— Eu estou só aguardando o final da quermesse. E vocês são muito desconfiadas.
— Então você quer mesmo fechar negócio comigo?
As pessoas olhavam estranho pra nós. E eu já imaginava que não era algo comum, uma noviça sentada numa lanchonete com um rapaz e comendo porcarias.
Eu não gostava muito do jeito que me olhavam, já estava a ponto de levantar e mandar todos à merda. Mas o Felipe colocou a mão sobre a minha e sorriu.
— Ignora. Mas respondendo sua pergunta, é claro que quero.
Nossos pedidos chegaram e fomos comer. Fazia anos que não comia um hambúrguer tão bom, só não sabia se era realmente bom ou se era só a fome e a abstinência.
Quando terminamos, ele me acompanhou de volta para a barraca . No caminho de volta fomos conversando animadamente sobre coisas que não envolviam nem o convento, nem a lanchonete. O papo dele era muito agradável.
— Pronto irmã, aqui está a Joana, sã e salva.
— Muito bem.
— Joana, obrigado pela companhia, até amanhã.
Ele se despediu de todas e se foi.
— Como foi o passeio? - perguntou a irmã Maria.
— Muito agradável e conheci a lanchonete dele.
— Olha só, não reclamou... isso é um grande passo.
— Laura não começa - alertei.
E assim, foram os dias seguintes, o Felipe aparecia, trocávamos algumas palavras e ele ia embora, isso até o último dia da quermesse, nesse dia, ele novamente me convidou para um passeio e eu fui, após a irmã Maria autorizar.
Ele me comprou um algodão doce e fomos caminhando e conversando.
— Desculpe ser indiscreto, mas há quanto tempo você está no convento?
— Desde os meus treze anos.
— Tão jovem e já sabia que era isso que você queria?
— Pois é...
— Seus pais sempre te apoiaram nessa sua escolha?
— Meu pai mais que minha mãe.
— Você nunca desejou ter uma família?
— Não quero falar disso.
— Ok. Vamos voltar, antes que a irmã não me permita ter a minha família.
Fiquei sem entender e o Felipe viu minha cara de interrogação.
— Foi uma piada... sobre ela me... deixa pra lá.
Chegamos e não havia ninguém na barraca. Comecei a ajeitar tudo já que seria o último dia e no dia seguinte não teria mais nenhuma barraca ali.
Felipe me ajudou e no fim, a irmã voltou com a Laura e outra noviça.
— Vocês já arrumaram tudo!
— Sim. Onde vocês estavam?
— Fomos até a igreja.
— Bem Joana, vou indo... Essa semana ainda, dou um pulo no convento para conversar com a Madre. Tchau pra vocês.
— Melhor ir de carro, se for pulando vai cansar, você não é coelho nem canguru.
Ele riu, apertamos as mãos e ele se foi.
[...]
Com dois dias, Laura chega correndo na capela, onde estou orando.
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𝕾ob o Véu
RomanceTrancado desde os seus 13 anos e não por seu desejo ou amor, mas por obrigação e para salvar sua vida e de quem ama. Seu maior desejo é sair de lá e viver uma vida normal como os jovens de sua idade. Porém, sabe que é muito arriscado e não quer co...
第4章 (Cap.4)
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