Se era para ser, não foi.

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Eu estava olhando a rua pela janela do quarto, ansiosa para a chegada de Lynn Baker. Talvez eu tenha mentido, tinha dito que Apolo, o irmão dela, estava comigo só para que Lynn viesse até a minha casa. Tecnicamente, não era uma mentira, Apolo ia chegar depois, ele tinha me enviado uma mensagem mais cedo dizendo que iria me visitar um pouco mais tarde. Como Lynn sabe que o irmão sempre vem me visitar, ela, que está querendo falar com ele antes de ir resolver um problema de trabalho, decidiu passar aqui em casa porque o irmão não atendia o celular. Vi a oportunidade perfeita para ficar sozinha com ela. Minhas mães não estavam em casa, era uma chance entre um milhão de tudo acontecer como eu tinha planejado, era um risco, mas tinha esperanças de que pudesse avançar um pouco e que Lynn colaborasse dessa vez.

Quando a campainha tocou, desci correndo as escadas. Uma das empregadas da casa estava indo em direção a porta. "Pode deixar, eu abro." Lynn está com os cabelos presos em um rabo de cavalo, um top preto, calça legging e tênis de corrida, ela adora correr toda manhã para se exercitar e porque, como já tinha me dito antes, ajuda muito a colocar todos os pensamentos em ordem.

"Oi", fala e quase rasgo o meu rosto quando a vejo sorrindo para mim. "Meu irmão tá aí?"

Se eu disser que sim, ela vai entrar. Se eu disser que não, ela vai embora, penso e decido que é melhor sustentar a mentira do que perder a minha chance única. Geralmente, eu e Lynn não costumamos ficar sozinhas, isso porque Lynn colocou essa regra entre nós duas depois de eu tentar beijá-la na festa de aniversário do seu irmão no ano passado. Lynn não gosta quando fico insistindo e dando em cima dela, e eu detesto que Lynn dê em cima de todas, menos de mim. Eu sou linda, herdei o bundão da minha mãe e Lynn adora bundas, pelo menos é o que deduzi quando Apolo me disse que a tela de papel de parede do notebook da irmã é uma modelo de calcinha e sutiã de costas, com um belo traseiro ocupando metade da tela. Acho impossível Lynn não se sentir nem um pouco atraída por mim, além da beleza, eu tenho consciência que tenho um corpo dentro dos padrões e não tem um só garoto que não me deseje, até Apolo anda feito um cachorrinho atrás de mim.

"Vem", digo, pegando a mão de Lynn. "Ele está no meu quarto."

Juntas, subimos os degraus da escada e quando chegamos ao meu quarto, fecho a porta. Não dou tempo para que Lynn raciocine sobre o que vai acontecer quando a puxo pela nuca e a beijo. Essa boca e o gosto desse beijo é diferente de tudo o que eu já provei na vida. Apolo beija bem, eu gosto de beijar ele quando não tenho nada melhor para fazer, mas Lynn é diferente, o gosto do beijo dela, além de bom, é doce, e os lábios são macios demais, parecem algodão doce.

"Kenna", Lynn me afasta de repente, segurando meus ombros, interrompendo o nosso beijo. "Que merda você pensa que tá fazendo?"

"Beijando você", estendo a mão para agarrar mais uma vez a sua nuca, mas ela dá um passo para trás. "Dá pra parar de fingir que não gosta de me beijar?"

Lynn passa os dedos abaixo do lábio inferior para limpar os resquícios de brilho labial. "Já conversamos sobre isso, você tem dezessete anos e eu tenho vinte e três. É errado ficarmos juntas. E você está com o meu irmão."

Reviro os olhos e tombo a cabeça para o lado, entediada. Odeio quando estou falando sobre nós duas, eu e ela, e ela mete Apolo no meio da conversa. Seu irmão é um passatempo, eu não o amo e não sei quantas vezes eu vou precisar explicar isso porque ela não entende, assim como o meu pai. Desde pequena papai criou essa coisa na cabeça dele de que, quando eu crescesse, eu deveria namorar com Apolo porque ele é um cara legal e as mães dele são bem de vida. Eva Morgan é uma das melhores jornalistas do país e Jessica investe em diversas coisas, mas papai nunca cogita a possibilidade de que eu possa me apaixonar por uma menina.

"Apolo não é meu namorado", esclareço, sentando na cama. "E minhas mães se apaixonaram quando tinham a nossa idade, qual o problema?"

"O problema é que eu não sou a minha madrinha, Kenna. E não foi com a nossa idade, minha madrinha tinha vinte e um e Reagan dezessete. Eu tenho vinte e três anos, Kenna. Vinte e três", explica como se fosse um absurdo a ideia de ficarmos juntas por conta da nossa diferença de idade. Lynn caminha até o outro lado do quarto e mexe nos cadernos em cima da minha mesa de estudos. Não abre nenhum, só verifica a capa virando de um lado para o outro. "Amanhã começa as aulas e eu preciso te falar uma coisa."

Internato Lewis (Spin-off de L.A)Where stories live. Discover now