𝐘𝟔: Falling Apart

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Meu amor, murmurou ele em minha cabeça, enquanto me beijava. Quase desmaiei. Meu lindo e cruel amor.

Foi um beijo rápido que pareceu durar eternidades, porque Harry nunca tinha me tocado sem usar as mãos tão intimamente antes. Não que eu me lembrasse, pelo menos. Suas palavras me consumiram como uma promessa silenciosa, atiçando todos os ruídos e barulhos. Naquele momento, éramos surdos que podiam escutar, éramos invernos secos e cortantes com flores e raízes intermitentes, e éramos todos os poemas que na existência da humanidade foram escritos.

Mas somente até nos separarmos.

O mundo ficou sombrio. O beijo de Harry foi como uma promessa de morte, borrando minha visão com dopamina, e agora minhas veias encheram-se com as sombras que flutuavam de mim pelo mundo, durante a madrugada: fluidas, homogêneas e leves. E a voz de Agouro, o centauro, que vinha me atormentando há meses, veio à minha mente com tanta facilidade que achei estar dormindo. A Morte se aproxima, Mckinnon Black. Seus dedos estavam roçando minhas panturrilhas e agarrando-se teimosamente em meu encalço, as sombras penetrando as cavidades mínimas por entre minhas unhas...

— S/A?

Pisquei várias vezes, me recompondo. As mãos de Harry estavam em meus ombros, seu olhar preocupado percorrendo meu rosto. Subitamente, senti-me muito tonta.

— Você está bem? — perguntou ele, examinando meu rosto. — Está se sentindo disposta?

— Do que está falando? Estou ótima — respondi. Dei um passo para trás, e quase tropecei. — Foi seu beijo — corei um pouco, mesmo que lutasse para não demonstrar. — Você me desconcertou toda.

— Que beijo, meu bem?

— O que você acabou de me dar, ué.

— A última vez que beijei você foi ontem à noite, meu amor — disse Harry, agora com o dobro de preocupação. — Tem certeza de que está se sentindo bem?

— Não seja bobo, você... — mas minhas palavras se perderam quando percebi que podia ter tido outra visão. Como aquela que tive em meu primeiro jogo de quadribol, no momento em que capturei o pomo.

Harry mordeu o lábio.

— Você está tremendo um pouco, meu bem — disse ele gentilmente.

— Devo ter tido uma queda de pressão.

— Você está com febre, S/A. Sua pele está quente.

— Ah.

Foi só então que notei que era esse o motivo pelo qual as mãos de Harry estavam frias como aço recém-tirado do congelador. Embora a ponte que conectava nossas mentes me dissesse que não era só isso.

— Tenho certeza de que não significa nada — menti.

— Febre sempre significa alguma coisa — observou Ron.

— Besteira. Vai passar logo, sei que vai. Acho que se eu me distrair o suficiente com as próximas aulas...

— Não sou de dar esse tipo de conselho, S/N, mas acho melhor que você tire o resto do dia para descansar — interrompeu Hermione.

Arqueei as sobrancelhas.

— Por quê?

— Febre significa baixa imunidade, e isso nunca é um bom sinal. Além disso, você não vai conseguir se concentrar direito enquanto seu corpo estiver queimando.

— Mione, vamos. Pare com isso. Não estou doente.

— Você está beirando a exaustão há tanto tempo que não sei se isso é inteiramente verdade — disse ela, preocupada também. — Faz dias que você não come direito. Você apenas estuda e dorme, o tempo todo. Isso não é saudável. Seu humor está sempre oscilando drasticamente por motivos pequenos, e você anda dormindo até mesmo em algumas aulas, o que nunca aconteceu em toda a sua vida escolar...

𝐌𝐀𝐒𝐓𝐄𝐑𝐏𝐈𝐄𝐂𝐄, harry potterWhere stories live. Discover now