Capítulo 55 - Mês 8

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- No começo eu tinha uma teoria de que você era um robô. - Lucca acordou com um apetite imponente. Sua fala sai entre as mordidas de seu segundo sanduíche. 

- Por que? 

O café instantâneo que ele comprou era horrível, mas eu não entraria no debate sobre café instantâneo não ser café de verdade com Lucca de novo porque já perdemos horas discutindo sobre isso e ele tentou me provar que café é café independente de onde vem. E era óbvio que essa ideia era errônea. 

- Porque você é perfeito demais para ser verdade. Estamos um ano junto e ainda não vi defeitos. - Seus olhos me desafiam e eu sorrio para ele. 

- Você sabe que isso é impossível, certo? Eu sou humano! Além do mais, talvez o fato de estarmos vivendo longe um do outro facilite você não ver os meus defeitos.

Lucca acena veemente em negação. 

- Eu morei com você por meses, Patrick! 

- Sim, mas ainda assim. - Murmuro. 

- Me diga um defeito seu.

- Eu gosto de organização.

- Isso não é um defeito. - Lucca não disfarça o quanto ele renega a minha resposta. 

- Para algumas pessoas é! 

- Fala sério! 

- Ok. Que tal... - Forço a pensar sobre alguma coisa para comprovar o meu ponto.  - Eu não gosto quando pegam comida do meu prato sem pedir. Eu realmente não gosto disso. Fico bem chateado, acho falta de respeito. 

- Ainda não é um defeito! Fala sério. Aceita que você é perfeito! 

Franzo a minha testa em recusa. 

- Eu fumo! 

- Fumava! 

- Ainda assim!

- Eu te odeio. - Lucca sorri, suas bochechas cheias do pão que comia. 

- Não, você me ama! - Pressiono um dedo contra a sua bochecha inchada e Lucca me envia um dedo do meio. 

°°°

Daqui algumas horas iriamos embora. Queria postergar a nossa ida, me isolar com Lucca foi a melhor coisa que fiz em anos e eu, seriamente, aceitaria abdicar da vida urbana para viver recluso socialmente com ele. 

Admiro-me com Lucca quando não reclamou sobre as dores que possivelmente estava sentindo. Assim que ele saiu do banho pude ver as marcas vermelhas em seu pescoço, ombros, quadril e ao longo de seu peito. Não me envergonhava de faze-las, também não me orgulhava de me sentir satisfeito por vê-las ali, mas não podia negar que eram as lembranças físicas de que eu estive em Lucca e aproveitei demais cria-las nele. Seus olhos encontram os meus que averiguava descaradamente cada uma das alterações em sua pele, mas ele apenas sorriu e vestiu a camisa. Fiquei surpreso pela sua reação, esperava que ele me xingasse e falasse disso o dia todo. 

Deitados na cama, fazendo completamente nada, me pôs a lembrar do meu trabalho. Lucca estava distraído jogando em seu celular, sua cabeça apoiada contra o meu peito enquanto a minha mente começa a ocupar-se. 

- Ei, Melissa me disse que eu vou ser efetivado no final do contrato. - Aguardo a informação se assentar, Lucca interrompe o seu jogo e senta-se, despojando-se de mim. Um amplo sorriso cobrindo a sua face. 

- Eu sabia. Você é muito bom no que faz. Estou feliz por você. 

Lucca se inclina, deixando um beijo lento nos meus lábios. 

Não esperava que ele reagisse assim, mesmo que eu soubesse que ele nunca desejaria o oposto para mim, mas a surpresa de sua reação ainda realçou-se. 

Penso em dize-lo o que vim pensando, mas Lucca me interrompe. 

- Não vamos falar sobre isso hoje. - Seus olhos estavam serenos em mim, o que me forçou a recuar. - Eu sei que teremos que decidir sobre como seguiremos daqui em diante, mas eu tenho certeza de que vamos dar um jeito. Eu não sei qual ou como, mas com certeza daremos um jeito. 

O puxando para mim, beijo o topo de sua cabeça.

- Vamos dar um jeito. Ok, eu gosto disso. - Afirmo. 

Lucca levanta a sua cabeça, seus olhos fixos nos meus. 

- Eu vacilei com você no começo do nosso relacionamento. Eu fui um idiota varias vezes e você foi extremamente paciente comigo em todas elas. Às vezes eu fico pensando sobre isso. 

Sua mão me rodeia, tentando o impossível que era nos aproximar mais do que já estávamos. 

- Não sei o que você viu em mim, mas eu não quero te perder. - Lucca me olha com tanta sinceridade que sentia o meu coração errar algumas batidas. - Eu quero passar o resto da minha vida me apaixonando por você. Eu só queria te dizer isso. 

Lucca sorri timidamente e volta a pegar o seu celular como se não acabasse de se declarar para mim e me deixar arrebatado pelos sentidos das suas palavras. 

Retirando o objeto de sua mão, o deito na cama, um dos meus braços embaixo de sua cabeça e o outro tocando o seu rosto. Não conseguia esconder o grande sorriso afetado que ele me causou. 

- Sabe o que eu vi em você? Um homem lindo, não somente fisicamente, mas também em suas qualidades! No quanto você se esforça para agradar aqueles que ama e fazê-los felizes. Você é uma pessoa incrível, dedicada aos seus objetivos. Que leva a vida fácil demais, vê a beleza em tudo e não julga as escolhas dos outros. Você é tão prático que eu tenho certeza que são os outros seres humanos estão complicando tudo. 

Lucca sorri, mas seus olhos demostravam tanta vulnerabilidade que mexe comigo intrinsecamente. 

- Obrigado por me aceitar na sua vida e me dar uma família. - Reclino, beijando o canto de seus lábios. -  Obrigado por me deixar cuidar de você e por cuidar de mim. E, quer saber, eu também quero passar os meus dias me apaixonando por você. Todos os dias da minha vida.

Sinto as suas mãos moverem-se para as minhas costas, apertando o tecido do meu casaco. 

- Eu te amo, Patrick. 

Havia tanto amor no meu peito que eu poderia explodir aqui. Enfio o meu rosto em seu pescoço, sentindo o ritmo de sua respiração contra o meu peito. 

- Diz que me ama também, cara. - Lucca murmura, uma de suas mãos avançando no meu cabelo.

- Eu te amo, achei que estivesse óbvio. Eu digo toda hora. Muito mais que você. 

Lucca bufa.

- Mas esse é um momento romântico, você tem que saber ler a sala. 

Sorrio para ele, o quanto eu amava esse idiota.

- Eu te amo, Lucca. Eu. - Beijo a sua testa. - Te. - Dou mais um selar no seu nariz. - Amo. - Finalizo em seus lábios, que Lucca abre me permitindo avançar.

- A gente vai dar certo. - Lucca avisa assim que me afasto de sua boca.

- Nós vamos dar muito certo. - Afirmo com a certeza de cada uma das minhas palavras.  

- Me beija, vai. - Pede.

- Como? - Lucca morde o meu lábio inferior, seus dedos trabalhando nos meus fios de cabelo, os tirando do meu rosto. 

- Da forma que você disse que iria me amar todos os dias da sua vida. 

Sumindo com o sorriso devasso que havia em seus lábios, beijo-o novamente tentando mostra-lo que eu era completamente dele. 

Não sei o que o destino tinha guardado para nós dois, mas eu esperava que me mantivesse no caminho de Lucca. Porque se depender de mim, ele era o meu gameover para o resto da vida. 

°°°

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Donde viven las historias. Descúbrelo ahora