Trégua

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Para sua irritação e vergonha, penelope estava tão assustada que seu peito subia e descia como o de um passarinho encurralado, e ela só conseguiu concordar com a cabeça. Sem se deixar abalar pelo medo óbvio da esposa, Colin explicou a primeira alternativa:

— Você pode ir embora comigo, não me importa se tranquila e obediente ou dando um escândalo. De toda forma, se sairmos agora, todos aqui vão saber por que vim buscá-la.

Quando ele fez uma pausa, penelope engoliu em seco e perguntou com a voz rouca:

— Qual é a segunda opção?

— Para salvar sua dignidade — respondeu ele —, estou disposto a acompanhá-la até a pista de dança e tentar fingir que nós dois encaramos sua aposta como um simples gracejo. Mas não importa qual opção você preferir, ainda vamos resolver isso quando chegarmos em casa, está me entendendo?

A última frase e a ameaça inegável de punição física eram desesperadoras o suficiente para fazê-la concordar com tudo — com qualquer coisa que os fizesse demorar mais ali.

Em meio à confusão na sua mente, ocorreu a penelope que, ao oferecer a oportunidade de salvar seu orgulho, o marido a tratava com mais consideração do que ela ao fazer uma aposta pública contra ele.

— Prefiro dançar...

Colin observou o belo rosto pálido da esposa e ignorou uma onda de admiração por sua coragem, oferecendo-lhe um braço. Ela o aceitou, tocando-o com a mão trêmula.

Assim que ele saiu da sua frente, penelope viu o movimento ágil e culpado de várias cabeças se virando e percebeu que muita gente observara aquela conversa.

Com um ar de dignidade despreocupada, ela seguiu com Colin através da multidão fascinada, que se abria como o Mar Vermelho para deixá-los passar, girando para observar os dois.

Porém, a jovem  perdeu um pouco a compostura quando um casal saiu do seu caminho e ela se viu diante de Elizabeth Grangerfield, cujo marido idoso falecera recentemente.

A surpresa do encontro com a antiga amante de colin quase a fez tropeçar, apesar de o marido e Elizabeth parecerem completamente tranquilos enquanto se cumprimentavam.

— Seja bem-vindo, senhor Bridgerton — disse a mulher em sua voz sedutora enquanto oferecia a mão.

— Obrigado — respondeu Colin com um sorriso educado, dando-lhe um beijo breve.

— Nunca mais apareceu para me fazer uma visita senhor Bridgerton... Sinto falta de sua  companhia nas madrugadas

— Eu Agora sou homem de uma mulher Só

Elizabeth olhou Penelope de cima a baixo como se procurasse por algo que deixou colin tão encantado.

— Sua esposa não irá se importar se me fizer alguns favores — Ela piscou — Somente o senhor Faz coisas digamos... Maravilhosas

Observando os dois, penelope sentia como se tivesse levado um soco no estômago. De alguma forma, conseguiu não transparecer nada enquanto se afastava mas, quando chegaram à pista de dança e Colin tentou colocar a mão em sua cintura, ela se afastou, encarando-o com raiva.

— Prefere ir embora agora? — perguntou ele numa voz aveludada, enquanto os dançarinos ao redor começavam a se mover e girar.

Furiosa demais para notar que os dois tinham se tornado alvo de seiscentos pares de olhos curiosos no segundo em que pisaram na pista, penelope levou a mão com relutância à manga do paletó preto do marido — mas seu rosto deixava claro que detestava tocá-lo.

Say You'II remember meWhere stories live. Discover now