— Meros reprodutores? Acha mesmo que as pessoas que estão casadas hoje não sabem tirar proveito da conveniência? — questiona e posso sentir o calor de seu hálito no meu pescoço. — Acredita que em algum momento não se entregam aos impulsos sexuais? Que não sentem prazer durante a relação?

Me incomodo com o tom mascarado de sua voz, algo grave e que vibra perto da minha orelha, isso faz com que sinta um arrepio no corpo, algo que nunca senti na vida, não gosto disso e ao mesmo tempo... gosto.

— Não seja ingênua minha senhora. — as duas últimas palavras são ditas num tom mais baixo, como um sussurro.

Outro arrepio.

— Me senhor, para um homem certamente é algo que pode ser muito prazeroso, mas já ouvi relatos das minhas cunhadas sobre as primeiras vezes, dizem que a primeira vez de uma mulher é algo horrível, que isso a machuca e que dói muito. — confesso e posso sentir que minha respiração vai ficando mais forte.

— Minha senhora tem medo de que eu a machuque? — indaga ele agora com voz reflexiva.

Me inclino para trás e me viro ficando de frente para ele, os olhos me analisam por momentos extensos, a mão dele repousa nas minhas costas, nossas faces estão muito próximas, nossas respirações, sinto meu coração mais acelerado.

— Sabia que na antiga terra, um povo chamado Wodaabe possuía uma cultura bem interessante e peculiar, meu senhor?

— Não, minha senhora, fale.

Gosto quando ele me ouve, gosto que seja tolerante, que não seja um bruto sem paciência.

— Tinham o primeiro casamento arranjado ainda na infância por seus pais, então se casavam, mas em suas vidas adultas, os homens daquela tribo que não se casavam celebravam um ritual chamado "Gerewol", um ritual de namoro, eles se pintavam para impressionar as mulheres e dançavam para elas em busca de esposas, as mulheres ainda que estivessem casadas poderiam iniciar um novo matrimônio com esses homens e trocar de marido.

— Muito interessante, minha senhora.

— Esse segundo casamento era chamado de Casamento por Amor, meu senhor.

— Parece justo, minha senhora — Virgo pisca para mim calmo e sorri.

Os sorrisos dele começam a me constranger.

— No antigo continente asiático, sul asiático também tinha algumas comunidades em que cultivavam a poliandria afetiva, quando irmãos compartilhavam da mesma esposa com o intuito de não dividir as terras herdadas pela família, quando um filho fruto dessas relações nascia, as mulheres decidiam quem era o pai, acha justo, meu senhor?

— Muito justo, minha senhora — provoca de forma terna.

Isso me faz sorrir.

— Não considero pior do que as práticas dos antigos Egípcios onde Faraós ejaculavam as margens do Rio Nilo publicamente e logo em seguida todos os homens presentes faziam o mesmo, — confesso — meu senhor.

— Quais motivos, minha senhora?

— Eles acreditavam em um deus chamado Atum que com a ejaculação controlava o fluxo e corrente do rio, este era chamado deus da criação — suspiro — Cabanas do sexo em um lugar chamado Camboja onde mulheres podiam ter relações com quem quisessem até escolher seus esposos.

— Acumulando o maior número de homens possível até escolherem um marido, eu sei, é tão retrogrado a monogamia, minha senhora.

Pelo tom de ironia e humor na voz dele, fico ainda mais constrangida.

EvergreenWhere stories live. Discover now