Quando o garoto acanhado se aproximou da mesa, Harry o chamou para se sentar ao seu lado. Em choque, Dennis foi até onde eles estavam, sentando-se pesadamente, a jaqueta pingando água assim como todo o seu corpo.

    - Você deve estar congelando! - exclamou Harry, tirando o casaco pesado dos ombros do menino e lançando um feitiço de secagem em todo o seu corpo, seguido por um de aquecimento, sorrindo com o suspiro de alívio que Dennis soltou. - Melhor?

    - Muito. Obrigado - agradeceu o pequeno, com um sorriso envergonhado. - Você é Harry Potter, certo? Meu irmão mostrou fotos suas... as que não foram queimadas.

    - É, sou eu, embora você possa me chamar só de Harry.

    - E nós somos Pansy, Blaise, Draco, Daphne, Theo e Astória. Somos um combo - disse Pansy, estendendo a mão para o menino envergonhado.

    - Eu sei quem vocês são... Estão nas fotos também. Colin me contou sobre todos — só coisas boas.

    - O que tem de ruim pra falar sobre nós? - perguntou Blaise, arrogantemente, jogando o cabelo imaginário para trás, fazendo-os rirem baixinho.

    - Bem vindo a casa da Sonserina - disse Harry, dando um tapinha no ombro do menino no momento em que a seleção acabou e Dumbledore se levantou.

    - Só tenho duas palavras para lhes dizer - começou ele, seus braços bem abertos como se quisesse abraçar a todos, um sorriso de aparência gentil no seu rosto. Sua voz grave ecoou pelo salão. - Bom apetite!

    - Finalmente, sabias palavras! - jorrou Draco, logo se colocando a comer.

    As conversas foram poucas e cordiais durante a refeição, os mas velhos aproveitando o tempo para conhecerem os mais novos, e logo a sobremesa surgiu nas mesas e devoradas em igual velocidade. Harry terminava de saborear a sua torta de doce de leite quando Dumbledore se levantou novamente, o Salão silenciando rapidamente.

    - Então! - ele exclamou, sorrindo para todos. - Agora que já comemos e molhamos bem a garganta, preciso mais uma vez pedir a sua atenção, para alguns avisos.

    Ele falou sobre as proibições de Filch, pelo qual Harry e nem os seus amigos deu a mínima — o que ele não sabia, não doía, afinal.

    - Como sempre, eu gostaria de lembrar a todos que a floresta que faz parte da nossa propriedade é proibida para todos os alunos, e o povoado de Hogsmeade, àqueles que ainda não chegaram ao terceiro ano.

    "Tenho ainda o doloroso dever de informar a todos que não realizaremos a copa de quadribol entre as casas esse ano."

    Embora já soubesse disso, Harry não pode impedir o sentimento de tristeza de se apossar dele. Não poderia voar como sempre...

    Dumbledore continuou, sob xingamentos:

    - Isto se deve a um evento que começará em outubro e irá prosseguir durante todo o ano letivo, mobilizando muita energia e muito tempo dos professores, mas eu tenho certeza que vocês irão aprecia-lo imensamente. Tenho o grande prazer de anunciar que este ano, em Hogwarts...

    Mas nesse momento ouviu-se uma trovoada ensurdecedora e as portas do Salão Principal se escancararam.

    Harry soube imediatamente quem era, e não pode impedir o pensamento de que era a pessoa mais feia que ele já tinha visto, coitado. Estava parado à porta, apoiado em um longo cajado e coberto por uma capa de viagem preta. Seu rosto parecia talhado em madeira exposta ao tempo, por alguém que não entendia nada de feições humanas. Cada centímetro da sua pele parecia coberta por cicatrizes. A boca levava um rasgo diagonal e faltava um pedaço do nariz. Seus olhos, porém, eram os mais assustadores — um miúdo, escuro e penetrante, enquanto o outro era grande, redondo como uma moeda e azul-elétrico vivo. Conforme ele andava, fazia-se um barulho de metal batendo na pedra, que Harry sabia ser proveniente da sua prótese. Ele não queria nem pensar nas aventuras que Olho-Tonto Moody tivera que passar para ser desse jeito.

What you did in the DarkWhere stories live. Discover now