– Você não vai sair da cama não? – Beca pergunta sentando-se ao meu lado.

  Viro o rosto para olhá-la. – Se eu pudesse não saía nunca mais.

  – O que aconteceu? – pergunta parecendo preocupada.

  Beca é minha única amiga aqui. Ela já estava aqui quando cheguei e sabe do episódio com Nilson. Foi a única que me ajudou e conversou muito comigo sobre como funcionavam as coisas aqui. Além de tirar todas as minhas dúvidas –que eram muitas – a respeito de sexo e me dar várias dicas. Quando um dos clientes fazem alguma coisa idiota ou me machucam, é para ela que conto.

  Faço bico, meu bico dramático de sempre. – Minha bunda tá doendo. – resmungo.

  Ela ri. – Cliente amador?

  Falamos que um cliente é amador quando ele não tem muita experiência e tenta fazer algo além de seu conhecimento – e capacidade – e acaba nos machucando.

  Faço cara feia. – Amador o caramba! O cara parecia um elefante. Gordo e bruto. – falo. – E ele acabou com a minha bunda. – choramingo.

  Ela balança a cabeça rindo. – Você não se dá muito bem com anal, né? – zomba.

  Balanço a cabeça. – Odeio. Bunda não foi feita pra enfiar nada. Só pra sair.

  Ela cai na gargalhada.

  –Que foi? –pergunto encarando-a.

  –Você está perdendo tempo aqui. Tinha que ser comediante. – fala levantando e indo até sua gaveta da cômoda.

  Comediante? Não me acho engraçada para isso. Na verdade, não sou nem um pouco engraçada. Nem que eu quisesse poderia ser engraçada. Os clientes não gostam disso.

  – Passa essa pomada que vai ajudar. – fala, pegando uma caixinha na cômoda e me entregando. – É anestésica. – explica, me entregando a caixa.

  – Obrigada. – agradeço.

  – De nada! Mas acho que seria melhor você se acostumar com o anal logo. – diz.

  Beca cuida muito bem de mim. Acho que ela vai ser uma mãe excelente caso queira ter filhos. Eu mesma se pudesse escolher uma mãe, com certeza escolheria alguém como ela.


———-


  –Qual é, gata? Dez reais só pra você me chupar. – um cara com aparência de ornitorrinco fala, tentando me convencer a fazer um boquete nele por dez reais.

  Porra. Dez reais não dá nem pra comprar um quilo de carne. Não que eu vá comprar, mas, caso fosse, não daria.

  –Já falei que por dez não posso fazer. – repito.

  – Vinte? – oferece.

  Porra que cara chato!

  Ele está olhando diretamente para o meu peito na parte onde meu body tem um tecido transparente.

  – Trinta. – proponho.

  Ele olha meu peito por mais um tempo e levanta o olhar para mim em seguida.

  – Trinta. – concorda tirando uma nota de vinte e uma de dez da carteira e me entregando.

  Dobro as notas e coloco dentro do short de modo que fiquem presas na tira da calcinha e dou a volta para entrar no carro.

EscarlateWhere stories live. Discover now