Capítulo 22- Mercê dela e da floresta

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Assisti sob o lustroso vidro o sol se apagar e a lua iluminar meu rosto. A onomatopeia do pequeno despertador sob o criado mudo me trazia a consciencia em meio aos pensamentos confusos. A camada, os três lenhadores e a floresta estavam se tornando uma terrível incógnita fixa, constante e irrefutavel. E como toda a fantansia aterrozoriazante domava meus olhos, sentia que a cada respiração, ficava mais difícil me distanciar e simplismente ir embora. Quase como, impossível. Uma chance entre milhares aos quais nunca seria me dada novamente. Mas o fato de estar neste sonho lúcido, não me apavorava tanto quanto deveria. Estava a salva. Por meros instantes que se arrastavam enquanto a lua se posicionava no céu. Enquanto soubesse que havia pessoas no andar de baixo, pelo simples fato do motor de um carro sucumbir do silêncio da floresta e imergir para a casa. Ou como a voz sedutora da mulher se tornara sufocante e estridente, se afogando em sussuros pelos cômodos. Ou talvez, meramente, pelo assoalho avisar-me cada passos de seus saltos e seu intruso.

Cada segundo presa neste corpo tornava o ambiente mais real e minha presença sufocada pela consciência da garota. Havia fome, medo, angústia  e tristeza. Todos objetos da relação que construía com esta mulher. E por mais pouca idade que tivesse, o ódio poderia ser sentido envolto de todos os enumerados. Em contrapartida, amor genuíno e afeto por meus sequestradores. Portanto, a esperança se tornara uma alegria inevitável alimentada pelos sentimentos e lembranças da menina. Mas...Tudo ficou vazio e em silêncio quando uma voz angelical adentrou pelas janelas, ainda a pouco fechadas. Abertas pela corrente de ar gélido da noite. Impossível de ignorar e se ressistir. Involvendo minha alma com suas garras invisíveis.

Meus pés deslizaram sobre os lençóis em direção a porta. Era como a promessa do paraíso, passeando pelo arco-íris cor de rosa para encontrar tesouros escondidos. Apenas quando o sereno molhou meus sapatos e vestido, pude realmente notar que estava adentrando tão profundamnete a floresta que seria impossível voltar. As pegadas mercadas pela sola de meus sapatos, desapareciam diante de meus próprios olhos. Mas a encantadora voz, amigável e gentil prometia felicidade eterna e finais felizes, como em conto de fadas. Diante de meus olhos vi sugir a camada gelatinosa, quase tão espesso como o mercúrio e tão reflexiva como um espelho da água. A emoção envolvia-me em seus braços e relutar nunca foi uma possibilidade. Estava encantada. Meus dedos sepertearam minha própria imagem com a promessa de mais. Seria tão fácil como afundar nas águas profundas de um lago, mas estava mais para se afogar em uma feroz onda no mar. A dor se empreguinou novamente por todos os meus ossos. E senti minimamente como seria se a  própria morte arrancasse a alma de meu corpo.

Um suspiro cortou meu peito. Como se não estivesse respirando por minutos. Desceu rasgando, levando minha consciência consigo. Apenas lamurios e sussuros incoerentes eram ouvidos. Um fungar despecebido e um choro abafado. Uma mão áspera e um beijo molhado em minha testa. A escuridão que agarrava meus olhos se tornará interminável. Poucas coisas eram notáveis. O cheiro amadeirado. E o conforto proporcionando pelo calor de um corpo.

-Me perdoe!Me perdoe....- e a voz de Christopher atingiu meus ouvidos em um rompante-Achei que estaria segura e quase falhei novamente...

Abrir os olhos se tornvara então a tarefa mais difícil de executar, mas quando enfim tornei a reabri-los, turvados em tons claro e ameaçados pela presença de cores primárias, pude notar duas sombras se movendo freneticamente sob uma fogueira. Descrever seus rostos seria impossível, mas sua forma se tornara conhecida por mim. E se significassem os machados que carregavam, poderia jurar que estavam prestes a matar alguém.

E talvez fosse eu...

-Isso não está certo Chris!-a voz de Jhon berrava contra a floresta marcada pela penumbra da noite. O silêncio insurdecer consumia todo o resto, se não pelo crepitar vicioso da lenha contra o fogo-Nós tinhamos um acordo...

-Jhon...-Antônio tentou intervir agarrando seu braços mas foi interrompido por seu jesto brusco e urro contido.

-Não!Isso, isso....quase poderia te-la matado!-exasperou-se-Nós tinhamos um acordo!-gritou para quem quer que quissesse ouvir. Mas não havia ninguém por qualquer lugar a menos de milhares de quilometros.

-Acalme-se Jhon, porra!-zangou-se Christopher ainda agarrado ao meu frágil corpo como se sua vida dependesse disto-Esse não era o acordo, você sabe muito bem...-engasgou-se-Ela nunca prometeu não tentar leva-la novamente...

-Mas que porra...-brandou e logo após barulho de algo se quebrando reverberou por todo ambiente. Tentei focar meus olhos na figura que se chocava contra um árvore com raiva, mas logo fora contida por outra, loira.

-A floresta está silenciosa cara...-Antônio tentou argumentar-Você sabe o que acontece...

-Teremos que caçar...-um arrepio percorreu minha espinha e meus olhos focaram-se rapidamente nos dele. Como uma fera faminta, com as pupilas dilatadas e o rosto contorcido em raiva. O reflexo pálido de meu rosto denunciava-me como sua presa principal e preferida. Um sorriso perverso inundou seus lábios ressecados pela brisa fria da noite e a queda da temperatura fora do normal, sua respiração condenava-se no ar, denunciando a aceleração de seus batimentos. Quase fui capaz de ouvir, mas sentia bater contra meu corpo-Não se preocupe anjo, ela nunca mais vai encostar um dedo em você...-e um reflexo de culpa rapidamente iluminou seu olhar, tornado-o meigo e quase acolhedor, mas tão rápido quanto apareceu, dissipou-se com a escuridão da floresta.

De volta à Cabana (Disponível Por Tempo Determinado)Where stories live. Discover now