𖤍𖡼↷ 𝐓𝐖𝐄𝐍𝐓𝐘 𝐓𝐖𝐎

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-Desculpa, mas...- eu falei, o cortanto por um instante, o que fez Akira fixar aqueles olhos em mim. Era como olhar para a porra de um espelho, um pouco assustador demais. Com um suspiro, eu levei a mão até minha nuca, querendo apenas desaparecer dali. -Não sei se é uma boa ideia me aproximar de você.

-Atsu-chan, não seja tão cruel! - meus amigos falaram, perplexos, e eu fiz uma careta.

-Não me levem a mal assim!- reclamei antes de me virar de volta para Akira. -Quer dizer, eu quero saber quem você é, até porquê, temos algo que nos une. Querendo ou não, você é meu irmão. Mas eu não te conheço. Tudo o que eu sei, é que aquela mulher me abandonou, levou você com ela e eu fiquei para trás com um pai que morreu logo depois, me deixando aqui nessa merda totalmente sozinha.

-Olha, Atsuko, entendo sua frustração, de verdade. Eu tinha dois anos quando nossa mãe foi embora, eu nem mesmo sabia que você estava viva até ela voltar para o Japão. - ele disse, me fazendo piscar os olhos, surpresa. Um tipo de mágoa diferente me atingiu em cheio, ameaçando me quebrar por completo mais uma vez. E foi ver aquela mesma mágoa nos olhos do meu meio irmão que me fez compreender que ele não tinha o porque receber minha rejeição. Ele não tinha culpa de absolutamente nada. -Tem muita coisa que você não sabe. E eu não quero te forçar a me conhecer, sério. Mas, se um dia você estiver aberta para isso, eu ia gostar muito de saber quem você é.

O sorriso de Akira era sincero e era tão brilhante que poderia cegar uma pessoa. O suficiente para quebrar uma parte daquela barreira que eu tinha construido para impedir que pessoas do passado entrassem de volta na minha vida, e me peguei sorrindo de volta para ele antes de assentir.

Não precisei dizer nada; não precisei dizer que ainda precisaria de um tempo para isso, pois Akira pareceu entender perfeitamente antes de apenas se despedir e ir embora, me deixando para trás e completamente pensativa.

-Vocês poderiam pelo menos ser um pouco mais discretos nesses pensamentos de merda, né, pessoal. - falei com sarcasmo enquanto passava pelos meus amigos e automaticamente todos desviaram o olhar, um pouco desconfortáveis. Eu apenas suspirei. -Não podem me julgar se não sabem o que é ser rejeitado pela própria mãe. Me deixem em paz com meus probleminhas familiares.

-A gente não tá te julgando, Atsu! É que seu irmão parecia uma pessoa legal, só isso. - Yao-Momo justificou e eu apenas dei de ombros, fitando o céu por um instante antes de franzir o cenho.

-Eu sei, eu senti isso. Mas também tem algo estranho, não sei explicar. Dá pra sentir a honestidade dele, mas também sinto que tem algo que ele quer desesperadamente colocar pra fora. Sei lá. Pode ser apenas impressão minha. 

-Certeza que é impressão? Você não é o tipo que tira conclusões precipitadas, Atsu-chan. - Tsuyu falou me olhando e eu apenas assenti para ela.

-O mundo todo parecia amar meu pai antes de ele morrer, mas quando olho para aquela mulher que me recuso a chamar de mãe, quando olho para  Akira, o que sinto vindo deles é um medo tão profundo que me deixa assustada. E eu não sei se quero descobrir a verdade sobre o porque eles sentem isso. - ai estava toda a minha honestidade. O porque eu ainda insistia em evitar que o passado me atingisse com força. Porque eu não queria perder a imagem que tinha construído sobre meu próprio pai, eu não queria descobrir o porque minha mãe o odiava tanto ao ponto de me abandonar com ele ao se dar conta que minha individualidade era ainda mais forte que a dele.

-Ah, relaxa aí. Sem papos tristes, pelo amor de Deus! - Kaminari falou e, então, abriu um sorrisinho para mim. -Agora você podia começar a falar que merda é essa entre você e Bakugo, né?

-Porque você não vai, sabe, tomar no cú?- falei arqueando a sobrancelha para ele enquanto andavámos juntos, tentando não ligar muito para o fato de que Shoto estava fazendo de tudo o possível para se manter o mais afastado de mim que conseguia, conversando com Midoriya e definitivamente me ignorando.

Ocean Eyes • BNHA Where stories live. Discover now