Prólogo

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Gustavo Alpino

10 anos atrás....

Ouço seu grito e fico sem reação. Pego meus dois travesseiros e coloco em meu ouvido para não ouvir os gritos de minha mãe enquanto meu pai a espanca. Já perdi as contas de quantas vezes chorei ao ver minha mãe toda machucada e simplesmente não fazer nada para ajudá-la. A única vez que tentei, acordei dias depois em uma cama de hospital por ter levado um soco na cabeça que me fez ficar em coma por vinte dias. Tiro meu travesseiro de meu ouvido após perceber que os gritos cessaram. Abro a porta de meu quarto apenas um pouco para espiar a parte debaixo da casa. A cena que vejo me deixa transtornado e aterrorizado. Minha mãe está jogada no chão chorando, com o osso de seu braço para fora, com vários cortes pelo corpo e seu rosto irreconhecível pelos socos que meu pai deve lhe ter dado. Corro em sua direção e abraço seu corpo frágil e totalmente quebrado. Ouço ela susurrar em meu ouvido antes de apagar totalmente em meus braços.

- P..olic...ia - ela diz, após desmaiar por completo. Passo a mão em seus cabelos loiros em um carinho, enquanto com a outra disco o número da polícia. Em poucos segundos escuto a porta de minha casa ser arrombada e levarem meu pai algemado. Essa com certeza foi a cena que mais me marcou em toda minha vida. Meu pai saindo acorrentado pela porta e minha mãe quase morta em meus braços. Olho para minha mãe, passo a mão em seu rosto e lhe prometo.

- Nunca mais deixarei qualquer pessoa encostar um dedo na senhora. Você é o meu bem maior e eu irei te proteger até meu último suspiro. Você me deu a vida mamãe e eu vou devolver a sua de volta. - Digo beijando sua cabeça e deixando os médicos a levarem para a ambulância.

De hoje em diante, morreu o menino assutado e nasceu o homem que todos vão temer.

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