que viver com uma mentira, agora se me der licença, irei resolver isso.

— Hielena...

Não dou ouvidos ao chamado, saio pela porta da frente e logo que saio corro até a minha bicicleta, engulo a vontade de chorar e me sinto medíocre, tão pequena, tão insignificante. Enquanto pedalo vou sentindo as lágrimas caindo em minha face, meu coração parece que vai ser estrangulado por eu anafar as emoções.

Dói muito.

— Mic! — o chamado me faz olhar para trás.

Virgo está vindo correndo em minha direção, usa uma túnica e sapatos velhos, ignoro, porém tão pouco analiso o jeito desajeitado no qual ele corre vejo as fagulhas de fogo surgindo na lateral da minha casa e por fim escuto o som de uma explosão acompanhada do som do abafador de ruídos com água. Paro, apoio o pé no chão e vejo bastante fumaça saindo pelas janelas enquanto elas se abrem, o ministro franze a testa e encolhe os ombros bastante chocado.

— Precisamos sair daqui — ele diz ligeiro. — Eu pedalo e você vem no bagageiro.

— Mas, mas...

— Não devemos ficar aqui — insiste me empurrando para fora do acento. — Vamos, temos que sair daqui agora.

— O que mais está me escondendo? — pergunto irritada.

— Não posso falar agora — reclama e sobe na bicicleta. — Sobe, agora!

Subo no bagageiro de lado e ele começa a pedalar, fico vendo a fumaça saindo pelas janelas da minha casa enquanto os arbustos são automaticamente apagados pelos extintores de emergência do chão, sei que a fumaça vai se dissipar em minutos devido a coifa, porém também sei que não é seguro que eu volte para lá sem que o local esteja totalmente seguro e isso apenas um trabalhador da área de segurança poderá fazer.

— Iremos até a anciã, a casa dos seus pais nesse momento não é segura.

— Como se você fosse — praguejo.

— De todos os males sou o pior, acredite.

Eu não acreditarei em você nunca mais.




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