O erro só foi percebido quando Vegas Theerapanyakul o reconheceu. Ele foi pego no lugar de Pym.

"De novo." A voz calma de Vegas ressoa em seus ouvidos como um sopro. A tontura atinge Pete duas vezes mais forte e ao abrir os olhos, sua visão está turva. "A sua família de merda vendeu informações secretas sobre os acordos com a minha família."

"Eu não sei." Murmura Pete.

"Você não sabe." Repete Vegas com uma risada. "Você não sabe? Como eu sou o inútil aqui?"

"Sim" Pete se esforça para focar nos olhos castanhos. Ele são confusos mas estão ali. "Eu não tenho utilidade. Eu não sei o que você quer saber."

"Oh, não, darling." O sucessor da Segunda Família suspira. "Você vai me ser muito útil. Embora você não seja quem eu gostaria que fosse, eu não tenho dúvidas de que eles fariam qualquer coisa para ter você de volta."

"Você está enganado."

"Eu estou?" Vegas sorri. É um sorriso bonito mas não esconde suas intenções. Pete sequer tem dúvidas de que ele queira. "Você ainda é filho do seu pai e irmão dos seus irmãos. Não importa em qual ordem."

"Eu não sei o que você quer saber." Ele repete.

"Eu tenho uma maneira muito fácil de descobrir isso." Um passo em sua direção. A mão que antes estapeava segura seu queixo e ergue a cabeça de Pete para cima. Por apenas alguns segundos o sangue para de escorrer de seu nariz, ainda sim o aperto dói. "Quantos dedos seriam necessários enviar para eles para que comecem a falar?"

"Você pode enviar minha cabeça se quiser" Pete garante entredentes. "Não vai receber uma só palavra."

"Sua cabeça?" Questiona Vegas. Os dedos pressionam seu rosto com mais força, espremendo suas bochechas. "Você me subestima, Pete."

Ele não diz mais nenhuma palavra antes de caminhar até a porta e deixá-lo sozinho. A sala de agora é diferente da primeira em que foi levado. As luzes possuem tom quente, alaranjado, e há apenas uma janela, alta demais e muito pequena para que ele possa sequer pensar em escapar. Mesmo que não estivesse algemado e acorrentado, pela altura, Pete jamais conseguiria alcançá-la.

Seus pensamentos lhe levam de volta para a última noite. Era aniversário de Pen, eles tinham saído para comemorar. Fora do território da família, seu pai quase nunca os deixava juntos em um único local por questão de segurança, nem mesmo quando sua mãe foi enterrada eles estavam juntos. Primeiro Pym, depois Pen e por último Pete. Ele sequer conseguiu ver o rosto dela uma última vez antes que começassem a cobrir o caixão com terra.

Eles não tinham permissão para a noite passada mas desde que seu pai frequentava a casa dos Theerapanyakul com frequência, embora a Segunda Família quase nunca estivesse presente, ele pensou que não tinha problema ter um pouco de diversão com seus irmãos fora de casa. Exceto que agora Pete está acorrentado no fundo de algum lugar mal cheiroso enquanto sua família se distrai com qualquer coisa que não seja tê-lo de volta. Esse era o plano, e ele tinha que seguir.

"O que você acha disso?" Pete ergue os olhos melancolicamente quando Vegas retorna à sala.

A porta range quando ele passa por ela e por alguns segundos mais vozes falam do lado de fora. Há alguém gritando no fundo mas o som se esvai assim que a porta volta a ser fechada.

Nas mãos do primeiro filho da Segunda Família há dois dedos humanos ensanguentados. Ele os segura como se fossem pedras preciosas, sorrindo enquanto se aproxima para que Pete consiga enxergar melhor. Sangue respingou em seu rosto, perto dos lábios e das bochechas de Vegas.

Twist | VegasPeteWhere stories live. Discover now