Nevasca de Flores

Florescer e nevar

Olhando para cima, para a posição do sol, o jovem primaveril se deu conta do horário. Precisava colher suas amoras!

— Oh, meu Deus! Como o tempo passou tão rápido?! Eu tenho que ir, muito obrigado novamente pelo presente! — Se curvou mais uma vez e então mergulhou no aglomerado de verde.

A cesta de palha que tinha feito à mão, se encontrava no galho da árvore onde tinha a pendurado alguns dias antes. 

Sorrindo, Youngjae a pegou.

— Obrigado por não ter deixado o vento levar o fruto do imenso trabalho que tive. — Se curvou educadamente para a árvore, e então partiu em sua busca por amoras.

Não foi preciso procurar por muito tempo, pois frutas era o que mais havia pela floresta, por todos os lados.

Quando se deparou com uma imensa amoreira, se aproximou dela cauteloso, pedindo baixinho para ela guardar segredo do que estava fazendo. Delicado, foi tirando as amoras dos galhos uma por uma, não querendo incomodar a árvore que jazia em tanta paz.

— O que você está fazendo, Choi Youngjae?!

Youngjae deu um pulo com a voz repentina e severa.

Olhou para cima, se deparando com Bambam sentado em um dos galhos da amoreira. Os óculos dourados e redondos sempre emoldurando seus olhos, e a prancheta sempre em suas mãos. Estava usando o habitual terno verde com detalhes dourados, que tanto amava.

Sua expressão não era a das mais contentes.

— Você é uma dedo-duro… — Youngjae resmungou para a árvore.

— Está pegando amoras de novo para levar para aquele invernal? — Bambam cruzou os braços.

— São só algumas… Não vão fazer falta… — Youngjae murmurou em um bico, olhando para o chão.

— Você sabe que não pode fazer isso, Youngjae! Eu já te alertei inúmeras vezes! As amoreiras não gostam de ter seus frutos pegos para alimentar invernais! Se continuar com isso, elas ficarão irritadas e irão parar de dar frutos! Você vai prejudicar a floresta inteira desse jeito!

Youngjae levantou o olhar, olhando para a árvore em sua frente.

— Elas não seriam tão cruéis…

— Amoreiras são árvores doces, mas até a doçura delas tem limites, Youngjae.

O bico do Choi apenas ficou maior.

— Poxa, Bammie… Não tem amoras na floresta Hibernum, sabia? E o Jaebeom adora amoras… Na última vez em que nos vimos, eu prometi para ele que levaria algumas para ele comer… E você sempre diz que é errado descumprir promessas…

— Ele não adoraria amoras, se você não as tivesse levado para ele, em primeiro lugar! — Bambam ralhou.

O protetor da floresta Primo Vere era conhecido por ser muito severo, porém Youngjae conseguia escorregar tão facilmente pelas curvas de sua severidade, como nozes escorregavam das mãos de esquilos.

Bastou apenas o Choi fazer uma carinha de cachorrinho caído da mudança, para Bambam já se derreter.

O pobre protetor suspirou alto.

— Essa é a última vez, Youngjae. — Apesar do seu tom de alerta, o Choi sorriu grande ao ouvir aquelas palavras. — Se eu ver você pegando amoras para levar para aquele invernal outra vez, eu mesmo banirei você de pegar amoras. Nunca mais vai poder comê-las pelo resto da vida. E ainda avisarei ao seu pai, o que você vem fazendo!

O sorriso de Youngjae se desmanchou.

— Você seria tão mau assim?!

— Não posso deixar a floresta inteira sem amoras, apenas por sua causa.