Capítulo 9 - Perigo é ter você...

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Giovanna e Jéssica, saíram de mansinho e foram ajeitar seus pertences no quarto em que dormiriam juntas e aproveitarem o tempo para matar a saudade uma da outra.

Ismênia, olhava para o teto, arremessando o seu travesseiro para cima e o agarrando, em movimentos quase robóticos, com um olhar inexpressivo, buscando esvaziar a mente de tudo aquilo que a desagradava até se dar conta que naquele chalé haviam somente dois quartos e dividir o seu quarto com Torloni era algo totalmente fora de cogitação. Aquela mulher já havia lhe tirado a paz, em demasia e em prol a sua sanidade mental resolveu abrir mão do conforto e ceder o quarto a ela, sem entender se era por gentileza, afinal se tratava de uma mulher mais velha e Ismênia sempre foi muito educada, ou porque queria se isolar, como sempre fazia quando algo a desagradava e simplesmente se fechava em concha e então pegou sua mochila e explorando o espaço notou algo no final do corredor, mas em meio a esse deslocamento não pode deixar de observar a atriz, sozinha na sala escura, deitada em uma das poltronas, com os olhos fechados, na dúvida se ela dormia ou apenas estava pensando e nesse seu olhar, pensou no quanto aquela mulher era linda e fazia seu coração disparar como a muito não acontecia e ao se dar conta, tratou de mudar seu pensamento, tentando se convencer que tudo não passava de confusão de uma mente extremamente acelerada e continuando em seu intento avistou uma espécie de alçapão e descobriu que ao puxar aquela alça pendente, viu surgir uma escada, que dava em um quarto no sótão descobrindo ali o seu refúgio. 

Para sua sorte o local estava bem limpo e organizado, no qual se encontrava um sofá extremamente confortável e várias almofadas, com uma enorme janela triangular que se abria ao meio, dando acesso à uma pequena varanda, o que lhe dava uma vista muito mais bonita que o quarto, apesar da simplicidade do espaço, uma cômoda no qual organizou seus pertences e uma banheira antiga, feita em ágata da qual para sua felicidade saía água quentinha. Aquele cheiro da madeira de eucalipto lhe era bastante agradável e parecia fazê-la se acalmar e dada as circunstâncias se permitiu desfrutar de um delicioso e demorado banho quente.

Estar naquele lugar a fez sentir diante de um grande impasse, afinal não poderia ficar escondida para o resto da vida, temendo encarar os seus fantasmas. Por mais que não quisesse reconhecer, seus instintos a todo o tempo a fazia pensar sobre em que todo aquele misto de sentimentos resultaria e isso era deveras assustador, afinal seu sentir era solitário, sem a menor possibilidade de ser correspondida, a não ser na indiferença, nas ironias, nas trocas de farpas. 

Pensou nas diversas vezes em que confidenciou a sua amiga no quanto se sentia vazia, no quanto a sua vida estava vazia, monótona, sem nenhum tipo de emoção e de repente se via diante de uma grande avalanche com a qual não sabia muito bem como lidar e ter Torloni tão perto não a ajudava em nada, pelo contrário, a bagunçava ainda mais por dentro.

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