- Entendo, ela também é advogada ? - pergunta escorado na pia. - Li sobre uma reportagem sobre você no New York Times no ano passado. Você vem de uma longa linhagem de homens da lei, seu avô foi um ótimo juíz. - Sorrio tristonha, meu avô faleceu poucos meses depois que vim para os Estados Unidos. - Desculpe-me não foi minha te entristecer.

- Tudo bem. Elisa é médica veterinária é casada com um veterinário também, Samuel. - explico antes de mudar o rumo da conversa - Céus, como explica aquela boneca ser tão parecida contigo? Ela passaria por sua filha facilmente.

- Deve ser porque sou gêmeo da mãe dela. - Ele abre a tampa da panela fazendo o aroma delicioso invadir minhas narinas.

- Eu gosto de bolonhesa. - digo fazendo-o me olhar com seu olhar questionador. - Sou boa com as panelas. - assente com um sorriso singelo. - E a sua família?

- Somos só Amelie e eu. - murmura com pesar se sentando ao meu lado para possamos comer - nossos pais morreram num acidente há alguns anos.

- Sinto muito. - Aperto sua mão de maneira reconfortante. - e Amelie, também é advogada?

- Não, ela é Sommelier, foi assim que conheceu seu marido, Ethan é dono de uma vinícola em Napa Valley.

- Seu cunhado é dono da ER Vinhedos ? - questiono erguendo a sobrancelha em uma expressão curiosa.

- Sim, gosta do vinho? - assenti. Ele levanta a garrafa mostrando o rótulo. - Esse que estamos tomando é dele.

- Eu conheço seu cunhado, é meu cliente. - falo depois de engolir esse macarrão divino - Bom, meu não mais do escritório.

- Ta certo! - concorda voltando a comer. Solto um grunhido de prazer ao delícia mais uma garfadas.

- E por que aceitou ser meu Orientador?

- Como assim ? - pergunta bebendo o líquido marsala.

- O comentário no Campos é que você não aceita ser orientador de mulher. - sinto meu rosto queimar quando as palavras saem desenfreadas. - até acham que o senhor é gay.

- Sério? - gargalha até perder o ar. - não sou gay Melinda! Apenas seleciono aqueles que realmente querem aprender, alguns meninas só assistem minhas aulas por causa da minha aparência.

- É deve ser pelo fato de não ser calvo. - o faço rir com o comentário. - Mas agora é sério por que eu?

- Bom, talvez seja pelo fato que de você nunca deu encima de mim ou porque vejo que ama sua profissão. - diz terminando de comer. - depois que me procurou resolvi pesquisar sobre a brasileira que ganhou um prêmio. Você realmente quer aprender é isso te deu pontos comigo. Uma paixão nata pela profissão.

- Uau. Obrigada! - o ajudo a juntar as louças - Mais nem sempre fui apaixonada por direito, mais depois de me aprofundar na profissão, acho que no fundo minha mãe estava certa em dizer que é a carreira perfeita para mim. - Ele sorri sem mostrar os dentes. - e você por que escolheu direito.

- Não sei ao certo, quando fui fazer minha matrícula para o curso de medicina estava tendo uma palestra sobre direitos civis. - meu olhar curioso foi o suficiente para que ele prosseguir. - então fiz minha inscrição no curso, meu pai surtou mais logo aceito na esperança que Amelie seguisse seus passos.

- E não aconteceu. - conclui sorrindo. - Seu pai era médico?

- Sim, é minha mãe também. Ele era cirurgião cardíaco e minha mãe psiquiatra.

- Sente muita falta deles né.

- Sim,E foi você quem me escolheu, eu apenas aceitei de bom grado a missão. - muda o rumo da conversa enquanto a seca o prato que entrego. - ou tomei a decisão errada ?

- Não. Não tomou! - paro de esfregar o prato e encarando o sorriso tímido e suas grandes órbitas azuis. - Mas ainda sim, acho que tem algo mais aí.

- Melinda, quando você começou sua pós graduação estava sempre tão séria e focada, diferente dos seus colegas de turma. O que me fez questionar o por que de uma mulher tão jovem fosse tão... solitária.

- A solicitude é uma dádiva as vezes, professor.

- Sim, eu sei disso melhor do que ninguém, você não é apenas só solitária. - engulo seco com suas palavras. - De alguma maneira queria descobrir o que fez uma jovem se fechar para o mundo.

- Não tem muito o que descobrir. - Digo servindo um pouco mais do vinho para nós . - E você gosta da solicitude ?

- Gosto, depois de tanto anos sentindo como se estivesse faltando algo percebi que esse algo ou melhor alguém era eu mesmo. - confessa aceitando de bom grado a taça que estendo para ele. - Depois da morte dos meus pais fiquei tão preocupado como Amelie estava lidado com tudo que esqueci que também tinha perdido eles. Minha irmã sempre lidou melhor com a perda deles do que eu.

- entendo. - o que era uma verdade, pois apesar dos meus pais estarem bem, fui egoísta pensado só nos meus drama os esquecendo completamente que quando deixei o Brasil, principalmente Eliza acabei deixando-a sozinhas com as maluquices de nossa mãe.

- E como é dividir apartamento com dois caras? - Pergunta quando nós sentamos novamente nos banquinhos que tinha na ilha. - naquela noite você parecia bem confortável com Rafael, te vi sorrir mais com ele do que nós dois anos que nos conhecemos.

- É bom.- Comento. - meu pai é melhor amigo do tio Anthony pai dos meninos e abriram o escritório juntos. Eles são ótimos Rafa é divertido apaixonado pela vida já Joaquim é o oposto do irmão caçula focado e muito sério.

- Conheci Joaquim, ele é um ótimo advogado. - O encaro, incrédula. - Tomamos umas cervejas juntos em Napa, rimos bastante. Ah os olhos dele brilhavam sempre que falava sobre você.

Você Nunca Saiu Verdadeiramente Daqui Where stories live. Discover now