Capítulo 46 - Mês 6

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O aeroporto se tornou usual na minha rotina. A vendedora da loja na qual contém os doces que Lucca é viciado já me chama pelo nome, tamanha ação costumeira se tornou viajar. Lucca estava extremamente enrolado com o serviço, essa semana eu mal tive tempo para descansar devido as reuniões constantes para a um grande projeto. Ou seja, por isso quase não tivemos tempo para nos falarmos. 

A escolha de ficar em casa e terminar os outros três projetos individuais seria adequada, no entanto, meu pulso estava doendo insistentemente dentre os últimos dias. E não posso, de acordo com Naki, me entupir de remédios para fazer passar a dor. Ela me forçou a ir no médico e o homem enfaixou o meu pulso. Isso foi de tamanha covardia comigo, preciso da mobilidade para o meu trabalho. Garantido que eu ficaria apenas 3 dias com o imobilizador, eu decidi ceder. A dor estava me perturbando e, de qualquer forma, não conseguiria fazer as coisas de modo harmonioso. 

Visitar Lucca seria um bom descanso, mesmo que seja apenas para olha-lo enquanto trabalha. Também, não tivemos tempo para conversar sobre a última semana. 

Acima de tudo isso, eu me sentia exausto. A dor no pulso e o fato de viajar está começando a se tornar algo inconveniente, mesmo que não tentasse pensar assim, era o que estava firmando em minha mente. E nada ajudava Lucca se tornar inexpressivo e, com a distância, grande parte do tempo eu não faço ideia do que acontece com ele. Ainda mais quando ele se fechava propositalmente como agora. 

Sinto-me como se estivesse correndo, acelerando o máximo que posso e no processo estou perdendo os detalhes. Trabalhar na J7T está sendo uma oportunidade essencial na minha carreira. Embora eu saiba que sou bom no que faço, não acreditava que poderia ter uma chance de ser efetivado. Mesmo com os comentários de Marcus e Luana sobre a afeição ao meu trabalho da coordenadora Melissa, não fortifiquei esses ideias. Não deixar florescer esperança era o melhor a se fazer. Soma-se a isso o fato de que eu prometi voltar para Lucca. Então, mesmo que por dentro ser aceito na J7T fosse uma esperança, pelo menos eu não teria de escolher entre o trabalho e o meu namoro. 

A questão era que eu preciso desacelerar e não sei como. 

Ao passo em que amo estar trabalhando em uma empresa cheia de oportunidades e com pessoas extremamente talentosas, eu sinto falta de Lucca. 

Não ocorreu a dúvida se eu estaria levando tudo a sério demais. Não funcionava assim comigo. Se eu sinto algo por alguém, eu me entrego ao sentimento. Nega-los nunca fazia bem. E eu me recuso a viver com mais mágoas além das que eu já carrego. 

Mas Naki tinha razão. Eu estou, lentamente, preparado para desabar. 

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Parecia que o universo estava se esforçando para me deixar estressado.

Eu só havia parado para comprar flores e o céu desabou. Tenho certeza de que estava sol quando entrei na floricultura. Precisava proteger as hortênsias, pequenas flores azuis e muito fofas. Acho que combinam com Lucca. Ao, finalmente, conseguir um táxi, o trânsito, até então inexistente, surge por causa de um acidente. 

Meu pulso voltou a doer meia hora depois de estar esperando a ambulância chegar e os policiais organizarem o trânsito. Me recusei a olhar o preço do taxímetro. Nesse momento  conseguia escutar a voz de Olivia me chamar de burro por não ter pego um uber. 

Horas, dias ou meses depois, eu realmente não sei, os carros voltam a se movimentar. O céu já estava escuro quando acordei, a ideia de ter perdido todo o meu dia dentro de um táxi que iria arrancar metade do meu dinheiro não poderia significar um bom dia. Não mesmo. 

Leio as mensagens de Lucca, suspiro aliviado por ele parecer ter voltado ao seu estado normal.

11:50 - Qual seria a melhor escolha? 

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Where stories live. Discover now