Subindo pelas paredes

Prólogo

Yor já não aguentava mais, aquela tinha sido a gota d'água!

Faziam apenas 4 dias que a moça havia se mudado para um novo apartamento, para enfim, começar uma nova fase em sua vida: A primeira vez morando sozinha!

Bom...sozinha? Não totalmente.

Já era a terceira garota na semana que tinha o prazer de escutar gemendo, gritando e miando.

Seu vizinho, quase colega de quarto, separados apenas por uma fina parede - que não é capaz de abafar todos os sons- todas as noites levava uma garota diferente para se divertir com ele. Enquanto Yor, apenas escutava, tentando dormir, mas falhando miseravelmente.

Na realidade, essas situações a deixavam com raiva, com insônia, com vergonha, e às vezes...com desejo.

Yor se pegava imaginando como seria o vizinho com o qual compartilha tanto ódio, será que ele é bonito? Deve ser, sempre tem tantas pretendentes.

Eram nesses momentos, de desejo e insônia, que resolvia se aproveitar dos cenários eróticos que sempre ocorriam ao lado, para criar suas próprias fantasias. Era com isso que se contentava, com pensamentos e toques, suas famosas "brincadeiras" particulares.

Em alguns momentos, ela não aguentava, e passava horas observando o olho mágico da porta, tentando ver quem era o suposto "Deus grego", que nunca ficava na seca. Mas, como já era de se esperar, nunca conseguia pegar o exato momento em que ele chegava em casa.

Yor, uma designer de interiores, passando pela melhor fase de sua vida profissional, só queria descansar uma noite sequer.

- Sim, Yuri, por aqui está tudo bem, e aí?- Num sábado, durante a tarde, Yor recebeu uma ligação de seu irmão mais novo. Que há alguns dias atrás, ainda morava com ela.

- Por aqui também...mas eu me preocupo com você aí sozinha, já não está na hora de arrumar um namorado? Você tem 22 anos!

- Não começa com isso de novo Yuri, sabe que namoro não é minha prioridade no momento...- Suspirou.- Enfim, tenho que terminar de arrumar a casa, amanhã a gente conversa mais!

- Tá certo, se cuida maninha!

Desligou o telefone, um pouco paranóica: E se Yuri estiver certo? Faz tempo que não saio com ninguém.

Tentou esquecer sobre o assunto e apenas focar em arrumar o que faltava da mudança. Não demorou para a noite chegar, e com ela, o cansaço.

A Briar mais velha só queria se jogar na cama e dormir, mas sabia que provavelmente não conseguiria até o casal do apartamento ao lado se satisfazer por completo.

Que inferno!

Tomou um banho e se deitou, pegando um livro para tentar se distrair. O que não esperava, era que naquela noite, mesmo passando dás 1 da manhã, não haviam gemidos ou batidas no cômodo ao lado, o silêncio era ensurdecedor.

Ela finalmente conseguiu dormir sossegada.