- Eu não posso, ainda não.- Tom continuou, sua voz um pouco menos gelada.- Eu preciso ver qual será sua reação automática, quando sua mente estiver sendo invadida, porque isso determinará o método que irei ensinar a você.

- Se for automático,- disse Harry.- Já não deveria ter acontecido?- ele se recostou no pé do sofá, a cabeça latejando tão violentamente quanto naquela manhã. Isso o fez sentir náuseas.

- Não, sua mente ainda não chegou ao ponto de fazer qualquer coisa para manter um intruso fora.- disse Tom.

- Meu ponto de ruptura.- Harry murmurou, um sorriso irônico torceu os cantos de seus lábios. Merlin, isso era tão típico.

- Seu ponto de ruptura.- Tom concordou.

- Agora eu sei por que você concordou em me ensinar com tão poucas exigências.- disse ele, suavizando o sorriso para mostrar que estava apenas brincando. Tom colocou a mão sobre o peito, a imagem da inocência.

- Você pode ouvir isso, Harry? É o som do meu coração se partindo! Talvez eu nunca me recupere da dureza de seu julgamento.

- Como você vai sobreviver?- ele questionou, secamente. Tom sorriu, balançando a cabeça em falsa tristeza.

- Infelizmente, não tenho certeza. É trágico. Acho que vou me contentar em encontrar seu ponto de ruptura.

Harry riu.

- E eu pensei que você gostasse de mim.- ele fez um beicinho. Tom revirou os olhos, antes de nivelar a varinha de teixo em sua direção novamente.

- Na contagem de três, ok?

Harry assentiu, preparando-se. Em um momento, ele sentiu a invasão. Sua mente se sacudiu, empurrando fracamente a sensação de algo indesejável e não certo.

O cemitério, iluminado pelo venenoso clarão verde da maldição da morte...jogando contra Cedrico naquele jogo de Quadribol no terceiro ano...sua primeira vez em uma vassoura...rindo na sala comunal com os sonserinos...um flash da casa dos répteis quando ele tinha onze anos...de pé com as mãos contra o vidro da janela, observando os Dursleys se empanturrando no jantar de Natal, um vento cortante em sua pele...

Harry abriu os olhos e caiu no chão novamente, embalando a cabeça com as mãos. Merlin, sua cabeça. Se era ruim antes, o ataque mental mais recente o deixou gritando. Estava tão ruim a ponto dele sentir vontade de esmagar todas as luzes em pedaços quebrados de escuridão. Ele esfregou os olhos.

- Por que você parou?- perguntou, sem olhar para cima. Ele podia ouvir os passos de Tom quando o outro se aproximou do sofá onde ele estava sentado. Cada vez que o sapato batia no chão parecia que uma pequena agulha perfurava sua mente.

Harry sentiu, mais do que viu, Tom se agachando na frente dele, olhos escuros estudando-o de uma forma enervantemente intensa. Claro, ele deveria estar acostumado com isso, o olhar de Tom normalmente era intenso se você conseguisse chamar sua atenção, mas ainda assim. Não era algo com o qual se acostuma, apenas algo que se aprende a ignorar.

- Porque parece que você está prestes a desmaiar e não acordar mais se eu entrar na sua mente de novo.- disse Tom simplesmente.- O que houve?

- Nada.- ele estremeceu, arriscando um olhar para cima. Merda, a luz era muito brilhante, ele imediatamente olhou para baixo novamente.- Vamos tentar de novo.

Tom franziu o cenho. Instantaneamente, a sala ficou escura, com a exceção de uma luz, todas as outras se apagaram. Harry quase deu um suspiro audível de alívio. Uma mão segurou seu queixo com firmeza, inclinando seu rosto para estudá-lo.

- Você está com dor de cabeça.

- Está tudo bem.- Harry mentiu.- Vamos de novo. Eu não vou aprender nada apenas sentado aqui.- ele precisava aprender, tudo o que o esperava sem Oclumência era o redemoinho de tortura que era ser sugado para a mente de Voldemort em momentos de sono.

- Não.- Tom recusou.- Chega por hoje. Oclumência é um progresso longo e lento, não uma solução rápida de uma noite. Forçá-la pode causar mais danos do que benefícios.

- Mas...

- Eu disse que é suficiente.- a voz de Tom era suave, mas completamente inflexível ao mesmo tempo. Harry debateu silenciosamente se deveria ou não insistir no assunto, mas decidiu contra, pois insistir demais poderia resultar em uma recusa permanente em ensinar.- Há quanto tempo sua cabeça está doendo?

- Um tempo...- Harry deu de ombros, sem notar a expressão de desagrado no rosto do herdeiro da Sonserina.

- E você não pensou em talvez mencionar isso?- Tom exigiu, antes de balançar a cabeça.- Querido Deus, você vai ser a minha morte um dia. Levante-se.

Sua mandíbula foi liberada, apenas para que seu braço fosse agarrado e seu corpo puxado para fora do chão.

- Claro que serei.- ele murmurou, lançando um sorriso para Tom.- Ninguém mais teria coragem de considerar assassiná-lo.

Tom arqueou uma sobrancelha.

- Cuidado.- ele advertiu levemente.- Eu poderia tomar isso como uma ameaça, e duvido que você gostaria das consequências.

- Provavelmente não.- Harry concordou suavemente, não muito preocupado. Sua cabeça estava latejando demais para ele considerar qualquer coisa além de sua resposta imediata à conversa. Os olhos de Tom se voltaram para ele.

- A dor de cabeça não está diminuindo?- ele perguntou. Harry deu de ombros mais uma vez.

- Certo. Vamos lá.- disse Tom, parecendo irritado.

- Aonde?- ele perguntou, cautelosamente.

- Ala Hospitalar, gênio.

Quando seu horror o atingiu com força total, Harry só conseguia pensar em uma coisa para dizer...

- Veja, eu te disse que você faz comentários que implicam que eu sou burro.

O Favorito do DestinoWhere stories live. Discover now