Eu a ouço suspirar, logo antes de ouvir os passos saindo do quarto e me deixando só, a porta aberta permite ouvir as conversas no andar de baixo.

— Então vamos indo... — é Sarah, passos e mais passos antes que a porta da frente de casa se bata, todos eles saíram juntos, minhas irmãs e os pogues saindo junto como verdadeiros amigos restando apenas eu nesta casa fria.

O silêncio em toda a mansão e o mesmo silêncio que eu não ouvia em dez anos, o lugar frio, nada agradável, meu coração vazio sendo preenchido apenas por um dor tão forte que me faz desabar no chão, o mesmo silêncio que ouvi no dia em que minha mãe morreu, não há nada, nem ninguém, nem mesmo Grace...

Eu caio, fico caído no chão e me deixo chorar feito um grande bebezão, uma confusão entre tristeza e raiva porque Grace o escolheu, ela escolheu ele, ela preferiu ficar ao lado do garoto que nem se quer conhece direito do que ficar comigo, com o irmão gêmeo que sempre a protegeu e o único que fez questão de a tirar do inferno que foi presa. Não fiz querendo algo em troca, Grace é minha irmã gêmea e nos falando ou não, eu sempre irei a salvar, sem pensar duas vezes ficaria do seu lado, mas dói. Tudo queimada, arde e se destrói em meu peito porque minha irmã não é mais minha irmã, não é mais meu único ponto de paz muito menos minha amiga, ele é um pogue e mesmo assim ela o escolheu.

Eu fico no chão, respirando fundo e tentando não lembrar da morte de minha mãe, tentando ignorar a falta de Grace, tentando não remoer a mediocridade do meu pai e a distância de minhas irmãs. Sozinho. O choro passa, eu me levanto, lavo meu rosto, firmo minha expressão mentindo para mim mesmo que não deixei a dor me tomar e não acabei de desabar, desço as escadas, todos foram jogar boliche e comer pizza então mais uma vez nessa semana irei jantar sozinho.

Entro na cozinha, reviro os armários procurando algo para comer porém paro, notando em cima da bancada a carteira de Grace, segundos antes de ouvir a porta da frente se abrindo.

— Já volto! — é a voz de minha gêmea, deixando o barulho dos saltos ecoarem por toda a casa antes que ela invada a cozinha.

Ela para de correr e parece travar diante a porta, me encarando no mesmo tempo que o ar da cozinha pesa, silêncio tão grande que nos permite ouvir o barulho de nossa garganta engolindo seco o desconforto de estarmos sozinhos no mesmo ambiente, a mesma dor voltando para meu peito.

— Err.. — Grace da pequenos passos, pegando a carteira sobre a bancada e a levantando — Esqueci a carteira.

Ela não força um sorriso, apenas ficamos numa estranha troca de olhares antes de Grace dar meia volta em direção a porta da cozinha.

— Até quando vai continuar com isso...? — eu sigo firme, silêncio, apenas o lento movimento de Grace se virando e me encarando firmemente

— Até você aceitar ele... — sua expressão não treme, eu me sinto um mostro ao ver minha própria irmã gêmea levantando a guarda de tal forma contra mim

— Grace você está agindo feito uma criança. Uma pirralha mimada. É a minha casa. Você não pode me exilar desta forma e querer que eu conviva com esse cara. Você é tá sendo tão infantil, escolhendo ele dessa forma. EU SOU SEU IRMÃO! — eu me descontrolo e sei que Grace já notou tudo que eu tentei esconder nos últimos dias

— Rafe não adianta gritar comigo... — Grace sempre finge ser uma pacifista mesmo que na primeira oportunidade ela já esteja socando a cara de quem a confrontou — Eu estou com ele, ele irá sim continuar vivendo aqui e não me importo com sua opinião pois é isso que me faz bem. Jamais pedi para você ser amigo de jj mas você o deve o mínimo respeito, siga seu próprio conselho rafe, seja meu irmão, estou feliz, fique feliz por mim e aceite o garoto que eu estou.

CAMERON'S - (JJ Maybank )Hikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin