Capítulo 47 - Mês 6

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Olivia passa a mão nos fios curtos. O novo corte a conferiu um ar mais infantil,  o que contrastava com a voz potente. Seus olhos repousam em mim, conseguia ver que provavelmente tinha milhões de coisas a me dizer, mas estava, inutilmente, tentando esconder. 

-Você está uma merda. - Diz por fim. 

- Obrigado. 

Não vou discordar porque eu realmente me sentia uma merda. Ainda faltava quatro horas para  poder tomar o remédio. Meu pulso parecia querer despoja-se de meu corpo. 

- Você está bem? - Pergunto, não somente para tirar o tópico sobre mim, mas também porque faz tempo que não conversávamos. 

- Sim. Estou empregada, namorando uma pessoa que vocês podem chamar de ética e convivendo menos com Lucca. Não poderia ser melhor. 

- Então, quando vai apresentar o seu namorado para gente? Sabe que Tony só fala disso? 

Olivia revira os olhos. 

- Nunca! Eu não quero Lucca e Tony se metendo na minha vida. Eles são muito imaturos. 

- Acho que os dois sabem de comportar. Fala sério, eles têm mais de vinte anos! 

Ela me olha como se eu estivesse blasfemando.

- Será que namorar com Lucca te tornou em um idiota? Talvez sim, olhe como você está nessa relação. 

Penso em rebate-la, mas ela continua a dissertar. 

- Olha, nós não estamos a tanto tempo juntos. Oficializamos recentemente. Mas é um fato que estamos em momentos diferentes das nossas vidas. Ele já é pai, divorciado! Eu sou uma jovem mulher, linda, perfeita, completamente independente, mas que não sou louca de recusar um homem rico que queira me mimar. As cartas estão todas para mim! Não vou arriscar com Tony e Lucca, sendo que os dois são uns grandes imbecis. A idade mental deles ainda está na adolescência! 

Sorrio, porque em parte eu não posso negar. 

- Os filhos dele gostam de você? 

- Mais ou menos. A menina é um porre. Mas eu não me importo. Ela e a mãe são dois poços. Não é como se eu me esforçasse também. Não sou boa com adolescentes! Por isso, não me dou bem com o seu namorado. Que nunca saiu dessa fase. 

Gargalho. Era impossível crer que Olivia e Lucca vivesse como inimigos durante todos esses anos em que moravam juntos.  No início eu achei que era apenas uma troca despretensiosa, mas com o tempo as farpas foram se tornando completamente desnecessárias e eles apenas não conseguiam evitar jogar um para cima do outro. 

- Seja como for, vamos falar de você. - Diz, enfim. 

Penso em alguma desculpa para subir, mas eu não podia ignora-la. 

Lucca se recusou a ficar com a gente. Ele optou por ignorar Olivia e disse que me esperaria no quarto. Por um momento considerei que eles estivessem brigados, até que a ficha do cotidiano deles voltou a minha memória. Eles sempre andam brigados!

- Já sei o que você vai dizer, então, poupe as suas cordas vocais, por favor. 

Olivia reclina sobre a cadeira, dobrando os braços. Sua expressão cínica. 

- Sério, se tivesse se apaixonado por mim, não estaria tão fatigado. Eu já estaria morando com você. 

Sorrio, acenando. Aguardo por ela continuar na brincadeira, contudo, sua preocupação torna-se evidente. 

- Não estou fatigado.

- Claro que está. E o seu namorado está tão ocupado enfiando a cara dele no próprio cu que não percebe isso. Não sei se você se lembra, mas eu te disse meses atrás que namorar Lucca não era uma boa ideia. 

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Kde žijí příběhy. Začni objevovat