— Acho que prefiro orquídeas. Copo-de-leite tem uma vibe plástica de tão linear. — Respondeu calmo e Beatrice sorriu, feliz com a resposta. — E você?

  — Concordo com você. Apesar de orquídeas terem aquela imagem bastante formosa e delicada, parecem mais reais do que copos-de-leite. — Se justificou enquanto pensava na imagem da flor. — No orfanato que eu cresci sempre tinha um vaso de flores com copos-de-leite, eu nunca sabia se eram reais ou se eram de plástico.

  — Você cresceu num orfanato? — O Cohen deixou com que a pergunta escapasse, soando impressionado; logo que percebeu o que falou, cobriu a boca com as mãos, desesperado. — Desculpe! Não queria ser intrometido.

  — Tudo bem. — Beatrice sorriu divertida. — Não é um assunto delicado pra mim. Bem, eu cresci sim num orfanato, fiquei lá até os meus 10 anos, com o Dante. Não criei nenhum trauma relacionado a rejeição e essas coisas; eu tenho a minha mãe, e amo ela.

  O Cohen apenas assentiu com a cabeça, envergonhado.

  — Mas enfim. Você mora por aqui faz muito tempo? — Perguntou Beatrice começando a procurar entre os arbustos algum indício do relógio de Erin.

  — Acho que desde que eu nasci. Meus pais decidiram se mudar pra cá enquanto minha mãe estava grávida e tal. Desde então eles conheceram o tio Arnaldo e não quiseram mais sair.

  — Arnaldo Fritz?

  — Sim, você conhece ele? — César perguntou impressionado, realmente considerando a ideia de Arnaldo conhecer o mundo inteiro.

  — Conheço. Ele aparecia no meu orfanato e também virou amigo da minha mãe. Ah, ele também é padrinho do Dante!

  — Mentira. — O cabeludo comentou chocado.

  — Verdade! — Ela riu com a cara exagerada do Cohen.

  — Ele conhece todo mundo. — Os dois disseram ao mesmo e logo que percebem a coincidência soltaram uma risada divertida, se perdendo no olhar um do outro.

•••

  Dante procurava o item perdido de Erin com certo desânimo; tinha entrado nessa história graças a irmã que pediu sua ajuda, mas estava começando a se arrepender de ter dito sim. Porém o que mais lhe deixava deslocado era a presença de Arthur Cervero, o moreno falava sem parar sobre tudo de uma forma cansativa de tão animada; o mais alto não tinha nada contra ele, apenas achava que não tinha capacidade de acompanhar toda a energia de Arthur.

  Desde o dia da floricultura, Dante encontrou Arthur na escola uma única vez, foi na cantina enquanto lia o livro indicado pela professora de literatura, o Cervero se aproximou de mansinho e fez questão de surpreender o loiro, agradecendo infinitamente pelas flores que Dante sugeriu, acrescentando que sua madrinha havia adorado.

  — Mas foi assim que eu conheci eles, legal demais, né? — Arthur terminou de falar depois de alguns minutos e Dante assentiu, concordando.

  — Tenho a impressão de que seu amigo Joui não gosta de mim. — O loiro comentou usando o assunto como gancho. — Ele me olhou de uma forma estranha quando você decidiu vir comigo.

  — Ah, não liga não. — Arthur disse com pressa, rindo divertido. — Ele é ciumento, mas não gostar de você é outra coisa.

  — Certo. — Dante assentiu, voltando a ficar em silêncio enquanto procurava o relógio da ruiva.

  — Então, Dante. — Arthur voltou a falar depois de um tempo. — O que você tá achando da escola?

  — É um ambiente confortável. Os professores são aplicados e ensinam de uma forma dinâmica. — Respondeu calmo.

Ah, Meu Pobre Coração!Where stories live. Discover now