Sigo para a casa de praia de minha família, que fica em uma região próxima, sendo o mais seguro nesta tempestade que não cessa.
Quase quinze minutos depois, estaciono o carro e a observo ainda dormindo, seu corpo está tremendo e noto nos braços, a pele arrepiada.
Saio do carro e contorno abrindo a porta do passageiro, e com cuidado tiro Julieta e a levo no colo até a porta principal do casebre.
Com certa dificuldade, abro a porta, entro e fecho com o pé, acendo a luz entrando na sala principal, mamãe me mataria por molhar seus lindos laminados em orvalho, olho para os sofás em tom creme e penso se a coloco ali.
Mas sigo para as escadas e a coloco no sofá vinho da sala de televisão.
—Anh...O que? — Julieta abre os olhos. — Vou molhar o sofá. — Diz enquanto olha ao redor.
— É só enquanto te preparo um banho. Já venho — aviso e sigo para o banheiro principal.
Olho para a banheira e para o chuveiro, penso no pé dela, a banheira parece uma boa opção mas e quando ela for sair? Erguer a perna pode ser muito pior.
Vou até a cozinha, buscando uma cadeira de plástico e deixo no box do banheiro, vou para o quarto da minha irmã e procuro uma muda de roupa que caiba nela, deixando tudo ajeitado, toalhas e itens de higiene.
Volto a sala e ela continua exatamente como eu deixei, é chocante como agora ela está totalmente fragilizada.
— Pronto, Juli. Vou te levar até o banheiro e se precisar de ajuda, me fala tudo bem? — Ela afirma com a cabeça, ainda um pouco confusa.
Subo com ela e a levo para o banheiro e ela observa tudo e noto sua palidez e o olhar cansado de quem não está entendendo nada.
— Vou deixar a porta destrancada. — aviso e saio do banheiro, fechando a porta.
Saio e aguardo no corredor, tudo fica muito silencioso e me preocupo, mas logo escuto o barulho do chuveiro, saio de perto da porta e pego meu telefone para avisar a família que está tudo bem.
Finalizo as ligações e sigo para cozinha a fim de preparar algo, uns sanduíches e um bom copo de suco, acho que cai bem. Coloco tudo numa bandeja e subo para a sala de televisão, deixando na mesinha de centro.
Sento no enorme sofá e ligo a televisão, procurando algum filme leve. Ouço a porta do banheiro e me volto, mirando seus cabelos ruivos úmidos e a roupa que ficou um pouco grande para ela. Minha irmã é mais nova que ela e mesmo assim a roupa ficou maior. — abro um pequeno sorriso ao pensar nisso.
Noto seu esforço em se apoiar na parede e me aproximo às pressas para ajudá-la.
— Vem Juli, deixa eu te ajudar. — Dou apoio e a aproximo do sofá. — Fiz esses sanduíches e suco. Tenho sorvete também.
— Hm, sorvete? — Ela sussurra me fazendo rir do seu único interesse.
— Sim, formiguinha sorvete. — Entrego o sanduíche e o copo de suco de uva a ela, que aceita de bom grado. Parece que está faminta.
— Martín...— Julieta inicia no tom que eu sei bem o que significa.
— Juli, depois falamos disso, ok? Você precisa se recuperar, nem acredito que está aqui e isso é o mais importante — Abraço seus ombros e ela afirma com a cabeça.
— Você que fez? — Diz mastigando e eu afirmo — Está muito bom!
— Ou você está com muita fome! — Dou risada e ela me acompanha rindo, tenta se ajeitar e faz uma careta quando inconscientemente mexe o pé. — Está doendo muito? Pensei em irmos amanhã, é perigoso com toda essa chuvarada.
— A dor é insuportável, mas acho melhor irmos amanhã. — Sorri enquanto beberica seu suco.
— Ótimo, vou tomar um banho e ficamos aqui no sofá comendo besteiras, pode ser? É o que eu tenho a te oferecer. — Faço drama.
