Ensina-me A Viver Novamente [EM PAUSA TEMPORARIA]

Capítulo XXI - Sombras na Floresta

De fato estávamos sendo observados. Podia ver múltiplos olhos vermelhos enormes a distância, tanto em solo como no topo das árvores. Os anões quiseram acender uma fogueira mas eu os impedi. Mal podia distinguir os cheiros e sons naquele lugar, o cheiro de madeira queimando e a luminosidade do fogo iriam me atrapalhar ainda mais, além do fato de que a luz agitava as criaturas das Trevas e as incentivam a nos atacar.

Ordenei a todos que dormissem, pois precisavam recuperar ao máximo as energias. Meus companheiros quiseram trocar de turno comigo, mas meus olhos de elfo me permitiam enxergar na escuridão como se fosse dia, portanto eu deveria ficar acordada.

Alguns dias se passaram e me mantive acordada durante todo esse tempo. Acabei me arrependendo, em parte, de minha decisão, mesmo sendo a única alternativa. Passar noites e noites acordada nesta floresta me deixou mais exausta ainda. Normalmente, passar varias noites em claro não me afetariam nem um pouco, mas eu sentia como se minha mana estivesse sendo drenada mais e mais a cada passo que dávamos em direção ao coração daquele lugar amaldiçoado.

"Estelwen... Estelwen você está bem?" Me perguntou Bilbo, eu mal o escutei e ele teve que repetir. Quando eu finalmente respondi, tive forças apenas para acenar que sim com a cabeça. Ele parou e me encarou preocupado, mas eu apenas desviei o olhar e segui meu caminho, com meus companheiros vindo logo atrás. Quando Bilbo viu Thorin passar por ele, ele o interrompeu..

"Thorin, é melhor pararmos um pouco. Acho que Estelwen não está se sentindo bem." Ele comentou.

"Temos que chegar a Erebor, hobbit, estamos ficando sem tempo." Retrucou o anão.

"Não podemos continuar assim Thorin, estamos todos cansados, principalmente Estelwen." Disse meu amiguinho.

"Ele está certo. Não podemos nos dar ao luxo de ficar exaustos demais ​​para lutar em um lugar como esse." Disse Balin, iniciando uma comoção entre meus amigos.

A discussão continuou por um tempo, onde alguns diziam estar bem para continuar e outros preferiam parar um pouco. Quando me dei conta de que a trilha que eu estava seguindo desapareceu. Eu entrei em pânico. 'Por Mahal onde estamos?!' A ansiedade e o barulho causado por meus amigos estava me deixando desorientada e como se apenas isso não bastasse, podia sentir os olhos vermelhos observando a distância, cada vez mais próximos.

Comecei a cambalear. Fiz tudo o que pude para me manter de pé. Eu não poderia desmaiar em um lugar como aquele. Mas eu não aguentava mais. Foi então que perdi o equilíbrio e acabei apoiando a mão na árvore mais próxima. Uma decisão pela qual me arrependi rapidamente. Ao tocá-la, senti uma magia negra poderosa percorrer minha mão e penetrar minha alma, como um turbilhão e pude sentir toda a dor e sofrimento daquelas árvores e animais que morreram quando foram contaminados por essa magia negra.

Eu senti um terror profundo me invadir, um horror que me remeteu a memórias longínquas, das quais eu fazia questão de esquecer. Várias cenas da invasão de Eregion voltaram à minha mente. O grito e o desespero das pessoas sendo arrastadas de suas casas e assassinadas pelos orcs, o cheiro de fumaça e morte retornando a minhas narinas. E a imagem dos estandartes com a marca do olho. O olho de Sauron, que ficou tão nítido para mim que parecia sobressair do tecido preso aos estandartes dos orcs.

Quando voltei a mim, eu tive certeza. Sauron havia voltado. Ouvi meus companheiros me chamarem ao longe, mas ficou tudo escuro e acabei perdendo os sentidos.

P.O.V de Thorin

Vi Estelwen desabar no chão e fiquei apavorado. Corri em sua direção e a segurei, mas ela não parava de tremer, parecia estar alucinando com alguma coisa. Ela gritava e nós gritávamos de volta,  chamando seu nome. Ela finalmente parou e logo em seguida perdeu a consciência. Eu tentei acordá-la mas ela não respondia.