Giovane Romeno

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Uma vez ligada, tudo que a Canon EOS Rebel T7 de lente grande angular na qual presidia um bloqueador de luz de quatro pontos posicionada sobre um tripé poderia enxergar era uma prateleira de madeira na qual presenciavam-se inúmeros livros que variavam entre o preto e o dourado com títulos em português e inglês. Além de, posicionadas sobre uma cômoda, figures de personas como o Flash, o Capuz Vermelho, o Batman de Pattinson e o Jack Sparrow, adjunto aos bustos de grandes mentes como Freud, Maquiavel, Lovecraft e Mises. Com o ambiente sendo tomado por um completo silêncio por uns poucos milissegundos, visto que nada demorara para, ao fundo, poder-se ouvir duas juvenis vozes femininas, que gradualmente aproximaram-se de pouco em pouco, tal qual a galinha enche o papo, destilando, em um tom cômico, as seguintes informações:

– Concordo contigo, mas tem de reconhecer que depois que o Salvador Dali se vendeu pra Marvel, os filmes dele estão fotograficamente padronizados como uma novela.

– Neste ponto tem razão, acontece que têm alguns circos que só querem ver o homem pegar fogo.

Em frente a câmera, revelaram-se pela direita duas gêmeas na primordialidade de seus vinte anos, Giovana e Joana, destoando-se por suas roupas, pois, apesar de ambas cobrirem-se com jalecos nos quais, na superioridade da manga esquerda, residia a psi, a primeira vestia-se com uma regata escarlate de finas alças e a segunda com uma camisa azul-celeste de gola alta. Sem contar suas heterocromias, pois Giovana detinha sua avermelhada arkhania no globo esquerdo, com o direito sendo castanho, e Joana, no globo direito, com o esquerdo sendo castanho.

– Olá, jovem que, por ser o "mais inteligente da sala"...

Efetuou aspas com os dedos de ambas as mãos.

– Acreditou ser um indivíduo especial que seria recompensado com um bom emprego após a faculdade, mas tudo que arrecadou foi uma pós e um doutorado em sociologia para trabalhar como manicure da sua vó.

Terminou Joana. Sendo seguida por sua irmã, que proferira:

– Olá, jovem que, durante a faculdade, fingiu ser feminista no curso de publicidade pra agradar a coleguinha de franja azul, almejando adquirir um relacionamento romântico e duradouro, mas tudo que adquiriu foi sífilis, depressão e o custeamento de uma pensão. Eu sou Giovana Romeno.

Pôs a mão em frente ao peito.

– E eu sou Joana Romeno.

Proferiu, apontando para si mesma. Continuando com:

– Você está acompanhando o Gêmeas News, seu jornal semanal isento de notícias, mas com muita opinião, e hoje falaremos sobre um autista alheio ao mundo.

Com sua frase sendo complementada pela informação de Giovana.

– Um gaúcho apaziguado por uma costela assada e três litros de Coca-Cola.

Que por sua fez foi complementada por Joana.

– Um arkham anarquista que esperou o impossível realizar-se.

Que, mais uma vez, fora complementada por Giovana.

– Ou um psicanalista tão apegado a realidade que conseguira enxergar muito além do que os demais.

Ela chegou ao meio de sua frase, momento no qual aproximou o indicador do olho direito e, terminando seu raciocínio, apontou adiante, com sua ação sendo complementada pela cena final de Transformers, na qual Optimus Prime declara, ao som de Linkin Park, que os humanos são muito mais do que os olhos poderiam ver.

– Giovane Romeno...

Com o término da apresentação de sua pauta, efetuada por ambas, sendo complementada por uma engrandecedora música, com o nome do discorrido sendo apresentado em preto sobre uma trêmula bandeira amarela.

Giovane RomenoWhere stories live. Discover now