A aposta (parte 3)

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Segurando a saia, ela girou, procurando por David. E encontrou vários rostos masculinos hostis a encarando.

Quando finalmente achou o amigo, foi até ele com um olhar raivoso e o coração apertado.

— Penelope, meu amor — disse David, sorrindo —, você está mais bela do que...

Ele fez menção de pegar sua mão, mas ela se afastou, encarando-o com raiva e desconfiança.

— Como pôde fazer isso comigo?! — explodiu ela, amargurada. — Não acredito que registrou a aposta num livro e colocou meu nome lá!

Pela segunda vez desde que o conhecera, ele perdeu o controle de sua expressão entediada por um instante.

— Como assim? — perguntou ele baixinho, num tom indignado. — Fiz o que você me pediu.

Você queria mostrar para a sociedade que não vai se jogar aos pés de Colin, e registrei a aposta no lugar mais visível. E não foi fácil — continuou ele, irritado. — As apostas só podem ser registradas por sócios do White’s, então tive que colocar meu nome antes do seu para garantir que..
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— Eu queria que a aposta fosse feita no seu nome, não no meu, e foi por isso que pedi a você para fazê-la! — exclamou Penelope, cheia de ansiedade. — Uma aposta discreta, confidencial e não registrada!

As sobrancelhas de David se uniram enquanto a raiva dava espaço para indignação.

— Não seja boba! O que você teria a ganhar com uma aposta “discreta e confidencial”?

— Dinheiro! — exclamou Penelope, arrasada.

— Dinheiro? — repetiu ele, sem entender. — Você fez aquela aposta porque queria dinheiro?

— É claro! — respondeu Penelope, ingênua. — Que outro motivo existe para fazer uma aposta?

Encarando-a como se ela fosse um espécime curioso da humanidade completamente além da sua compreensão, David explicou:

— As pessoas fazem apostas porque gostam de vencer. Você é casada com um dos homens mais ricos da Europa. Por que precisaria de dinheiro?

Essa pergunta, apesar de lógica, exigiria que Penelope discutisse questões íntimas demais.

— Não posso explicar — disse ela com tristeza —, mas me desculpe por colocar a culpa em você.

Aceitando o pedido de desculpas com um aceno de cabeça, David parou um lacaio que passava e pegou duas taças de champanhe da bandeja, entregando uma para a amiga.

— Será que existe alguma chance de Colin não ficar sabendo da minha aposta? — perguntou ela pouco depois, num tom ansioso, ignorando o silêncio pesado que subitamente tomava o salão.

David, que sempre prestava atenção em tudo, lançou um olhar curioso ao redor e, então, voltou-se para a escadaria, seguindo a direção que todos encaravam.

— Quase nenhuma — disse ele, irônico.

Com um gesto indiferente da mão, o aristocrata indicou que ela olhasse para a entrada no mesmo instante em que o mordomo dos Lindworthy anunciava um nome no qual Ondas de choque e empolgação percorreram a multidão, e Penelope ergueu a cabeça, encarando horrorizada a figura alta e ameaçadora vestida completamente de preto, que descia a escadaria com ar determinado.

Ela estava a menos de quinze metros do marido, mas, quando Colin chegou ao último degrau, o mar de gente no salão pareceu se aproximar dele como uma enorme onda, causando uma explosão de cumprimentos e uma cacofonia ensurdecedora.

O rapaz era mais alto que a maioria das pessoas ali, e, do canto onde estava, Penelope observou enquanto ele sorria discretamente e fingia prestar atenção no que as pessoas diziam, sem parar de analisar a multidão — procurando por ela, para seu pavor. Em pânico, a jovem engoliu o restante do champanhe e entregou a taça vazia para David, que lhe passou a dele.

— Beba a minha — disse o amigo. — Você vai precisar.

Penelope olhou ao redor como uma raposa em busca de esconderijo, analisando cada trajeto possível e voltando atrás quanto percebia que a deixariam na linha de visão direta do marido.

Sem poder sair de onde estava, ela se pressionou contra a parede e, sem pensar, levou a taça de David aos lábios no mesmo instante em que encontrava o olhar da Lady Bridgerton, que estava à direita que a fitou com um ar estranho, tranquilizador, e disse algo para kate.

Um instante depois, sua amiga abria caminho entre a multidão que cercava Colin, vindo na direção de Penelope e David.

— Nossa Sogra pediu por favor para você não resolver beber demais pela primeira vez justamente hoje, e para não se preocupar, porque Colin vai saber exatamente como se comportar quando descobrir que você está aqui — informou kate assim que os alcançou, num tom nervoso.

— Ela disse mais alguma coisa? — perguntou Penelope, precisando desesperadamente ser tranquilizada.

— Sim — respondeu kate, concordando com a cabeça. — Ela me pediu para ficar grudada em você e não deixá-la sozinha, não importa o que acontecer.

— Meu Deus! — explodiu Penelope. — Mas ela não tinha dito para eu não me preocupar?

David deu de ombros.

— Talvez Colin ainda não saiba da aposta, então tente se acalmar.

— Não estou preocupada só com a aposta — informou Penelope, observando Colin, tentando prever para onde ele iria quando conseguisse se libertar da multidão, para que pudesse seguir na direção contrária. — Meu medo é ele descobrir que estou...

Alguém à direita de Colin lhe disse algo, e ele virou a cabeça; seu olhar analítico observou rapidamente a parede em que ela se apoiava... passou por kate, passou por David, passou por Penelope... e, então, voltou, se fixando na esposa como uma dupla de pistolas mortais.

— ... aqui — concluiu a jovem num tom desanimado, enquanto Colin a encarava, paralisando-a com o olhar, deixando bem claro que iria atrás dela assim que pudesse.

— Acho que ele acabou de descobrir — brincou David.

Afastando o olhar do marido, Penelope buscou um lugar seguro para se abrigar antes de ele sair da frente de sua única rota de fuga — um lugar onde não parecesse que estava se escondendo.

A coisa mais segura a fazer, concluiu ela num impulso, seria se misturar aos setecentos convidados e tentar desaparecer na multidão até Colin perdê-la de vista.

— Vamos “passear”, minha querida? — sugeriu David, obviamente chegando à mesma conclusão.

Um pouco aliviada, Penelope concordou com a cabeça, mas a ideia de “passear” logo ficou menos interessante ,Sem parar, ela se inclinou para colocar a taça de champanhe sobre uma mesa e quase gritou quando uma mão apertou seu antebraço com crueldade e a virou.

Ao mesmo tempo, Colin surgiu na sua frente, fazendo um ótimo trabalho em isolar os dois da vista dos convidados.

Apoiando um braço na parede, o rapaz a prendeu com o corpo ao mesmo tempo em que parecia um cavalheiro tranquilo tendo uma conversa levemente íntima com uma dama.

— Penelope — disse ele num tom calmo que escondia a fúria em seus olhos — Apesar de sua aposta e de sua desobediência ao vir aqui hoje mais do que merecerem um castigo público, vou lhe dar duas opções. Quero que você preste bastante atenção nelas.

Say You'II remember meWhere stories live. Discover now