Capítulo 43 - Mês 5

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- Patrick, já são quase dez horas. Vamos embora? Eu posso te dar uma carona. 

A voz feminina rouba a minha atenção por curtos segundos, a face sorridente e cansada de Luana me lembra que eu deveria estar tão exausto quanto ela. 

-Vou finalizar aqui. Obrigado.  

Luana não disfarça a preocupação, mas sorri com um aceno.

-Então, vou deixar com você essa barra de chocolate. - Após retirar de sua bolsa uma pequena embalagem azul, a coloca sobre a minha mesa. -Você deveria ir para casa, esse trabalho não vai fugir daí. Segunda feira ele estará esperando por você. Percebe que não é saudável trabalhar até tarde todo dia, certo? 

-Percebo. Mas eu estou bem. Boa noite, a gente se vê! - Com um último sorriso destinado a ela, volto a me concentrar no que tinha que fazer. 

Ela tinha razão. Eu havia criado um padrão. Chego às sete e trabalho até meia noite. De segunda a sexta. Passando-se quase cinco meses dá para entender que eu virei o chamado 'viciado no trabalho' entre os meus colegas. Porém, tudo o que eu conseguia pensar era que conforme vou pegando mais serviço, mais vou aumentando o meu bônus e, consequentemente, as minhas chances de conseguir um bom emprego, ou tão bom quanto esse, quando eu fosse dispensado do contrato. E, acima de tudo isso, vinha o fato de que quanto melhor e mais rápido eu fizesse os meus trabalhos, eu poderia voltar para Lucca. E, ao mesmo tempo, não pensar nele enquanto estou aqui. 

Eu vivia para os finais de semana. Ultimamente Lucca preferia vir me visitar. Ele realmente gostava de ficar na casa da Naki, ele e Tony pareciam felizes em vir me visitar apenas para experimentar as comidas estranhas dela. Eram nos finais de semana que eu finalmente podia relaxar, ver o meu namorado, ficar com ele. Embora nos falássemos todo dia, não era a mesma coisa e por mais que Lucca fingisse não ter problemas, eu sei que isso estava começando a mina-lo aos poucos. 

Então, focar no serviço me deixava mais tranquilo. E eu tinha um teto de trabalhos para alcançar, se eu fizesse isso antes do prazo acabar, eles me liberariam mais cedo e com todos os meus benefícios. 

Assim que o relógio marca meia noite eu decido ir embora. A empresa ficava aberta 24h por dia, visto que habitava uma ala de telefonia no andar de cima. 

Sentia meu pulso doer devido ao esforço de desenhar o dia todo, faço uma rápida anotação mental para tomar um remédio quando chegar em casa. Era estranho pensar em casa, pois eu havia me acostumado com a de Tony, agora eu morava com Naki, eu a conheci anos atrás, fizemos faculdade juntos, mas ela desistiu de desing e foi para culinária especializada japonesa. Apesar dos pratos que ela cria terem aparências, por vezes, duvidosas, ela cozinhava fenomenalmente bem. E graças a ela que eu me alimento saudavelmente e não desfaleci, além de ter um teto. Naki sempre faz uma marmita para mim, não sei como ela ainda se lembra que eu esqueço de comer quando estava focado no serviço. Era um hábito da faculdade que levei para vida profissional. 

Seja como for, viver com Naki era confortável. Eu ficava fora de casa grande parte do tempo. Saíamos muito pouco, mas sempre conseguíamos estabelecer uma rotina na qual eu consiga vê-la e nos atualizarmos. 

No momento em que chego no prédio, começo a sentir o cansaço domar todo o meu corpo. A animosidade que me sustentava se esvaindo de uma única vez. Lucca provavelmente chegaria de madrugada, recentemente ele havia decidido chegar no sábado. Então, eu deveria ter ao menos três horas de sono antes dele chegar. 

Ao prostrar-me na porta do apartamento consigo ouvir as risadas inconfundíveis de Tony. A energia que antes me deixou volta ligeiramente, pois em um piscar de olhos abro a porta. 

Beije-me da forma como quer ser amado (EM BREVE NA AMAZON)Όπου ζουν οι ιστορίες. Ανακάλυψε τώρα