Como meu quarto não é muuuito grande, mas também não é minúsculo, consegui me esconder dentro do banheiro (sem fechar a porta para poder dar um pulão, claro) de um jeito que eu conseguisse vê-los quando entrassem, mas eles não poderiam me ver!

Genial, né?

Enfim, entrei ali o mais rápido que consegui, joguei o diário na cama e esperei o momento certo.

Como o esperado, meu pai pulou com tudo para dentro do quarto, fazendo a algazarra de sempre:

— BOOOOOOOOOOOM DIA DORMINHOCO! — Berrou o coitado, que instantaneamente percebeu que eu não estava no quarto — — Uai! Luquinhas? Cadê tu?

Percebi que era a hora PERFEITA de assustar o coitado! Ele tinha ficado de costas para mim!

Pulei com todas as minhas forças e caí do lado dele, berrando:

— BOM DIA CABEÇUDOOO!

— CREINDEUSPAI! — Gritou, enquanto tentou pular, assustado, para frente, escorregando no meu lençol, derrubando minha luminária e caindo de bunda logo em seguida.

Comecei a rir desesperadamente, foi simplesmente hilário. Como alguém consegue ser tão desastrado (já sei de quem eu puxei)!? Sério, meu corpo todo começou a doer de tanto rir, meu pulmão já não aguentava mais puxar tanto ar!

Minha mãe, que estava na porta, ria tanto quanto eu. Olhei de relance e vi que ela estava ROXA de tanto dar risada! Mais um pouquinho e a coitada ia desmaiar!

— Muito engraçado, muito engraçado! — Contestava meu pai, que também ria envergonhado — Acordou cedo hein baixinho.

Acariciou meu cabelo enquanto eu me acalmava das risadas. Olha, se meu humor tivesse dado uma queda depois de lembrar do meu tempo, ele tinha conseguido melhorar tudo!

— Você tinha que ter visto essa cena — disse minha mãe, ainda recuperando o fôlego — Como consegue ser tão desastrado?

— Hunf, foi só um sustinho! E vocês dois, nem para perguntarem se eu estou bem né! — contestou meu pai, emburrado, enquanto passava a mão nas costas e na testa.

— Aí aí, você está bem pai? — Disse, brincando, enquanto olhava para minha mãe rindo.

— Não, não estou. Minha moral está abalada! — Exclamou, enquanto saia do quarto de cara amarrada e braços cruzados — Venham comer vocês dois, tenho que trabalhar! Seus chatos!

Ainda entre risadas, catei meu diário (vocês), um lápis, um par de meia e fui saltitando em direção à cozinha, junto com minha mãe.

— Tá animadinho hoje hein! O quê aconteceu? — Perguntou, me olhando com olhos desconfiados.

Conhecendo ela, eu tenho certeza que ela já sabia que era sobre a Letícia. Mães têm um poder sobrenatural de saber de tudo da sua vida, antes mesmo de você dizer a elas!

— Ah, sabe como é, acho que dormi bem! — Menti, testando as habilidades de dedução da minha mãe.

Olhei para ela como se estivesse falando a verdade, e recebi a encarada mais desconfiada que qualquer ser humano poderia ter recebido desde o início dos tempos.

— Uhum! Dormiu bem sim... — Disse baixinho, quase sussurrando, enquanto parava de caminhar e me observava de cima a baixo.

Tenho que admitir uma coisa: eu nunca senti medo da minha mãe. Claro, ela nunca tinha me batido ou algo do tipo, apenas tinha dado aquelas broncas mais ou menos, sabe?

Então, nunca tive motivo para ter medo dela, afinal, eu sabia que ela nunca faria nada de mais, além de um leve "para com isso seu bobo!".

Mas vou ser sincero.

12 dias até minha morteWhere stories live. Discover now