Ah, Meu Pobre Coração!

Capítulo 4

  Thiago, assim que pesquisou a frase que Liz havia dito para ele, levantou do seu lugar na sala do clube de jornalismo e correu para a biblioteca, procurando Liz – que estaria com César – pelo o lugar.

  — Liz! — Exclamou alto o suficiente para todo o cômodo ouvir, rapidamente a bibliotecária se aproximou e o lançou um olhar ríspido.

  — Thiago Fritz! — Ela reclamou, mesmo com a biblioteca estando vazia.

  — Ô dona Caramelo, tu viu a Elizabeth Webber? Ela tava aqui com o César Cohen.

  — Meu nome é Camélia. — A bibliotecária o corrigiu, irritada. — Os dois deixaram a biblioteca faz uns dez minutos, já pensou em procurá-la no clube dela?

  — Vou tentar, obrigado dona Caramelo. — Ele disse com pressa, deixando o local logo em seguida, sem ouvir a reclamação da bibliotecária.

  O Fritz andou, mesmo querendo correr, até a sala do clube de astronomia, bateu na porta e esperou que alguém respondesse, não teve paciência para isso e abriu a porta de uma vez, ganhando a atenção de todos na sala.

  — A Liz tá aqui? — Todas as cabeças negaram e Thiago logo se retirou.

  Tudo o que tinha sobrado era a casa de Elizabeth, Thiago até cogitou a ideia de esperar até o próximo dia, mas sentia seu coração eufórico, ele precisava responder o que a Webber tinha dito para ele no parque.

  O Fritz não tinha levado a bicicleta naquele dia, então meteu o pé na rua e correu até a casa de Liz que ficava do outro lado da cidade. No meio do caminho uma chuva torrencial o encharcou mas ele não desistiu. Quando chegou na casa da garota, o sol já havia se posto e a lua se escondia atrás das nuvens carregadas; Thiago se abaixou para pegar um pouco de ar e apertou a campainha 15 vezes, alguns minutos depois Elizabeth apareceu com um guarda chuva e foi até o portão, olhando para Thiago de forma apreensiva.

  — Thiago, não é o melhor... — Ela tentou falar mas o Fritz levantou as mãos, interrompendo.

  — É a minha vez de falar. — Ele pegou um punhado de ar e começou a despejar as palavras. — Elizabeth Webber, terça feira você disse assim pra mim: "a lua tá bonita hoje, né?" e eu fui um completo ignorante. A lua estava linda, as estrelas também, mas não só as estrelas como os seus olhos e seus cabelos, sua pele, tudo! Você é linda Elizabeth Webber! É inteligente, dedicada, mandona, responsável e o amor da minha vida! Sim, você é o amor da minha vida! Desde que você me ajudou naquela prova de química do primeiro ano! Você não tinha porquê me ajudar naquilo mas mesmo assim me ajudou. Eu sou ignorante, um imbecil, um burro do caralho porquê eu só fui perceber que te amava agora! E eu peço inúmeras desculpas por você ter que aguentar a minha cabeça dura, desculpas por você ter passado por essa humilhação de se declarar para mim e eu dar uma de debochado. Eu...

  — Thiago. — Elizabeth o interrompeu, um pouco mais séria, apesar de parecer emocionada. — Não é um bom momento.

  Quase como pura coincidência, um som alto de vidro quebrado foi ouvido e logo fora acompanhado de gritos raivosos de uma voz grave. Thiago parou no lugar e olhou preocupado para Elizabeth.

  — Liz, é o seu pai? — Ele perguntou sério e a Webber desviou o olhar.

  — Thiago, acho melhor você ir.

  — Não, Liz. Eu não acho que isso seja melhor, eu não posso deixar você e sua mãe aqui com ele.

  — Thiago, com ele lido eu e minha mãe. Nos vemos na segunda, ele não vai ficar por muito tempo, qualquer coisa eu ligo pra polícia. Agora vai, eu falo melhor com você depois. — Liz insistiu e o Fritz tentou retrucar mais uma vez, mas ela não deixou. — Se você diz que me ama e confia em mim, vai pra casa.