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Obito inspirou fundo bem devagar quando saiu pela porta da frente levando o cachorro endiabrado debaixo do braço. Por sorte, foi como Izuna previu, a rua estava deserta, então ninguém prestou muita atenção quando ele subiu na garupa da moto de Kisame e os dois saíram cantando pneu na rua. 

Sempre soube que havia algo muito errado com aquele cachorro; desde quando ele e Kakashi encontraram o filhote chorando no bueiro, tudo nele foi meio bizarro. Pakkun parecia a versão canina do Benjamin Button, nasceu velho, engelhado e triste; mas Kakashi talvez tivesse apreço por coisas velhas porque foi amor à primeira vista. 

Foi algo interessante de se presenciar, sempre acreditou que o Hatake não tinha coração. Kakashi era muito estranho. Se alguém dissesse que ele não chorou quando nasceu e disse ao médico que estava fazendo um péssimo trabalho de parto; Obito acreditaria sem pensar duas vezes. 

Mas, assim como Kakashi era enviado do diabo e ficava possuído do nada, Pakkun também tinha sérios problemas de raiva e estava apenas esperando Obito baixar a guarda para colocar as garras de fora. O rosnado veio como um rugido das profundezas do inferno e Obito gritou quando sentiu os dentes cravando em sua mão.

Era difícil lutar contra o demônio e ao mesmo tempo se equilibrar em cima da moto, principalmente quando Kisame dirigia feito um doido. Obito começou a gritar, dando ordens ao Demônio Cão para parar de morder; mas assim como Samehada, a piranha assassina de Kisame, Pakkun era inevitável e mordeu seu ombro.

— Rápido! Rápido! Porra, ele tá me mordendo! Ele tá me mordendo!

Kisame se desequilibrou na moto e eles subiram na calçada, quase atingiram um poste. Por sorte, desviaram a tempo e foram para cima do boteco do Ichiraku, onde Chyio, Onoki e outros velhinhos do bairro estavam jogando dominó e bebendo na calçada.

— Para de se mexer! A gente vai cair, caralho! Não se mexe! Porra, Obito!

Obito deu um berro quando desviaram de uma árvore, o cachorro latia desesperado e tinha quase certeza que seu ombro estava sangrando; mas ainda deu tempo de pressentir a morte poucos segundos antes de uma garrafa de saquê voar na direção de sua cabeça um pouco antes de dobrarem a próxima rua. 

Mais trás, ouviram Chiyo gritando:

— Moleques filhos da puta!!!

(...)

Kakashi reprimiu um suspiro enquanto olhava para eles. Izuna estava sentado de braços cruzados no sofá, a versão alternativa do Chuck. Olhava para Tobirama como se estivesse esperando qualquer sinal de deslize para acusá-lo de traição e todo tipo de coisas bárbaras envolvendo destruição de lares. 

Pensava que ele já havia superado o ciúme que sentia pelos dois, principalmente porque sabia que Kakashi teve um lance curto com o primo dele; mas mesmo assim, ele insistia em dar soco em ponta de faca.

Era fofo de ver, mas um pouco cansativo, Kakashi, assim como o mundo inteiro, sempre soube que o tipo de Tobirama era baixinho, rancoroso e raivoso. Do tipo que prefere a morte a se render quando põe algo na cabeça. Kakashi não tinha nada a ver com isso, até porque Tobirama não fazia muito seu tipo também. 

Talvez ciúmes fosse coisa de Uchiha mesmo. Não que tivesse experiência para falar; acontece que ele ouvia as preocupações de Hashirama sobre algum dia Madara acabar matando alguém por interpretar algo errado. Não era impossível de acontecer, dada a genética daquela família. 

— Você não precisa se desculpar com ele — Izuna comentou, engolindo o seu orgulho e amor sobrenatural por todos os Uchiha com um gole da limonada. — Obito sempre passa dos limites, ele… perde a cabeça fácil. 

Flex (KakaObi)Where stories live. Discover now