Takeda

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15.09.2000

-Toc... Toc... Toc...

A porta era muito dura e como me doía a mão! Era a última casa do dia e, como sempre, não encontrei nenhum problema nas anteriores.

-Toc. Toc. Toc. - Ouvi um burburinho dentro da casa - Hello? Tem alguém em casa?

Já tinham se passado dez minutos e começara a chuviscar. Olhei para o céu e vi que as nuvens se amontoavam.

-Toc Toc Toc - Bati apressado fazendo o som soar mais alto - Aqui é a polícia, abra a porta ou irei arrombar! - Falei como se eu conseguisse arrombar aquela porta, ou qualquer outra.

Um momento depois ouvi a tranca girando, aliviei-me porque a chuva começara a ficar forte. Uma senhora de meia idade colocou o rosto para fora, quando viu a farda seu rosto passou de surpresa para indignação e por fim para raiva.

- Vocês da polícia não registram as visitas? What the hell! É a quarta vez essa semana - Ela estava furiosa - Vamos entre. Procure o que quiser. Vamos! Eu duvido que encotre qualquer coisa.

- Tudo bem olhar no quarto?

A mulher estava vestida numa camisola xadrez e usava uma touca. Ridículo. Eu a odiava só por isso. Não me surpreendo, com o estresse que eu estava, a odiaria mesmo se fosse uma Playboy nua.

- A chuva está forte hoje, não?

Falei calmamente tentando puxar conversa enquanto revirava os armários e gavetas.

- Como todo dia nessa maldita cidade - Retrucou a mulher

As luzes apagaram por um momento e um relâmpago iluminou a casa. Pensei ter visto algo no quintal, então fui ver.

O quintal era como o inferno, as paredes pintadas de vermelho ajudavam a ter a impressão. Tralha ocupava a maior parte do chão, uma geladeira velha com a porta amassada, ferragens de lambreta e vários pneus velhos amontoados.

- Minha senhora, o que é tudo isso?

Perguntei com a sobrancelha arqueada, estava realmente impressionado, não porque podiam ser equipamentos roubados mas porque era realmente muita tralha.

- São coisas, de que importa? Tenho todos os papéis que quiser.

Folheei avidamente a papelada, queria ferrar de algum jeito aquela mulher. Mas me dei por derrotado, estava tudo correto.

Fingi procurar por mais algo só para tomar o tempo da senhora.

- Bom, acho que é só isso - O barulho da enxurrada não soava acolhedor do lado de fora - Vou dar o relatório na delegacia, talvez não receba mais visitas - Dei ênfase ao talvez.

Mas minha saída foi interrompida por um baque. Olhei para trás. O corpo da mulher colidiu com o piso de cerâmica. Pude ouvir o rachar do crânio e os braços torcendo por causa do impacto.

O sangue vermelho escorria das costas, justo onde o punhal estava fincado. Era um bonito punhal de cabo cor violeta.

- Ah não note meu trabalho, não tenho nada a ver com você - Falou a amigável figura que se encontrava logo depois da defunta.

Eu estava aliviado e surpreso ao mesmo tempo, parecia estupendo aquela mulher ter morrido ali, na minha frente.

- Thank you.

Agradeci por motivo nenhum, senti que realmente a mulher era sua única vítima ali, mas pareceu certo.

Sai na chuva extasiado, nem sentia os pingos. Quando entrei na delegacia estava de sorriso no rosto.

- Como foi a patrulha Takeda?

- Nada de errado hoje Mary.

- Tudo bem... Mas porque esse sorriso, posso saber? - Mary era muito bonita e inteligente, se não fosse casada eu tentaria algo com ela - Não me diga que pegou um assassino! Ha ha - Mary também tinha senso de humor.

- Não, mas por pouco! - Rebati com uma risada e nós dois nos despedimos gargalhando.

Minha casa não ficava longe. Tive uma impressão que dormiria bem à noite. E dormi.

As voltas do globoWhere stories live. Discover now