tears

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Se tornou difícil focar em algo que não fossem minhas lagrimas que caiam em desespero acompanhadas de longos suspiros a procura de ar, a velha parede branca me confortava por apenas ser neutra a o mundo a minha volta, o frescor de uma madrugada chuvosa que invadia a janela aberta e suas grandes cortinas a voar, moveis empoeirados posicionados da mesma forma a anos, lagrimas, gritos, choros me desprendiam de toda a belíssima paisagem.

-Vamos Louis-vem uma voz do fim do corredor que te auxilia a subir o porão

-Eu já-cortado por soluços me calo.

Levantando e limpando minha calça dos resquícios de anos que se encontravam no chão de madeira nunca encerado, as mãos tremulas e os passos apertados dobraram o trabalho dos meus olhos a vigiarem por onde eu ando afim de não cair e por um deslize não conseguir mais levantar, arrastando os pés desço a pequena escada fruta de memorias incansáveis e brincadeiras esplendidas de dias alegres, o banheiro se encontra no fim do corredor, aquela distancia parecia infernal de se caminhar sem tropicar a cada resquio de poeira, enfim na pia e diante do espelho, as palpebras escuras como fuligem revelam meus olhos ardidos e vermelhos prestes a derramar mais lagrimas, não me preocupo em parecer derrotado, porque afinal, depois de me alistar nessa guerra, ser convocado e quase morto por uma armadilha da tropa inimiga, meus ideais não venceram, nem mesmo a pessoa que lutou por eles, derrotado seria a palavra esplendida para que eu possa me descrever apenas nela e somente nela.

O único som que se ouvia era a água calma e transparente como de costume descendo da torneira a pia afim de encher com abundancia minha mão suja levada ao meu rosto em uma tentativa de alivio e junto com a água que escorre, levar minha dor, perturbado demais para ligar a aparência deixo o banheiro sem exitar mas quase caindo na fresta que se tem entre a porta do meu quarto e o piso do corredor, o terno me aguarda na cadeira ao meu lado esquerdo, com janelas fechadas e suspiros fortes prendendo o choro me dirijo a ela atravessando o mar de angustias e medos, recordações e desejos, o carpete cinza se molda aos meus joelhos após cair ao lado do terno, a rosa branca cuidadosamente no bolso me levam a delírios e urros de dor, lutando contra meu corpo e meus pensamentos me disponho de pé e finalmente mudo de roupa, todos diriam "Você está lindo Louis" se meu estado deplorável não provasse o contrario, descendo as escadas de encontro a minha família com as cabeças baixas e sussurrando a minha volta já estou na porta, prestes a sair sem que tenha que encarar a face de ninguém, lagrimas trazem lagrimas e esse ciclo vicioso nunca iria se quebrar.

-Vamos pessoal-Jay por mais que sofrendo se mostra forte.

A maçaneta gelada entre meus dedos escorregam quando a giro para caminhar até o carro, é uma manhã ensolarada e fria, posso avistar crianças pegando o ônibus da escola, passarinhos a pular de cada galho entre as arvores, a sensação de vida mesmo que em vão enche meus pulmões com o frescor matinal.

Sentado em um carro confortável com o estofado perfumado e ao lado de Lotitie que mesmo petulante não se atreve a escorregar uma sequer palavra da sua boca, cabisbaixa chora quieta no colo de Fizzy que a consola com cafunes no seu cabelo, o vidro embaçado por conta do ar quente que sai da minha boca entreaberta, o gosto das lagrimas é salgado como a dor que elas carregam, o carro estaciona atras de um grande muro branco, as portas destrancadas me avisam a hora de sair, mas eu não quero eu não consigo.





Madly (Larry history)Where stories live. Discover now