Duas Catarinas diferentes

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Petruchio arrastou a esposa para o quarto para que pudessem conversar sem que terceiros escutassem. 

— Ocê acha mesmo que isso é um sonho? 

— E o que mais poderia ser? Olhe essas fotos! Eu nunca vivi isso. - Catarina apontou os vários portas retratos que ela reparou anteriormente. 

Petruchio pegou um dos quadros, eles, como família, pousando para a foto, as crianças estavam tão lindas, Catarina sorria de uma maneira tão perfeita que ele sorriu junto. Era tão lindo ver tudo aquilo. 

— Eu não lembro de ter vivido isso também. Catarina, será que… será que a gente perdeu a memória? 

Catarina arregalou os olhos, não havia pensado naquela possibilidade. Negou com a cabeça automaticamente. Queria acreditar que estava sonhando, aquilo tudo só podia ser um sonho. 

— É definitivamente um sonho, cheio de detalhes, mas apenas um sonho! 

— Acha que… acha que vamo acordar desse sonho? - ele não queria admitir que estava até que gostando daquela realidade, acordar e se deparar com a fazenda ruindo, com Catarina não sendo mais sua noiva, não era uma realidade que gostaria de voltar. 

— Eu espero desesperadamente que sim! - foi enfática. Ela não estava gostando daquela realidade. - Estou vivendo um pesadelo. 

Petruchio sentiu-se mal em ouvir ela falar daquela maneira. 

— Eu acredito que vá durar um tempo apenas, talvez acordemos daqui a pouco, talvez dure só esse dia e quando dormirmos já estaremos de volta a nossa realidade. - ela continuou a falar como se soubesse exatamente o que estava acontecendo e não o contrário.

— Até essa noite então? - Petruchio não gostou daquela constatação, passou os dedos pelo rosto dos filhos na foto que ainda tinha em mãos, concentrou seu olhar no sorriso de Catarina. - Essa noite tudo vai acabar? 

— É claro que vai acabar! - ela voltou a afirmar como se tivesse certeza. 

— Então a gente deve fingir que tá tudo bem, é o mínimo que eles merecem. 

— Eles quem? - Catarina não estava entendendo, até que o olhou para o suposto marido observando as crianças. - Ah! Eles? 

— Não consigo esquecer a imagem deles. Aliás, quero aproveitar esse dia mais perto deles. - Petruchio levantou mais confiante. 

— Espere! Então vamos deixar tudo em pratos limpos. Ninguém pode saber que a gente não se lembra de nada. 

— Não podemo deixar que eles saibam de nada. - Petruchio concordou com a cabeça. 

— Só vai durar esse dia. Podemos viver nessa mentira durante um tempo. 

— A gente só vai viver mais esse dia memo. - Ele voltou a concordar um pouco chateado. 

Pensando nas crianças, Petruchio saiu do quarto e foi em direção a cozinha, talvez os encontrasse ainda lá. Catarina ficou parada no quarto observando o porta retrato que ele havia deixado em cima da cama. Ela, Petruchio e os dois filhos sorrindo para a foto. Lembrou do suposto marido passando os dedos pelas feições dos filhos. Sentiu-se estranha. Será que toda aquela conversa que Petruchio teve consigo sobre desejar ter filhos com ela era verdadeira? 

Abanou a cabeça, tentou não pensar mais nisso. 

xx 

— Mimosa, conte mais sobre o círculo. - pediu Júnior pela segunda vez naquela manhã. 

De repente no futuroOnde histórias criam vida. Descubra agora