24. Algo físico

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Não consegui ter outra reação. Paralisado, encarava Jaemin enquanto ele sussurrava palavras que Haechan e eu não conseguíamos compreender.

"O que está acontecendo aqui?!"

A porta do banheiro fora aberta com violência, revelando Doyoung com a feição nada contente.

Ele intercalou o olhar entre Donghyuck, eu e Jaemin que estava no chão.

"O que vocês fizeram?" - o senhor Kim franziu o cenho.

"Nada. Ele atacou o Mark." - Haechan disse.

"Ele não me atacou...ele só..." - não tinha palavras.

Eu não sabia exatamente o que tinha acontecido.

"O que vocês estão fazendo aqui?" - o senhor Kim indagou enquanto se aproximava de Jaemin.

"Nós ouvimos um barulho estranho, e descobrimos que era o Jaemin."

Contei o necessário. Ele não precisava saber que tínhamos entrado naquela sala.

Doyoung nos analisou por um tempo enquanto ajudava Jaemin a se levantar do chão.

"Ele estava assim quando o encontraram?"

"Sim, senhor." - entrelacei os dedos frente ao corpo.

"Ele começou a gritar com o Mark." - Donghyuck lembrou do detalhe menos importante.

"Gritar?" - o vice-diretor encarou Jaemin por um momento. - "Ele está falando." - sussurrou ao notar que o Na ainda repetia as mesmas palavras. - "O que ele disse para você, Mark?"

"Que eu deveria ir embora."

Doyoung suspirou, abraçando Jaemin contra si.

"Sinto muito por isso, mas vocês dois não deveriam estar aqui." - guiando Jaemin, o senhor Kim parou na porta do banheiro e nos encarou antes de sair. - "Eu converso com vocês dois mais tarde. Agora, tratem de ir para os seus quartos."

...

Me sentei na cama, sentindo o colchão ao meu lado afundar assim que Haechan também se sentou.

Ele não quis voltar para o seu próprio quarto, então me seguiu até o meu.

"Se eu soubesse que tudo isso ia acontecer..." - ele coçou a nuca.

"Tudo bem, não é culpa sua." - me virei para ele. - "Foi até bom a gente ter encontrado o Jaemin."

"Verdade."

"Mas foi muito estranho." - suspirei. - "Os pássaros. O Jaemin falando...ainda mais aquelas coisas."

Haechan concordou. Ele parecia tão pensativo quanto eu.

"Posso dormir com você?"

A pergunta me pegou desprevenido. Ele me questionou de uma forma tão simples que pareceu que tinha apenas pedido um lápis emprestado.

E não pedido para dormir comigo. Dormir comigo. Na mesma cama.

"Por que?" - questionei já sentindo as minhas bochechas extremamente quentes.

As coisas estavam simplesmente acontecendo de uma vez só, eu não conseguia acompanhar o ritmo.

"Eu não sei." - ele finalmente me encarou. - "Eu só não quero ficar sozinho."

Eu não quero ficar sozinho, foi o que ele disse quando começou a chorar pedindo para que o tocasse.

"Bom, eu acho que você pode dormir comigo."

Nos deitamos no colchão macio, um de frente para o outro. O fim da tarde estava começando a dar espaço para o começo da noite, deixando o ambiente um pouco escuro.

Mas ainda podia ver os olhos castanhos intensos de Haechan, me observando com curiosidade.

"Eu vejo pessoas mortas." - meu sussurro saiu de forma tão baixa que imaginei que Haechan não tivesse conseguido ouvir.

"Eu sei." - ele sussurrou de volta.

"Como?" - franzi o cenho.

Haechan não respondeu. O canto de sua boca se curvou em um sorriso convencido.

Eu vou descobrir uma hora ou outra, sua voz ecoou na minha cabeça. Foi o que ele disse quando me mostrou todo o internato, quando estávamos na quadra.

A mão de Haechan se moveu na minha direção, tocando o meu rosto. Seus dedos deslizaram por minha bochecha, e depois seguiram até a minha nuca.

"Deve ser muito difícil pra você." - ele comentou.

"Bastante."

Senti suas unhas curtas arranhando a minha carne, tocando levemente meus fios enquanto subia e descia.

"Por que você não me afasta?" - Haechan indagou.

Sua íris tinha uma cor atrativa com algumas faíscas, mas nada se comparava a cor de seus lábios cheios.

"Eu não sei."

Eu não estava mentindo. Eu realmente não sabia porque o deixava fazer aquelas coisas, me tocar daquela forma.

"Você gosta." - ele afirmou.

Não lembrava de ter reparado antes, mas...Haechan tinha cheiro de pétalas de flores. Não pertencia a uma flor específica e também não era doce.

"Eu gosto."

Ele se aproximou mais e nossas respirações se entrelaçaram.

"Eu vou te beijar."

Aquele aviso me deixou ansioso, com um friozinho na barriga. Seus dedos se aprofundaram na pele da minha nuca e nossos lábios se tocaram.

A minha mente ficou vazia no momento em que senti seu calor. Eu podia sentir Haechan por completo, e não era de uma forma física.

Eu podia sentir o seu gosto, e não era porque a minha língua estava dentro da sua boca. Eu podia sentir o seu cheiro profundamente, e não era porque o meu nariz a todo momento roçava em sua pele quente.

Eu podia senti-lo. Eu queria senti-lo. E também queria que ele me sentisse.

My Head is a JungleDove le storie prendono vita. Scoprilo ora