Você tem filhos?!

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  — O-que você…? Como você…? — Kojiro gaguejou, apontando o indicador para Kaoru, que nem ao menos tinha conseguido se levantar — Oque tá fazendo aqui?!

  — Oque eu tô fazendo aqui?! Eu que deveria te perguntar isso! — Kaoru se levantou, pegando o celular da mão do mais alto.

  Os homens se encararam, sem saber oque dizer, constrangidos demais para começar a falar.

  — Meu Deus… — Kojiro começou — Depois de todo esse tempo, o último lugar que esperava te encontrar era numa escola.

  Kaoru franziu os lábios, um gosto amargo na boca. Uma memória invadiu sua mente.
  Sentia que iria vomitar.

  — É. Quem diria — foi tudo que conseguiu dizer.

  — Então. Oque faz por aqui? Veio no lugar da mãe de algum sobrinho ou algo do tipo?

  — Não, vim para a reunião geral. Matriculei meu filho aqui esse ano.

  — Ah, eu também.

  As palavras morreram na boca de ambos.

  — Você tem filhos?! — exclamaram em uníssono.

  Kaoru pigarreou, franzindo as sobrancelhas.
  Kojiro coçou a nuca.

  — Pai!

  Kojiro se virou, sorrindo e acenando para um garoto ruivo de bandana, que parecia ser mais velho que Miya.

  — Porque tá demorando tanto? — o garoto perguntou, se aproximando dos dois.

  — Bom, eu acabei reencontrando um… — o mais alto pareceu procurar a palavra — amigo. Não nos vemos há muito tempo. Na verdade, não nos vemos desde antes de você nascer.

  — Caramba! — o garoto olhou pela primeira vez para Kaoru, o analisando rapidamente — É um prazer conhecer — disse, fazendo uma rápida reverência com a cabeça.

  — Kaoru, esse é meu filho, Reki.

  — É um prazer conhecer também — Kaoru repetiu o gesto do garoto, muito perplexo para esboçar qualquer reação — Sou Kaoru Sakurayashiki.

  — E o seu filho? Não veio com você?

  — Não, ele não quis. Tivemos alguns problemas com a antiga escola dele. Ele está meio apreensivo — Kaoru ligou o celular rapidamente e enviou a mensagem para o filho. Logo em seguido guardou o aparelho.

  — E qual o nome dele? Quantos anos ele tem? — Kojiro perguntou, soando um pouco exasperado.

  — Miya. Ele tem treze anos…

  — O Reki tem dezesseis — Kojiro colocou a mão no ombro do filho.

  — Ah, sim. Bom, eu… tenho que ir. Falei para Miya que levaria ele para tomar chocolate quente depois da reunião.

  — Entendo. Se importa de passar seu número, queria falar mais com você. Em privado.

  Reki olhou para os dois adultos, sentindo o clima estranho.

  — Pai, eu vou dar mais uma volta. Qualquer coisa eu vou estar com o Langa.

  — Claro, filho, vai lá.
  Kaoru observou o garoto descer a rampa para o último andar.

  — Então. Pode me passar seu número?

  — Hum… — Kaoru mordeu o lábio, indeciso, nervoso — Tá. Okay.

  Kojiro estendeu o celular, com a lista de contatos aberta.
  Kaoru digitou o número hesitantemente, salvando como “novo contato” antes de devolver o aparelho.

  — Nos vemos por aí — Kaoru enrolou o cachecol novamente no pescoço, se preparando para sair.

  Contudo, antes que pudesse se afastar, Kojiro o segurou pelo braço.

  — Kaoru — disse o mais alto, meio sussurrado. O mais baixo prendeu o ar — Senti sua falta.

  — Eu… — os lábios de Kaoru tremeram — Tenho que ir.

  Kaoru se apressou em se livrar da mão que o segurava e descer para o térreo de novo.
  Tentou sair o mais rápido que conseguia dali, mas sem correr. Não queria parecer desesperado.
  Não queria deixar transparecer que estava prestes a vomitar. Ou ter um ataque de pânico. Ou os dois.
  No estacionamento, destrancou o carro e sentou no banco do motorista. Bateu com a cabeça no volante, primeiro uma vez, depois duas, logo, três.
  Com um gemido frustrado, descansou a testa ali.
  Que merda! Exclamou em sua mente. Bosta! Grande, gigantesco cocô!
  Não queria lembrar. Não, era muito doloroso.
  Depois do que tinha acontecido dezessete anos atrás, como poderia voltar a olhar Kojiro nos olhos?!
  Ainda mais agora que sabia que ele tinha um filho. E provavelmente uma esposa.
  Uma batida na janela o fez pular de susto no banco.
  Kaoru ergueu a cabeça, limpando com rapidez as lágrimas que tinham brotado em seus olhos.
  Era o menino ruivo, filho de Kojiro.
  Kaoru baixou o vidro e o garoto sorriu.

  — Então, senhor Sakurayashiki, né?

  — Sim, é… — Kaoru estalou o língua, tentando lembrar o nome do menino.

  — Reki.

  — Isso. Desculpe.

  — Não tem problema — Reki sorriu novamente, coçando a nuca. Ele lembrava muito Kojiro — Será que eu poderia conversar um pouco com o senhor?

  — Claro.

  Kaoru saiu do carro, parando de frente para Reki. Sem saber oque fazer com os braços, os cruzou, apertando contra o peito.
  — Então, é… provavelmente você não quer ficar ouvindo uma criança — Reki puxou a camisa — Mas, o meu pai, ele… é que — as bochechas do menino ficaram levemente vermelhas. Reki parou e respirou fundo, tentando não se enrolar nas palavras — Meu pai sempre foi bem aberto comigo. Por isso ele me apoia tanto. E, bom, ele sempre me contou sobre o garoto de quem era amigo. Ele me contou várias histórias sobre esse garoto de cabelo rosa e longo.

  — Ah — Kaoru levantou as sobrancelhas e arregalou rapidamente os olhos. Tossiu, tentando deixar a voz estável — Continue.

  — Meu pai me contou muita coisa, a maioria não cabe a mim te falar. Mas eu posso afirmar uma coisa: ele sentiu muito sua falta. Acredite em mim — os olhos de Reki estavam fixos no do adulto, não deixavam transparecer nenhuma insegurança, nenhuma mentira — Mas tenho que ir agora — o garoto finalizou com um sorriso.

  — Tudo bem — Kaoru acenou com a cabeça. Ao baixar a cabeça, sentiu um aperto no coração e um nó na garganta — Obrigado, Reki.

  — Não tem de que, senhor Sakurayashiki.

  Reki se afastou, correndo em direção a um garoto de cabelos azuis, para quem deu a mão e foi embora.
  Kaoru entrou no carro novamente e colocou a chave na ignição.
  Ao sair do estacionamento e dirigir para casa, sentiu seu coração um pouco mais leve.

  Oi galera!  Seguinte, não vou ficar aparecendo aqui no final de todo capítulo, tá? Fiquem sossegados

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  Oi galera!
  Seguinte, não vou ficar aparecendo aqui no final de todo capítulo, tá? Fiquem sossegados.
  Só queria passar pra avisar que o capítulos não vão ser super-hiper-mega longos ok? Eu nunca gostei de ficar lendo capítulos enormes, acho que fica bem maçante.
  Não planejo fazer a fic muito longa também. Minha meta é fazer no máximo 15-20 capítulos, todos sendo bem rapidinhos e objetivos.
  É isso!

Eu, Você e os Nossos FilhosWhere stories live. Discover now