𝕻𝖆𝖗𝖆 𝖘𝖊𝖒𝖕𝖗𝖊 𝖒𝖎𝖓𝖍𝖆 𝕵𝖚𝖑𝖎𝖊𝖙𝖆 ⚔ 𝕵𝖊𝖔𝖓𝖌 𝕵𝖆𝖊𝖍𝖞𝖚𝖓

Capítulo Dois

O criado reverenciou e saiu dali. Jaehyun voltou a sentar apoiando um dos cotovelos na balaustrada encarando fixamente a moça, como se a qualquer momento ela sumisse dali. A professora de etiqueta falava muitas coisas, numa voz audível e difícil de suportar. Por conta dela o tempo pareceu se arrastar demoradamente, e quando o criado voltou, a boca e as sobrancelhas do príncipe estavam tensas; o criado curvou-se e passou as informações:

— O nome dela é Julieta. Reside no condado de Crisálida.

Jaehyun absorveu as informações por um breve momento e então perguntou:

— Somente isso?

— Sim alteza.

— Retire-se então. — assim o criado fez, deixando Jaehyun sozinho a observar Julieta.

O condado de Crisálida fica a centro-oeste do reino, cortado ao meio pelo rio principal. Por conta deste último detalhe, os arvoredos do local são os mais belos e incomparáveis dentre os reinos vizinhos, denominado de florestas das ninfas devido às inúmeras histórias orais e ao seu ar naturalmente encantado; Jaehyun pôs-se a idealizar que Julieta era um desses seres encantados, que saiu de dentro das águas, conduzindo-se até o palácio.

Vez ou outra, enquanto o tempo passava, ele pegava-se rindo sozinho ao imaginá-la proferindo com sua voz feminina "vossa alteza" para si, e reverenciando timidamente, erguendo com as mãos finas a saia do vestido. Pensava também, que numa situação onde ambos estivessem bem perto, ela abrisse um leque, abandonando-se bem na direção dos seios. O rosto do príncipe esquentava num estado quase febril!

Infelizmente, naquele dia, ele não falou ou se aproximou dela, mas pelo lado bom, ela não foi uma das dezenas eliminadas. Haveria então outro dia para apreciá-la. 

Jaehyun acordou cedo no outro dia, e arrumou-se no intuito de se aproximar, porém, como no dia anterior ele somente a observou no camarote. As mãos suavam, e quando pensava em descer as escadas para falar com ela o corpo todo paralisava. Não tinha atitude e nem coragem, pois somente em ouvir os risos das moças ecoando pelo salão, seu rosto ruborizava de vergonha e embaraço. Não sabia agir perto de uma jovem mulher, não fazia nem ideia.

No outro dia ele pretendeu arriscar, descendo as escadas enquanto respirava fundo controlando o nervosismo. Entretanto, duas mulheres de penteados enormes e rostos pintados vinham em sua direção. Jaehyun abaixou a cabeça e parou de andar com tamanho constrangimento. Uma delas tinha a voz muito elegante, como uma cantora de ópera, e usava saias tão largas que era impossível de ver qualquer vestígio de seus sapatos. Por um momento, Jaehyun pensou que ambas o reverenciariam por ser o príncipe do reino, mas elas passaram como se não houvesse nada ali.

Ele perdeu toda a coragem, subindo novamente as escadas, pigarreando para disfarçar.

Sentou na cadeira que junto ao binóculos serviam como sua única companhia, e lamentou sua falta de coragem para uma coisa tão simples. Se fosse anos atrás, certamente já teria exigido — e conseguido — um encontro com ela nos gazebos perto do lago, bem longe dali. Toda vez que dava uma olhadinha nela apertava os lábios inquieto, marcando suas covinhas. Precisava, no mínimo, garantir que Julieta fosse uma das escolhidas na seleção; ela era ótima em tudo que exigiam as professoras, e não haveria motivos para dispensá-la. Mas mesmo assim tinha medo de algo não agradar as superioras.

Decidiu então, no quarto dia, recorrer a Madeline, arquitetando um jeito de convencê-la a ajudá-lo. Usou o melhor traje, achando que poderia encontrar Julieta, e sentou no patamar de uma das enormes escadarias que levavam até o salão principal. Ninguém o viu, pois estava encostado no corrimão de mármore, somente a própria Madeline que nunca perdia de vista o notou.