Capítulo Nove

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Alicia Hargroove

Naquela manhã, vesti meu primeiro terno a ficar pronto, completamente feliz por estar usando calças e cativada pelos detalhes em preto na lapela do tecido vermelho. Eu era uma mulher de gostos simples, isso ninguém podia negar e apesar do alfaiate ter ficado ofendido pelo meu pedido, ele tinha feito um excelente trabalho.

Eu só tinha duas tarefas naquele dia, verificar a saída de Phoenix de seu encarceramento e tentar tirar repostas de Atlas mais uma vez e depois... Bem, passar o resto do dia na cama com Kiera parecia muito tentador, mas descobrir quem era uma real ameaça a minha vida era mais importante, infelizmente.

Ao chegar nas masmorras cumprimentei os guardas e encontrei Phoenix sentado em sua cama, os cabelos úmidos pelo banho recente e as roupas novas alinhadas.

― Pronto para sair desse buraco do inferno? ― perguntei parando na frente de sua cela e permitindo que o guarda a abrisse.

― Desde que entrei aqui pela primeira vez ― ele parou na porta, segurando uma das barras como se apesar de sua mente desejar, fosse difícil sair.

― Está tudo bem? ― perguntei sentindo que estava assistindo um momento muito íntimo.

― Sim ― garantiu soltando a barra e dando um passo para fora. ― Só nunca pensei que fosse sair.

― E eu te prometo que você nunca, nunca vai voltar ― toquei seu ombro. ― Nem que eu precise te contrabandear para fora dessa ilha. Agora chega de falar sobre crimes, vou te apresentar sua nova vida.

Um guarda fez menção de nos acompanhar, mas eu o parei com um sinal de mão:

― Não há necessidade disso.

― Mas Princesa...

― Phoenix é tão livre quanto eu e você, não precisa de babá.

― Entendeu, Dusan? Eu sou tão livre quanto você ― provocou Phoenix.

Eu sorri por dentro, mas por fora o puxei para que ele não arranjasse problemas em seus primeiros minutos livre:

―No que você trabalhava antes? ― perguntei conforme nos embrenhamos no hall.

― Eu trabalhava na cozinha de um navio cargueiro, eu era um dos muitos órfãos da Tax, achei que poderia ver todos os quatro cantos do Grande Continente.

― O plano não deu certo?

Ele riu:

― Eu mal via o convés.

― Então você não estaria disposto a voltar para a cozinha?

Uma sobrancelha foi levantada:

― Não acho que ninguém aqui se sentiria seguro comigo envolto em tantas facas.

Meneei a cabeça porque ele tinha um fundo de razão e uma ideia se formou em minha mente:

― O que você acharia de cuidar de cavalos? O antigo tratador da minha égua anda meio impossibilitado agora ― apontei com o polegar na direção do calabouço.

― Nunca cuidei de animais antes, mas ― ele pigarreou ― podemos tentar.

Sorri feliz pelo progresso, mesmo que pequeno:

― Então, eu vou apresentá-los.

Quando voltei para dentro para executar minha segunda missão do dia, depois de deixar Phoenix se familiarizando com Flor, notei uma estranha movimentação dos guardas e corri direto para a fonte do problema.

Atlas estava no chão de sua cela, a pele arroxeada, o rosto inchado e os dedos retorcidos.

Eu nunca conseguiria as respostas que buscava, pois ele tinha sido assassinado da mesma forma que queriam fazer comigo.

When The Light Guide UsWhere stories live. Discover now