— É perfeito, vou ligar para as minhas irmãs, me empresta seu telefone?
— Claro. — Tiro o telefone do bolso, desbloqueio e entrego em suas mãos. — Daqui a pouco volto.
Sigo apressado para meu quarto e busco uma muda de roupas, sigo para o banheiro tomando um banho quente e rápido, ansioso para não deixá-la sozinha, pensando que ela pode precisar de mim.
Me visto apressado, calço meias, pois a casa está meio gelada, seco os cabelos e sigo para a cozinha ansioso, busco por coisas gostosas para comer e subo indo até a sala
Me aproximo lentamente e vejo ela distraída com o pé elevado sobre uma almofada e uma música infantil soando do meu celular.
— Juli? — Sento ao seu lado.
— Ah, oi, estou jogando esse joguinho com as minhas irmãs. É bem divertido! — Ela sorri como se tivesse cinco anos.
— Que espertinha! — Coloco sua cabeça em meu colo e ela continua jogando animada. — Trouxe um monte de docinhos pra você. — Coloco uma bacia em sua barriga e volto a procurar filmes.
— Hm... vamos ver. — Ela começa a pescar uns chocolates com um semblante divertido.
— Deixa eu ver o seu pé enquanto escolhe o nosso filme? — Pergunto ao ver o pé bem inchado.
— Veja com cuidado! — Julieta faz uma careta enquanto pega o controle e ergue a perna.
Observo o pequeno pé, que está parecendo uma batatinha, pelo inchaço, aperto os dedos e observo seu semblante tranquilo, vou subindo a mão pelo peito do pé e ela continua distraída, mas no instante que passo a mão pelo ligamento entre o pé e o tornozelo, seu corpo se retrai no mesmo momento e ela faz um semblante de dor.
— Desculpa, acho que é uma torção bem feia ou até saiu do lugar. — Estico sua perna, fazendo um carinho no joelho.
— Amanhã vamos bem cedo? Quero tirar essa dúvida...— Seus olhos voltam para a televisão e noto que ela escolheu uma animação da Disney e voltou a se encolher no sofá.
— Vem cá, perto de mim. — Puxo uma coberta e ela com certa confusão deita em meu peito e nos enrolamos na coberta.
— Martín...— O tom volta e eu olho atentamente para ela. — Ela foi presa?
— Sim, felizmente antes de eu vir atrás de você, vi ela sendo levada pelos policiais.
— Ainda bem, como a festa ficou? Todos ficaram muito chocados? Foram embora?
— Acredito que ninguém foi embora, todos ficaram chocados mas aguardando as cenas. — digo tirando sua franja dos olhos.
— Como você se sentiu em relação a ela? — Ouço seu sussurro e meus olhos encontram os de Julieta.
— Raiva, eu me vi embevecido de raiva, por ter sido tão cego, me perdoe, Juli. — Digo com sinceridade.
— Tudo bem, mas você não sentiu pena dela, não quis ajudar?
— Não pensei em nada, assim que descobri onde a pessoa mais importante para mim estava, eu fui atrás. — Abraço-a com carinho. — Ela não significa nada para mim, estou exatamente aonde eu gostaria de estar, com a pessoa que faz meu coração bater mais feliz, nos meus braços. — Beijo sua testa e noto seu pequeno sorriso.
— Guarda essas declarações, meu coração se derrete! — Julieta sorri e me beija na bochecha, quase no cantinho da boca.
— É bom, ai ele me dá uma chance e se apaixona por mim. — Faço graça com seu cabelo.
— Ele já se apaixonou. — Ela confessa rindo e se esconde rápido, debaixo das cobertas.
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Uma CEO inalcançável.
RomantizmJulieta Delvecchio é a irmã mais velha das quatro irmãs Delvecchio. Criada em uma família típica italiana por seu avô Enrico. Ela é a CEO da empresa da família. Com quase trinta anos, Julieta é casada com o seu trabalho, não acreditando no amor...